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Quinta da Touriga-Chã, a plenitude do Douro Superior…

Texto José Silva

Jorge Rosas herdou não só esta belíssima quinta, mas também todo um património genético e a história duma família ligada ao Douro e à produção de vinhos de qualidade.

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A Quinta – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

O seu bisavô, Adriano Ramos Pinto, foi o fundador da casa Ramos Pinto em 1880, o seu pai, José António Rosas, foi um visionário no Douro Superior, tendo ficado célebre por comprar os terrenos onde se ergue a quinta da Erva Moira. Mais tarde, em 1990, José António Rosas comprou a Quinta da Touriga, no lugar de Chã, em Foz Côa, também para produzir vinhos. E uma vez mais, como na Erva Moira, ali não havia nada a não ser pedras, xisto.

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Xisto – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Mas a visão daquele homem e a sua sabedoria e conhecimento profundo dos terrenos, das vinhas e do clima desta região, veio, mais uma vez, dar-lhe razão. Nasceram então os vinhos tintos da Quinta da Touriga-Chã, e têm evoluído de tal forma, que estão entre os melhores vinhos tintos do Douro. Agora já pela mão de Jorge Rosas, que se mantém como administrador da casa Ramos Pinto, mas que dedica uma pequena parte do seu tempo e muita paixão, a levar por diante o trabalho iniciado por seu pai.

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A Casa – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

A quinta tem uma casa muito interessante, cuja intervenção foi pouco invasiva, deixando que aquela paisagem extraordinária fale por si.

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A Piscina – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Construções Rústicas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Mesmo a piscina parece que faz já parte da paisagem, a par de algumas construções rústicas que ali se mantêm intactas.

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Algum Arvoredo – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

À volta, além de algum arvoredo, é a vinha que envolve tudo, naquele serpenteado tão característico dos vinhedos de planalto.

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A Vinha envolve tudo – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Serpenteado Característico dos Vinhedos de Planalto – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Se no início fazia o vinho em adega alheia, mas muito distante da Touriga-Chã, em 2000 Jorge Rosas resolveu avançar com a construção de adega própria, hoje uma realidade e uma aposta ganha.

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A Adega – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Fazendo uso de Materiais Tradicionais – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Projectada pelo mesmo arquitecto que tinha feito a casa, é uma adega que utiliza materiais tradicionais, como o xisto, mas que é acima de tudo muito funcional, versátil, como deve ser uma adega. Os mostos e, mais tarde, os vinhos, agradecem. Os vinhos desta quinta têm vindo a evoluir constantemente, dentro do perfil desejado pelo produtor, de tal forma que são reconhecidos e premiados um pouco por todo o lado onde estão presentes. Isto apesar da sua pequena produção, de pouco mais de 6.500 garrafas, divididas por dois níveis de vinho: o Puro e o Quinta da Touriga-Chã, este o mais cotado. E Jorge Rosas afirma categoricamente que quer continuar a fazer vinhos que sejam muito bons quando são lançados, mas que daqui a 5, 10 ou 15 anos sejam excelentes, devido à sua enorme capacidade de envelhecimento.

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Prova Vertical – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Parece que o tempo lhe tem dado razão, o que pudemos confirmar numa simpática prova vertical de algumas das colheitas ainda disponíveis na sua adega.

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Quinta da Touriga-Chã tinto 2010 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

O Quinta da Touriga Chã 2010 apresentou-se duma cor granada escura, muito carregado, com laivos violeta, muito intenso. Nariz ainda fechado, austero mas ao mesmo tempo com aquela elegância característica deste vinho. Frutado, fresco, aromas complexos de chocolate preto, de madeira, fumo e especiarias, vai abrindo, precisa de tempo no copo. Na boca é impressionante a força deste vinho, com os taninos ainda bem evidentes mas a evoluir,  cheio de frutos pretos, amoras, ameixas, mirtilos e algumas flores do monte. Leves notas de fumo, muito fresco e com acidez poderosa a ligar todo o conjunto e a proporcionar um final imenso. Está ali para durar e durar.

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Quinta da Touriga-Chã tinto 2011 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Seguiu-se o Quinta da Touriga Chã 2011, um ano excepcional, tem uma cor granada carregada, muito escuro, brilhante. Revela aromas variados de frutos pretos, cheio de frescura, algum fumo e notas de tabaco. Na boca é poderoso, cheio, intenso, com acidez e frescura a casarem lindamente, notas de chocolate preto, amoras, figos, ameixas, apesar disso um vinho que revela a sua enorme elegância, muito sedutor.

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Quinta da Touriga-Chã tinto2012 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

O ano de 2012 apresenta também grandes vinhos tintos nesta região. O Quinta da Touriga Chã 2012 apresentou a mesma cor granada muito carregada, brilhante. No nariz uma explosão de aromas complexos de flores do campo e frutos silvestres, notas de humus, cheio de elegância, sedoso. Na boca revela toda a sua dimensão, muito intenso, aveludado e ao mesmo tempo poderoso, os frutos pretos bem maduros, notas de chocolate preto e ligeiramente especiado, revelando a sua grande elegância num final muito longo.

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Quinta da Touriga-Chã tinto 2013 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Finalmente veio o Quinta da Touriga Chã 2013 (ainda sem rótulo), o mais jovem da família, e que revelou acima de tudo isso mesmo, a sua juventude. Dum granada muito escuro, opaco, brilhante. Nariz poderoso, cheio de frutos pretos e flores selvagens, muito fresco, até ligeiramente apimentado. Na boca novamente a fruta muito intensa, frescura e muito boa acidez, um vinho saboroso e que promete. Precisa ainda de garrafa e vai certamente dar-nos muitas alegrias.

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Aquela beleza toda no horizonte – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Depois, aproveitando um calor sufocante, mergulhamos tranquilamente na piscina, com aquela beleza toda no horizonte…

Contactos
Quinta da Touriga
Apartado 17
Vila Nova de Foz Côa , 5151-909 Guarda
Tel: (+351) 279 764 196

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Álvaro Costa e NH Hotel Batalha

Texto José Silva

Álvaro Costa nasceu em Pousada de Saramagos, Famalicão, em 1978. Ali estudou e depois ingressou no ensino profissional em Vila Verde. Adorava ir colher legumes à horta e mexer no peixe e na carne, e as avós, a mãe e as tias deram-lhe o conhecimento da tradição. Em Vila Verde formou-se em cozinha e pastelaria. Ingressou no Hotel Meridien no Porto onde esteve cerca de um ano. Saltou então para um hotel na ilha da Córsega, também durante um ano. E na mesma ilha, durante meio ano, passou pelo hotel Cala Rossa, que detinha duas estrelas Michelin. O outro meio ano estagiou no hotel Bulgari, em Milão, e em Paris no também detentor de duas estrelas Michelin, Le Grand Cascade. Foi então abrir o hotel Sheraton no Porto, com o Chefe Jerónimo Ferreira. Depois foi a vez do Café Bogani e da República da Cerveja, em Gaia, já como chefe executivo. Em 2006 assume o hotel Carlton Pestana na Ribeira, no Porto, até 2012. Foi também responsável do desenvolvimento gastronómico das pousadas do Norte. Foi então chefiar o Pestana de Porto Santo, vindo depois abrir o Pestana do Freixo, no Porto. Ainda deu aulas na Portucalense e seguiu para Braga, para chefiar os hotéis Bom Jesus.

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Álvaro Costa – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Mas não resistiu ao convite para liderar a gastronomia do novo hotel NH Hotel Batalha Collection, onde desenvolve uma culinária moderna e interventiva.

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NH Batalha Collection – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

É um hotel moderno, muito bem decorado, cheio de luz, num local emblemático da cidade do Porto, pegado ao velho cinema Batalha.

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Hotel moderno, muito bem decorado – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Decoração em tons claros com algum granito à mostra, que também identifica a cidade.

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Decoração em tons claros – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Na entrada à direita está o restaurante, à esquerda o bar, onde também se pode comer num ambiente despretensioso mas acolhedor, seja um salmão marinado na casa, umas ostras atrevidas, um tagliatelle negro com gambas ou um risotto de lima muito fresco.

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Salmão marinado na casa – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Tagliatelle negro com gambas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Risotto de lima – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

E é no bar que acontecem umas interessantíssimas happy hours com uma proposta irrecusável: ostras com gin.

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Ostras com gin – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Serviço impecável e a mestria do chefe a propor petiscos variados e pratos mais consistentes, com uma forte base nas nossas tradições. Um espaço que a cidade do Porto já merecia. Em recente visita, pudemos apreciar uma óptima refeição, com algumas das propostas que constam da ementa do restaurante, muito bem apresentadas, numa sequência em que passaram alguns pratos tradicionais, mas com a interpretação do chefe e apresentados de forma inventiva e muito agradável.

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Ostra marinada – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

A começar pela ostra marinada, ainda a saber a mar.

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Presunto bolota com caviar de melão – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Seguiu-se o presunto bolota com caviar de melão, em que as minúsculas esferas esverdeadas libertavam um fresco paladar de melão. As técnicas modernas ao serviço da tradição.

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Sardinha curada com couli de morango – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

A tradicional e popular sardinha apareceu numa versão curada com couli de morango, cheia de frescura.

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Creme de shitaki – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Para simbolizar uma sopa veio então o creme de shitaki servida num desconcertante tubo de ensaio, bem quente, uma óptima sopa de cogumelos!!

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Pouca Roupa branco 2014 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Entretanto já estávamos a beber um branco Pouca Roupa 2014 alentejano bem interessante.

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Caril de gambas com maçã – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Meu bacalhau à Gomes de Sá – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

O saborosíssimo caril de gambas com maçã foi seguido pelo “meu bacalhau à Gomes de Sá”, uma versão muito bem conseguida deste prato tradicional dum homem nascido na Ribeira do Porto, Gomes de Sá. Os paladares estavam todos lá.

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Frango assado no forno com legumes e batata – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Finalizamos com uma curiosa versão de frango assado no forno com legumes e batata, divertida e saborosa. Já tínhamos então passado para o vinho Curvos Alvarinho, moderno e consistente, com óptima acidez, muito gastronómico.

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Tarte de maçã com queijo de S. Jorge e gelado de nata – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Verrine de frutos vermelhos – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Nas sobremesas estiveram dois momentos muito bons: primeiro uma tarte de maçã com queijo de S. Jorge e gelado de nata, muito bem ligada, cremosa, uma delícia, depois uma verrine de frutos vermelhos cheia de elegância.

Um grande final!

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O eléctrico 22 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Lá fora já passava o eléctrico 22, que nos faz lembrar outros tempos…

Contactos
NH Collection Porto Batalha
Praca da Batalha, 60-65. 4000-101, Porto, Portugal
Tel: (+351) 227 660 600
Booking: (+351) 210 020 848
E-mail: nhcollectionportobatalha@nh-hotels.com
Website: www.nh-collection.com

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Hotel M’ar de Ar Aqueduto – Degust’Ar Restaurant

Texto José Silva

O chefe António Nobre nasceu em 1969 em Beja, onde estudou, filho duma mulher que cozinhava muito bem e com quem foi descobrindo os aromas e paladares da cozinha alentejana. Foi no entanto na marinha que descobriu que gostava de cozinhar, e ali tirou o curso de cozinheiro, tendo trabalhado na messe dos oficiais na linha de Cascais. Quando regressou a Beja, começou a trabalhar no restaurante “Muralha”, onde esteve quatro anos. Depois concorreu para a pousada, foi admitido e ali esteve mais quatro anos. Seguiu-se o hotel “Melius” e mais quatro anos de trabalho. Desde que o director do hotel da “Cartuxa” o foi buscar, há quinze anos, que está no grupo, que entretanto transformou o hotel e abriu os dois hotéis M´ar de Ar: Aqueduto e Muralhas, onde é o responsável por toda a restauração.

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Chef António Nobre

Embora faça várias deslocações pelo país e pelo estrangeiro, pois acha que é muito importante estar a par do que se passa noutros países e quais as novas tendências, é no Alentejo que se sente em casa. Promove a cozinha regional porque acha que devemos manter viva a chama da tradição. O seu lema é “inovar a tradição, respeitando os aromas e sabores da gastronomia portuguesa, porque fazem parte da nossa cultura”. Mas gosta de apresentar a sua cozinha tradicional alentejana com requinte, com novas roupagens, por vezes de aspecto mais agradável e por isso apetecível.

Por isso foi uma visita cheia de expectativa que fizemos recentemente ao restaurante “Degust´ar”, do hotel Mar de Ar Aqueduto, para um jantar tranquilo, num ambiente muito confortável.

O restaurante é muito bem decorado, numa simplicidade requintada onde nos sentimos muito bem. Logo à entrada está um balcão onde um “sushiman” prepara uma panóplia de peças deste tipo de culinária que se instalou definitivamente entre nós. De seguida a sala, de boas dimensões, com alguns recantos castiços, mesas muito bem postas, com bons adereços. O serviço é impecável, muito competente e simpático. Também simpático foi o chefe António Nobre quando veio à mesa perguntar se estávamos com tempo. Claro que estávamos e então ele mandou avançar com uma refeição muito completa, que estava já a preparar. E assim começamos com um couvert de que faziam parte azeitonas marinadas com orégãos, laranja e limão, azeite, manteiga de farinheira e pão.

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Bread – Photo by José Silva | All Rights Reserved

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Botifarra de Azurara – Photo by José Silva | All Rights Reserved

Molha aqui, pica acolá, até que vieram as pequenas degustações: uma curiosa botifarra de Azaruja com doce de tomate caseiro; uns deliciosos figos com presunto de porco alentejano, chicória e vinagrete de mel da Serra de Portel; e uns alentejanos torresmos de rissol estaladiços com salada de espargos verdes, cerejas e uvas passas da Amareleja.

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Figs with Alentejo pork ham © Blend All About Wine, Lda

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Crunchy Alentejo risolle © Blend All About Wine, Lda

E passamos aos caldos, absolutamente obrigatórios no Alentejo: sopa de grão de bico com bóia, que é aquela gordura da barriga do porco saborosíssima e uma óptima sopa de beldroegas com queijo fresco e ovo de codorniz escalfado.

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Chickpea soup – Photo by José Silva | All Rights Reserved

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Purslane soup © Blend All About Wine, Lda

Já estávamos reconfortados e ainda faltavam os pratos principais. Que, embora respeitando a tranquilidade, chegaram sem grande demora, para manter o ritmo da refeição.

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Conger eel soup © Blend All About Wine, Lda

Como prato de peixe a sopa de safio à moda do Alentejo com hortelã da ribeira, plena de aromas, muito saborosa.

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Pennyroyal sorbet – Photo by José Silva | All Rights Reserved

Enquanto esperávamos pela carne, o sorbet de poejo limpou-nos o palato como deve ser.

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Mertolenga beef neck © Blend All About Wine, Lda

Veio então um cachaço de vaca Mertolenga guisado lentamente com vagens de feijão branco e migas à serrador, que nos colocou os sabores da planície alentejana no prato. Excelente!

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Trilogy of “conventual” sweets © Blend All About Wine, Lda

O branco Alvarinho da Quinta de Curvos de 2014, muito fresco, com óptima acidez e fruta equilibrada acompanhou bem as entradas; o interessantíssimo palhete Gravato da Beira Interior de 2005, cheio de elegância, intenso, requintado, a fazer boa companhia aos caldos e ao peixe, taco a taco.

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The Wines © Blend All About Wine, Lda

E um “velho” Garrafeira Tinto 1988 de Palmela da velha J.P.Vinhos. Embora já sem força, ainda esteve à altura da carne Mertolenga e foi evoluindo no copo, lentamente mas apetecível. Soube mesmo bem.

O chefe António Nobre voltou à mesa, a saber como tinha corrido e mereceu uma salva de palmas, sincera.

Foi um M’ar de Ar que lhe deu…

Contactos
M’AR De AR AQUEDUTO
Rua Cândido dos Reis, 72
7000-782 Évora
Tel: (+351) 266 740 700
Fax: (+351) 266 740 735
E-mail: geral@mardearhotels.com
Website: www.mardearhotels.com

Herdade do Perdigão

Texto José Silva

A Herdade do Perdigão tem 70 hectares de terreno onde estão plantados 40 hectares de vinha, das castas Antão Vaz, Verdelho e Arinto, nas brancas e Trincadeira, Aragonês, Touriga Nacional e Alicante Bouschet, nas tintas.

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As Castas © Blend All About Wine, Lda

Mas a vinha mais velha, com cerca de 30 anos de idade, tem várias castas misturadas. Destas uvas são produzidas 800.000 garrafas por ano, 85% das quais de vinho tinto. Mas já produzem 10.000 garrafas de espumante.

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Vinhas © Blend All About Wine, Lda

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Vinhas © Blend All About Wine, Lda

É um projecto familiar, que tem vindo a crescer, e onde foram feitos alguns investimentos importantes em tecnologia, sobretudo em cubas de inox, rede de frio e prensas modernas, no sentido de melhorar o produto final.

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Cubas Inox © Blend All About Wine, Lda

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Cubas Inox © Blend All About Wine, Lda

O que tem acontecido, com alguns vinhos já premiados em vários concursos, mesmo internacionais.

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A adega © Blend All About Wine, Lda

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Confortável sala de provas © Blend All About Wine, Lda

As vinhas estendem-se à volta das instalações onde se encontra a adega e uma confortável sala de provas que funciona também como loja de venda, para os muitos apreciadores que cada vez mais visitam os produtores, provam os vinhos e compram os que mais gostaram. É o enoturismo a funcionar bem e a evoluir.

Sentados nesta sala, provamos nove vinhos, que nos deram uma boa ideia do perfil do que ali se produz. Começamos pelo Terras de Monforte Branco 2014. Algo exótico no nariz, revelando logo uma boa acidez. Notas tropicais sem exagero, muito fresco. Bela acidez, muito mineral, seco, ligeiras notas salinas, fruta branca, muito elegante. Seguiu-se o Herdade do Perdigão Reserva Branco 2011, feito só com Antão Vaz. Fermentado em barricas , apresenta alguma austeridade no nariz, mas muito elegante, suave, com ligeiro toque cítrico. Notas de madeira bem casada, alguma baunilha, acidez bem presente, belo volume e alguma complexidade na boca.

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Herdade do Perdigão Reserva branco 2014 | 2011 | 2010 © Blend All About Wine, Lda

Veio então o Herdade do Perdigão Reserva Branco 2010, também só de Antão Vaz. Um vinho que revela logo na cor alguma evolução, que é evidente no nariz, com a madeira elegantemente presente. Na boca já não tem tanta frescura, mas mantém-se elegante e seguro, persistente e com imenso final, a provar que os vinhos brancos também envelhecem bem. Seguiu-se o Herdade do Perdigão Reserva Tinto 2012, produzido com uvas de vinhas velhas. Retinto na cor, quase opaco, brilhante. No nariz é intenso, cheio de fruta preta e algumas notas de baunilha, com madeira bem evidente. Bom volume de boca e uma acidez fantástica, intensa, a casar bem com a madeira. Muitas notas de frutos pretos, de chocolate, um vinho persistente dum ano muito bom, que ainda vai melhorar na garrafa. Recuando uns anos, provamos o Herdade do Perdigão Tinto Reserva 2005, já com laivos acastanhados, brilhante. Apresentou-se algo evoluído no nariz, com notas vegetais muito elegantes, madeira bem casada, ainda com alguma fruta, chocolate e algum fumo. Bela acidez, intenso, a madeira bem evidente mas taninos muito redondos. Um vinho austero, muito interessante.

O Herdade do Perdigão Tinto Reserva 2004 apresentou-se ligeiramente mais claro, também com laivos acastanhados a caracterizar a evolução, com a idade. No nariz nota-se a evolução mas também a elegância, austero mas ainda vivo. Na boca tem ainda alguma fruta muito madura, intenso, com uma acidez fantástica a dar-lhe equilíbrio, notas suaves de fumo, chocolate preto, final muito longo.

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Herdade do Perdigão Reserva tinto 2012 | 2005 | 2004 | 1999 & Herdade do Perdigão tinto 20 anos © Blend All About Wine, Lda

E recuamos ainda no tempo para provar o Herdade do Perdigão Tinto Reserva de 1999. Cor impressionante, muito escuro, acastanhado, muito elegante. Grande intensidade aromática, notas de torrefacção, fumado, exótico, vai abrindo no copo. Muito robusto, mesmo austero, apresenta notas de fumo com uma acidez incrível para um vinho desta idade. Ainda ligeiras fragrâncias de fruta, notas vegetais muito suaves, algum fumo, a precisar e abrir no copo, uma boa surpresa.

Veio então um vinho muito especial, o Herdade do Perdigão Tinto 20 Anos, da colheita de 2008, um vinho de celebração, uma edição especial limitada. Preparado a partir de uvas de vinhas velhas e de Alicante Bouschet, apresenta-se muito escuro, opaco. No nariz é elegância, mais elegância, intenso mas sedoso, algo fumado com ligeiras notas vegetais. Continua a persistência elegante na boca, com uma acidez soberba, intensa, ligeiras notas apimentadas, alguma fruta madura, toque sedoso de pimentos verdes, ainda fresco, com taninos maduros, madeira muito bem integrada para um delicioso final, muito longo. Grande vinho!

Terminamos a prova com o Espumante Herdade do Perdigão 2012, preparado a partir de uvas das castas Arinto e Antão Vaz. Apresenta uma cor amarela citrina, cristalino, com bolha muito fina persistente e cordão intenso. Suave no nariz, seco, tostado, com notas de palha. Muito fresco na boca, acidez intensa, seco, cremoso, notas de panificação, pão torrado, alguns frutos secos, complexo, a pedir comida, com final persistente. Um belo espumante alentejano.

Com as vinhas como pano de fundo, partimos pelo Alentejo fora.

Contactos
Apartado 29
7450 – 999 Monforte
Tel: (+351) 245 578 135
Fax: (+351) 245 578 136
Telemóvel: (+351) 932 312 250
Website: herdadeperdigao.pt

Taberna Típica Quarta-Feira

Texto José Silva

Num dos muitos rendilhados de ruelas estreitas de Évora, encontramos a rua do Inverno.

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Rua do Inverno – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Mas a casa de bem comer de que vamos à procura irradia calor humano durante todo o ano: é a Taberna Típica Quarta-Feira.

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Taberna Típica Quarta-Feira – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Espaço pequeno, rústico, castiço, uma sala airosa, bem arrumada, e um simpático balcão com um arco de tijolo ocre, por detrás do qual está a cozinha.

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Taberna Típica Quarta-Feira – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Mesas bem postas e garrafas de vinhos alentejanos um pouco por todo o lado. Pelo ar já pairam aromas de tempêros alentejanos, fáceis de identificar.

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José Dias – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

A Taberna Típica Quarta-Feira é dirigida pelo José Dias, Zé Dias para os amigos, um beirão nascido no Sabugal em 1948. Em 1964 foi para Évora para uma tipografia e por ali se radicou. Até que, há 25 anos atrás, abriu o restaurante, depois de ter tido café e cafetaria.

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D. Luísa – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Na cozinha está a D. Luísa, natural de Monte do Trigo, em Portel, que veio para Évora há 24 anos. Conheceram-se através duma irmã dela e, como cozinhava muito bem, o Zé Dias já não a deixou fugir do restaurante onde comanda a cozinha desde então. Ali pratica-se cozinha tradicional alentejana. O borrego assado no forno e o esparregado são uma referência. A jovialidade e simpatia do Zé Dias fazem o resto.

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Os vinhos – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Já dentro do restaurante, apreciamos muitos dos vinhos ali expostos, alguns já desaparecidos do mercado há muito, mas que o Zé Dias vai guardando e gerindo, para que possam ser apreciados pela vasta clientela da casa, que vem um pouco de todo o país, com muitos estrangeiros à mistura, que a fama foi-se espalhando. O Zé Dias recebe-nos, senta-nos à mesa, orienta-nos naquilo que havemos de comer, faz pedidos à cozinha, abre garrafas de vinho e acima de tudo diverte-nos com as suas muitas e muitas histórias, pejadas de personagens muito interessantes. Mas que o Zé Dias trata por igual, com simpatia e hospitalidade.

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Pão Alentejano – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Presunto – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Já sentados à mesa, veio excelente pão alentejano, para acompanhar o presunto muito fininho e paio de porco preto delicioso.

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Paio de Porco Preto – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Cogumelo Recheado – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

E um enorme cogumelo recheado, servido bem quente.

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Esparregado & cachaço de porco preto assado © Blend All About Wine, Lda

Um arroz soltinho e o tal esparregado fantástico, com ligeiro toque de vinagre, fizeram muito boa companhia a um cachaço de porco preto assado no forno com batatinhas aloiradas aos cubos, tudo bem quente. Na mesa fez-se silêncio. O vinho branco e tinto da casa, da responsabilidade do Paulo Laureano (pode ler um artigo de Sarah Ahmed sobre Paulo Laureano aqui), foi escorrendo pelos copos.

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Bolo de Bolacha © Blend All About Wine, Lda

Para sobremesa veio uma encharcada e uma espécie de bolo de bolacha, de confecção própria, uma gulodice irresistível. Mas também havia uma cerejas carnudas do Fundão, acabadas de chegar.

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Cerejas © Blend All About Wine, Lda

Lá se foi a dieta!!

A despedida do Zé Dias é sempre: “Até á próxima!”

Contactos
Rua do Inverno, 16 – 18
7000 – 599 Évora
Portugal
Tel: (+351) 266 70 75 30

Os Vinhos Velhos da Casa de Paços

Texto José Silva

A Casa de Paços é uma casa com grande tradição nos vinhos verdes, cuja produção é dividida entre a propriedade de Barcelos e uma outra em Monção.

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A casa mãe – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

A casa mãe da Casa de Paços, em Barcelos, foi remodelada, mantendo a traça original, com muito rigor, tendo agora condições para eventos, almoços e jantares de grupos e para provas de vinho.

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Prova de Vinhos, Silva Ramos – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Como aquela que recentemente pai e filho Silva Ramos organizaram para alguns felizardos, entre os quais estive incluído.

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Beleza tradicional da casa – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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As novas vinhas que estão a ser plantadas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Deu-se um passeio pela beleza tradicional da casa e do seu exterior, com uma vista de olhos às novas vinhas que estão a ser plantadas, as grossas paredes de granito, o alpendre e a estrada que ali passa.

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O Alpendre – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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A estrada que ali passa – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Depois sentamo-nos à mesa para iniciar uma deliciosa viagem por todas as classes de vinhos desta casa. Com uma grande diferença para provas normais: ali estavam algumas colheitas com vários anos em garrafa, vinhos antigos, que nos haviam de trazer boas surpresas e muito prazer a bebê-los. A que se juntaram algumas colheitas mais modernas que permitiram fazer a comparação.

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Provaram-se 39 vinhos – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Provaram-se 39 vinhos de sete categorias, numa verdadeira maratona vínica. Houve vinhos que já estavam no fim de vida, houve vinhos que ainda se bebem muito bem e houve alguns que estão ainda cheios de força.

Da linha Casa de Paços Loureiro/Arinto o 2005 apresentou-se muito limpo, nariz elegante, alguma evolução, notas de frutos secos, de melão, acidez fantástica, redondo, bebe-se com muito prazer. E é de 2005!! Mas o Casa de Paços Loureiro/Arinto 2008 foi a grande surpresa. Amarelo torrado, mais evoluído, esteve muito elegante no nariz, sedoso, ainda muito fresco e com alguma fruta. Bom volume de boca, óptima acidez, intenso, notas de mel, cheio de complexidade e final ainda longo. Um grande vinho. A colheita de 2011 apresentou-se com muita mineralidade, boa acidez, consistente e o de 2012 também, seco, com boa acidez e ainda alguma fruta, muito bom.

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Casa de Paços Loureiro&Arinto 2013 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

As duas colheitas mais recentes deste Casa de Paços Loureiro/Arinto estiveram em grande forma: 2013 com nariz muito fresco, extremamente floral, notas tropicais ligeiras, acidez vibrante e óptima mineralidade, o 2014 com fruta muito boa, muito elegante, fresco. Na boca é envolvente, leve, boa acidez, um vinho branco moderno. Na linha Casa de Paços Arinto veio uma das grandes surpresas, o 2004. Amarelo torrado, âmbar. Muito evoluído, elegante, notas de querosene. Na boca está incrivelmente intenso, com uma acidez poderosa, frutos secos, mel, complexo, notável para um vinho verde com 10 anos!! Também o Casa de Paços Arinto 2011, com notas ligeiras de baunilha, alguma frescura, muitíssimo elegante. Cheio de estrutura na boca, seco, óptima acidez, ainda fragrância de baunilha, pêssego, pêra, muito bom.

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Casa de Paços Superior 2013 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Os três vinhos Casa de Paços Superior em prova – 2010, 2011 e 2013 – estiveram muito bem, com destaque para o de 2013 que se apresentou ainda muito jovem, suave, fresco. Muito elegante na boca, excelente acidez, algum tropical, redondo, um vinho moderno e divertido. Seguiram-se os Capitão Mor Alvarinho, com um 2005  surpreendente, dum amarelo citrino muito limpo, alguma evolução, elegante. Ainda com fruta, intenso, muito boa acidez, bebe-se com prazer. O seu irmão mais novo de 2012 estava fresco, redondo, notas adocicadas, fruta branca, alguma compota. Boa acidez e frescura, algum tropical num vinho ainda a evoluir mas que já se bebe muito bem. O benjamim dos Alvarinhos, de 2013, está muito floral, ligeiramente tropical, intenso, fresco. Na boca é seco, bela acidez, notas adocicadas, citrino e levemente mineral. Um vinho moderno muito equilibrado.

Vieram então os Morgado do Perdigão Loureiro/Alvarinho. As colheitas de 2004 e de 2005 estavam de boa saúde, o primeiro dum amarelo torrado muito limpo, ligeiramente evoluído mas elegante e fresco, ainda com fruta, notas de frutos secos, acidez muito equilibrada e final muito longo. O 2005 apresentou-se amarelo citrino, muito limpo, suave, fresco, notas levemente adocicadas e óptima acidez, pleno de equilíbrio. O 2008 está delicioso, intenso, ligeiramente evoluído, notas de frutos secos e com uma boca cheia, volumosa, seco, excelente acidez, muita complexidade, grande vinho. Mais uma curiosidade que também foi uma surpresa, os Reserva Capitão Mor em garrafas magnum.

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Reserva Capitão Mor em garrafas magnum – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Destacou-se a colheita de 2008, suave e fresco no nariz, exótico na boca, elegante, com muito boa acidez, notas de frutos secos mas ainda jovem para um vinho desta idade. Esteve também muito bem o 2013, dum amarelo citrino cristalino, aromas tropicais intensos, fresco e levemente floral. Na boca é muito elegante, mantém a frescura associada a uma boa acidez, persistente, com um final longo.

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Casa de Paços Fernão Pires – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Casa de Paços Fernão Pires 2008 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Finalmente vieram os Casa de Paços Fernão Pires com algumas boas surpresas. A começar pelo mais velho, de 2008, já dum amarelo torrado muito bonito, com notas de evolução no nariz, mas muito requintado, algum mel e compota. Na boca é complexo, com acidez muito equilibrada, notas ligeiras de marmelada, um final longo, um belo vinho. O 2012 também esteve muito bem, ainda muito frutado e com notas florais e de compota, na boca tem volume, notas de alperce e pêra cozida, acidez muito equilibrada, que rico vinho. Finalmente o Casa de Paços Fernão Pires 2014 é um vinho moderno, com nariz intenso de aromas tropicais e flores. Ainda muito jovem, tem bela acidez a contrastar com alguma doçura, elegante, com óptimo final.

No geral todos os vinhos se bebiam bem e nenhum estava estragado, mesmo os que já estavam no fim de vida útil.

Uma prova excelente, muito bem organizada, muito didática.

Contactos
R. José de Carvalho, 68
4150-439 Porto
Tel: (+351) 968 018 145 – Dr. Silva Ramos
Fax: (+351) 226 101 838
Email: quintapacos@gmail.com
Website: www.quintapacos.com

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Com instalações modernas, o Santa Luzia mantém a cozinha tradicional…

Texto José Silva

É um restaurante de Viseu com grande tradição, que sempre nos habituou a servir pratos do receituário tradicional quer regional, quer português. Há um par de anos o proprietário resolveu fazer um novo restaurante, muito perto do original (que agora passou a ser uma garrafeira). Cada vez com mais clientela, muita da qual também ali faz serviços, entre aniversários, baptizados e mesmo casamentos, era um passo necessário e assim se avançou para este novo Santa Luzia. Amplo parque de estacionamento, instalações muito modernas e funcionais e a sala para serviços separada do restante espaço.

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Decoração Sóbria – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Decoração sóbria, em tons preto, cinza e castanho, com o soalho em cerâmica branca.

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Mesas muito bem postas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Mesas muito bem postas, cuidadas, e serviço impecável, muito profissional, atencioso e atento, que inclui um óptimo serviço de vinhos. E uma garrafeira muito bem fornecida, em que, naturalmente, predominam os vinhos do Dão, mas com muitas ofertas de várias outras regiões do país.

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Um balcão de belo efeito – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Cabeças de alhos – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Em visita recente, para além de apreciarmos a qualidade do novo espaço, mal entramos na sala deparamo-nos com um balcão “ocupado” por produtos agrícolas tradicionais, de belo efeito: um descomunal pé de couve, cabeças de alhos e cebolas enormes, um pé de alface viçosa e uma montanha de tomate coração de boi!!

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Pé de alface viçosa – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Tomate Coração de Boi – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Já sentados à mesa veio pão regional muito bom e um prato com generosas rodelas do tal tomate coração de boi, bem polvilhado com sal grosso.

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Pão Regional – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Fatias do tomate Coração de Boi – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Estava dado o mote para uma refeição muito boa.

 

Logo de seguida foi a vez do presunto, do salpicão e do queijo curado, umas petingas fritinhas e umas postas de sável de escabeche.

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Enchidos passados pelas brasas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Quase sem nos deixar respirar, vieram os enchidos passados pelas brasas: chouriça, farinheira e morcela da Beira. Enquanto nos debatíamos com estes petiscos, lá dentro, no calor dos fogões, preparava-se um galo de cabidela tradicional, que aguardávamos com ansiedade.

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Pedra Cancela branco Reserva 2013 Dão – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Nos copos, já corria o branco Pedra Cancela, feito com Malvasia Fina e Encruzado, cheio de frescura, com bela estrutura, acidez equilibrada e óptimo volume de boca, que acompanhou muito bem os petiscos de entrada.

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Galo de Cabidela com arroz – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

E chegou o grande momento, apresentou-se à mesa um galo de cabidela com arroz, o tacho directamente para a mesa, como manda a tradição. Destapado o tacho, invadiu a mesa um aroma delicioso, perfumado pelo toque de vinagre no ponto. Iniciaram-se então as hostilidades. A carne do galo rijinha e saborosa, daquela que é preciso mastigar, muito bem cozinhada, o arroz carolino mesmo no ponto, muito bem temperado, o molho espesso e com o vinagre acertado, tudo bem quente, delicioso.

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Tivemos que repetir – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Pedra Cancela tinto Reserva 2012 Dão – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

E lá tivemos que repetir, pratada cheia, não resistimos. Entretanto já tínhamos passado para o tinto Pedra Cancela Reserva de 2012, um vinho cheio, retinto, com muito boa acidez e alguma frescura, volumoso, a fazer muito boa companhia ao galo de cabidela.

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A refeição acabou com… – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Fechou-se um repasto muito bom com umas cerejas carnudas e doces, que é tempo delas. A zona histórica de Viseu esperava-nos para um passeio retemperante…

Contactos
Estr. Nacional 2
3515-331 Viseu
Tel: (+351) 232 459 325
Email: geral@restaurante-santaluzia.pt
Website: www.restaurante-santaluzia.pt

Os Novos Vintage da Família Symington

Texto José Silva

Foi o renovado espaço da Casa de Chá da Boa Nova, em Leça da Palmeira, mesmo em cima dos rochedos e do mar, que a família Symington escolheu para apresentar os seus dois mais recentes vinhos do Porto.

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Casa de Chá da Boa Nova – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Os rochedos – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Em frente à famosa construção, projectada pelo arq. Siza Vieira, lá continua a lápide com a quadra de António Nobre, que por ali gostava de ir em busca de inspiração.

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O espaço está fantástico – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

O espaço está fantástico, com aquela luminosidade que vem do mar, o restaurante agora a cargo duma equipa liderada pelo chefe Rui Paula, que não só executou um óptimo serviço de vinhos, sem falhas, como depois nos serviu uma deliciosa refeição, acompanhada por vinhos deste produtor do Douro: os Altanos brancos estão cheios de frescura, elegantes, com óptima acidez, brancos modernos. Os tintos do Vesúvio estão em grande nível, cheios de estrutura, possantes mas com muita elegância, vinhos muito gastronómicos.

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Apresentação Cuidada – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Os primos Charles e Ruper Symington fizeram uma apresentação muito cuidada dos vinhos que íamos provar, pois, para além dos dois vinhos novos, fizemos uma curta mas deliciosa viagem por alguns vinhos do Porto soberbos. Charles Symington ainda fez uma curiosa e interessantíssima apresentação sobre a utilização das novas tecnologias de estudo e controle das vinhas através de técnicas em que se domina completamente a morfologia e composição das terras, da sua humidade, acidez e muitos outros parâmetros. O objectivo? Melhorar sempre a prestação das vinhas, obter cada vez melhores uvas. Os resultados estão á vista.

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Grahams Colheita 1972 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Começamos então por dois Tawnies extarordinários: primeiro foi o Graham’s Colheita 1972 – dum âmbar escuro, laivos dourados e acastanhados, apresentou-se com toque seco no nariz, notas de flor de laranjeira, nozes, avelãs, tabaco, pleno de fragrâncias. Na boca tem complexidade, frutos secos, caramelo, acidez incrível, ainda notas secas, levemente fumado, sempre a evoluir no copo com um final a perder de vista…Já um vinho do Porto clássico.

Seguiu-se o Dow’s Colheita 1974 – dum âmbar médio, límpido, está muito elegante, com notas de laranja, algo citrino, muito delicado, fragrância de amêndoas, com especiarias, um verdadeiro perfume. Grande elegância na boca, acidez poderosa, persistente, casca de laranja, ainda muito fresco, nozes e amêndoas, algum fumo, tabaco, final muito longo para um vinho extraordinário.

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Dow’s Vintage 1975 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Era então a vez dos Vintage, começando pelo Dow’s Vintage 1975, com a curiosidade de ter sido servido a partir duma garrafa modelo Tappit Hen, de 2,1 litros, que a família ainda usa com alguma regularidade. O vinho já está a clarear, dum tom rubi pálido. Extremamente elegante no nariz, ainda com alguma fruta, compota, notas ligeiras de especiarias. Bela acidez, muito envolvente, alguns frutos secos, cereja, muito elegante mas persistente, final muito longo num vintage para evoluir ainda durante muito tempo.

Seguiu-se o Warre’s Vintage 1977 – aspecto atraente, um rubi claro, médio. Nariz austero mas elegante, fumado, ainda fresco, notas de compota, plantas silvestres. Na boca apresentou-se profundo, com uma acidez fantástica, muito complexo, notas de fruta passada, ainda cheio de frescura, final longo e saboroso.

Finalmente apresentou-se um delicioso Graham´s Vintage 1977, um ano em que este produtor fez grandes vinhos do Porto. Ao contrário dos seus primos, apresenta ainda cor incrível, vermelho escuro, quase opaco. Nariz fantástico, profundo, austero mas cheio de elegância, muita fruta preta, chocolate, muito bom. Muito volumoso, acidez muito equilibrada mas potente, deliciosamente complexo, alguns frutos secos e um final fantástico, cheio, envolvente, um grande vinho.

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A provar – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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A provar – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Depois duma ligeira pausa, para respirar fundo e ouvir ligeiras explicações dos dois primos sobre os novos vintage, veio o Dow’s Quinta da Senhora da Ribeira Vintage 2013. Opaco, quase preto, brilhante. No nariz apresentou-se com notas de chocolate preto, frutos pretos muito maduros, amoras, ameixas, uvas passas mas também bastante floral. Poderoso na boca, notas doces, chocolate, figos muito maduros, tabaco, acidez vibrante, muito envolvente, uma bela interpretação dum vintage moderno, excelente.

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Quinta do Vesúvio Vintage 2013 e Dow’s Vintage 2013 Quinta da Senhora da Ribeira © Blend All About Wine, Lda

Finalmente a tradição do Quinta do Vesúvio Vintage 2013. Muito escuro, quase preto, sedoso. Nariz cheio de fruta, muita elegância, floral, fumo, tabaco, cacau e especiarias. Incrível na boca, acidez fantástica, poderosa, frutos pretos bem maduros, ligeiramente especiado, quase picante. Toma conta da boca e nunca mais acaba…A interpretação, perto a perfeição, dum local, dum terreno, dumas vinhas, da Quinta de Vesúvio! E da tradição da pisa a pé em lagares de granito. O regresso às memórias dos primórdios do Douro. Um grande vinho do Porto!

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Cavala Fumada – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Já à mesa do restaurante, depois dum copo de champanhe ao ar livre, começamos por uma entrada de cavala fumada com pimentos, falso tomate com requeijão e merengue de azeitona e azeite, servido numa simpática lata de conserva.

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Enguia Fumada – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Seguiu-se o prato de peixe, enguia fumada com beterraba e tutano.

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Carré de Cordeiro – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Na carne foi o carré de cordeiro com tupinambur em especiarias e funcho.

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Selecção de Queijos Nacionais – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Tiramisu – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Uma seleção de queijos nacionais antecedeu a sobremesa, um desconcertante “take me that” (tiramisu).

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O mar – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Entretanto já tínhamos regressado ao vinho do Porto…O mar, esse, continuava a bater nas rochas…

Contactos
Symington Family Estates
Travessa Barão de Forrester 86
Apartado 26
4431-901 Vila Nova de Gaia
Portugal
Tel:  +351 223 776 300
Fax: +351 223 776 301
Email: symington@symington.com
Website: www.symington.com

O Douro Superior e o seu Festival Anual de Vinhos

Texto José Silva

O Douro Superior é uma região ainda maioritariamente inóspita, montanhosa, com o rio Douro a proporcionar paisagens verdadeiramente arrebatadoras, duma beleza quase sufocante, de cortar a respiração.

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Douro – Foto Cedida Por Revista de Vinhos | Todos os Direitos Reservados

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“…por vezes um excesso de natureza!” – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Como dizia Miguel Torga, “…por vezes um excesso de natureza!”

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Os solos são pobres – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Os solos são pobres, onde o xisto é predominante e um clima de extremos, com verões muito quentes, com as temperaturas a ultrapassarem muitas vezes os 45º celsius e muitos meses dum inverno muito frio, mas com muito pouca pluviosidade, a possibilidade de regar as vinhas veio trazer o complemento necessário para ali se fazerem vinhos de excepção.

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Vinhas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Oliveira – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Nos últimos anos a plantação de novas vinhas disparou completamente, com a vinha a conquistar terreno a uma paisagem onde as oliveiras e as amendoeiras eram predominantes. Aqui e ali ainda se continuam a ver os tradicionais pombais em forma de ferradura, tão característicos. E é daquela sub-região que têm saído alguns dos melhores vinhos portugueses dos tempos modernos. Isto tudo não foi certamente alheio à organização, há quatro anos atrás, do primeiro Festival de Vinhos do Douro Superior, este ano na sua quarta edição.

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Festival de Vinhos do Douro Superior Quarta Edição – Foto Cedida Por Revista de Vinhos | Todos os Direitos Reservados

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E tem estado muito bem a Revista de Vinhos – Foto Cedida Por Revista de Vinhos | Todos os Direitos Reservados

E tem estado muito bem a Revista de Vinhos que, com a sua enorme experiência, soube interpretar aquilo que se pretende dum festival deste tipo, mas que tem lugar na longínqua Vila Nova de Foz Côa, e tem sabido ali chamar apreciadores de vinhos um pouco de todo o país, para além de gente de toda a região, que ali têm oportunidade de provar as novidades e os grandes clássicos, muitos deles já premiados um pouco por todo o mundo.

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A Revista de Vinhos tem sabido também organizar um programa aliciador para a comunicação social – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Tem sabido também organizar um programa aliciador para a comunicação social e para muitos profissionais do comércio de vinhos, a que se juntam muitos blogers da área, com visitas guiadas que incluem almoços e jantares em algumas das mais bonitas quintas da zona. Estes profissionais sentam-se à mesa para provar os vinhos a concurso, numa prova cega impecavelmente organizada, de onde vão saír os prémios para os vinhos que mais se destacam, na opinião dum painel independente e heterogéneo.

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O Festival – Foto Cedida Por Revista de Vinhos | Todos os Direitos Reservados

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O Festival – Foto Cedida Por Revista de Vinhos | Todos os Direitos Reservados

Depois é passear pela feira a provar vinhos e alguns produtos regionais – pão, queijos, enchidos, compotas, frutos secos, azeite, etc. – ou assistir a alguns colóquios bem interessantes conduzidos por alguns dos jornalistas da Revista de Vinhos.

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Caminho de Ferro – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Hoje, embora o caminho de ferro continue a ser uma boa opção, os acessos a Foz Côa são muito diferentes, melhores e mais rápidos, o que também facilita dar um salto até lá, para passar um dia interessante, regressando pela noitinha, ou mesmo passar dois ou três dias e aproveitar para conhecer melhor uma região com tantos atractivos, sobretudo a nível paisagístico, onde a ecologia é algo natural que está por todo o lado.

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Uma Região com Tantos Atractivos – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Sobretudo a Nível Paisagístico – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Neste caso há que ter alguma atenção aos alojamentos, onde não há grande oferta e que durante o festival estão por vezes completamente cheios.

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Gastronomia Local – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Terrincho tem destaque natural – Foto Cedida Por Revista de Vinhos | Todos os Direitos Reservados

Apreciar a gastronomia local é outro dos atractivos e que passa pelos peixes do rio fritos ou de escabeche, azeitonas, enchidos e queijos, de que o Terrincho tem destaque natural, e a carne de vaca, com alguma predominância da raça Mirandesa, sejam umas costeletas, um rodião ou a tradicional posta Mirandesa, preparadas de maneira simples: brasa de lenha, sal grosso, cozinhada no ponto. No prato junta-se o molho à base de azeite, alho, salsa e vinagre de vinho…e come-se de olhos fechados.

 

O grupo de jornalistas e blogers aproveita sempre para conviver e trocar experiências, num ambiente de franca camaradagem que é também proporcionado pela organização.

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Ambiente de Franca Camaradagem – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

No regresso aos vários pontos de origem, já pensamos no ano que vem, para mais uma visita ao Douro Superior, as suas paisagens, a sua comida e os seus vinhos. E às pessoas que fazem tudo isso.

Até para o ano!

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Um Projecto Vencedor no Alentejo Profundo

Texto José Silva

É uma unidade rural exemplar em pleno Alentejo profundo, a sul de Beja, pertencente a um grupo alemão.

Herdade dos Grous Typical Alentejo Hotel

Unidade Hoteleira Caracteristicamente Alentejana – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Aqui em Albernoa a filosofia consiste em aliar uma unidade hoteleira caracteristicamente alentejana a um meio rural onde os cuidados ambientais estão na primeira linha.

Herdade dos Grous The Beautiful Lake

A Lagoa – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

A começar pela lagoa, de grande beleza, com óptimas condições para a prática da ornitologia. É uma unidade com produções diversas, onde o vinho tem um lugar de destaque, com vários vinhos constantemente premiados um pouco por todo o mundo, produzidos a partir de uvas de grande qualidade nos cerca de 70 hectares de vinha, entre brancos e tintos.

Herdade dos Grous 170 Acres of Vineyards

70 Hectares de Vinha – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Mas que tem várias outras produções agrícolas: ervas aromáticas, legumes e fruta têm uma produção constante, em regime biológico, que é maioritariamente utilizada nas duas unidades hoteleiras – Alentejo e Algarve.

Herdade dos Grous Cattle

Gado – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Também a produção de gado aqui tem uma grande importância, entre gado bovino, caprino e suíno, cujas carnes têm também uma enorme utilização nos restaurantes do grupo.

Herdade dos Grous Jumping Horses

Cavalos de Salto – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Os cavalos de salto são outra das actividades da herdade, onde pontuam alguns cavalos de luxo, com grandes resultados um pouco por todo o mundo. Para além dum azeite de grande qualidade, ali se produzem compotas, mel e biscoitos diversos.

Herdade dos Grous Cellar

A Adega – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Herdade dos Grous Cellar 2

A Adega – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

No edifício central funciona a adega, construída de raiz, com todas as condições técnicas modernas para produzir vinhos de qualidade. E isso tem sido conseguido duma forma continuada, graças também ao responsável de toda uma equipa de trabalho (e não só nos vinhos), Luís Duarte, um dos mais premiados enólogos portugueses. Ele que tem uma enorme experiência a fazer vinhos em todo o Alentejo e que aqui é também administrador da unidade. O rigor é uma das palavras de ordem, onde cada uma das pessoas da equipa tem o seu lugar e as suas responsabilidades. E Luís Duarte conseguiu formar uma equipa claramente vencedora. Os resultados falam por si.

Os vinhos da Herdade dos Grous estão todos debaixo desta marca, mantendo uma imagem sóbria a que os consumidores se habituaram, variando apenas as cores dos rótulos e, claro, os anos de colheita. Nesta visita provaram-se seis vinhos soberbos, a acompanhar uma refeição deliciosa.

Herdade dos Grous m2014 White

Herdade dos Grous branco 2014 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

O Branco de 2014 esteve cheio de frescura, muito jovem, com bela acidez, alguma fruta no nariz, o vinho a desaparecer rapidamente dos copos.

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Herdade dos Grous branco 2013 Reserva – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

O Branco Reserva de 2013 revelou enorme elegância, notas suaves de madeira, ainda alguma frescura, muita suavidade, mesmo aveludado, para beber ligeiramente menos fresco, belo vinho.

Herdade dos Grous Red 2013

Herdade dos Grous tinto 2013 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

O primeiro tinto, o Herdade dos Grous de 2013, esteve seguro, com bastante fruta madura, muito boa acidez na boca, limpo, redondo, um tinto moderno.

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Herdade dos Grous 2013 Moon Harvested – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Seguiu-se o Moon Harvested também de 2013, com bons aromas de fruta bastante madura, fragrâncias complexas de especiarias e madeira muito suaves, belo volume na boca, consistente e cheio de elegância, com final muito longo.

Herdade dos Grous 23 Barricas de 2013

Herdade dos Grous 23 Barricas de 2013 – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

O 23 Barricas de 2013, feito com Touriga Nacional e Syrah, é um tinto cheio de estrutura, com raça e nariz complexo mas fascinante, ligeiramente floral. Na boca tem volume, óptima acidez, muita fruta preta, levemente austero, profundo e com enorme final.

Herdade dos Grous 2012 Colheita Tardia

Herdade dos Grous 2012 Colheita Tardia – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

E foi no final da refeição que veio para os copos o Colheita Tardia de 2012, aqui preparado a partir da casta Petit Manseng, cujas uvas foram inoculadas com “Botritis Cinerea”, para criar as características necessárias à elaboração um vinho muito especial. Onde a doçura elevada é compensada com uma acidez fantástica, tendo pelo meio aromas complexos de especiarias, notas de mel, compota, gengibre, mas tudo muito equilibrado, servido bem fresco. Delicioso!

Herdade dos Grous The Meal Started with

A Refeição Começou com.. – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Herdade dos Grous Cured Chease Paiola Paio From The Neck

Queijo Curado, Paiolo e Paio do Cachaço – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

A refeição, no restaurante da herdade, começou com pão regional, azeitonas, dois patés, manteiga normal e manteiga com ervas aromáticas, atum com feijão frade, bacalhau com grão, queijo curado, paiolo e paio do cachaço e, claro, o azeite da herdade para molhar o pão.

Herdade dos Grous The Meats

As Carnes – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Herdade dos Grous The Meats

As Carnes – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Depois duns ovos mexidos com espargos bravos vieram as carnes da herdade: borrego, porco preto e vaca alentejana, grelhados só com sal, na companhia de batatas a murro e legumes salteados, tudo de produção local.

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Misto de Doces Alentejanos – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

O misto de doces alentejanos arrumou de vez com todos os presentes!

Lá fora, continuava a tranquilidade da planície alentejana…

Contactos
Herdade dos Grous
Albernôa 7800-601
Beja, Portugal
Tel: (+351) 284 960 000
Fax: (+351) 284 960 072
Email: herdadedosgrous@herdadedosgrous.pt
Website: www.herdadedosgrous.com