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O clássico BSE, edição 2014

Texto João Barbosa

Tenho ouvido a enólogos um debate interessante acerca das dificuldades de produzir em grandes quantidades e em pequenas quantidades. Os debates podem repetir-se e dificilmente os argumentos poderão mudar, porque no vinho – ou em quase tudo – as escalas implicam resultados diferentes.

Quanto maior for o universo, menor será a percentagem de excelência. Por isso, é que a excelência é rara. Basalto há aos pontapés e os diamantes rareiam. Este é um aspecto; outro, quase parecido, é o da qualidade, em traço largo.

Pode ter-se uvas excelentes e fabricar-se uma mistela. Pode-se ter uvas medíocres – no sentido de meio –, mas nunca se conseguirá um néctar de eleição. Em paralelo, a vertente da saúde do fruto, é transversal.

Nem todas as uvas nascem para fazerem grandes vinhos. A grande maioria do que se engarrafa não chega ao patamar da excelência, o que não significa que seja mau, resultado de mal feito.

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Arinto in confira.info

A enologia é, como a arquitectura, uma disciplina técnica. Desenhar uma fábrica exige conhecimentos diferentes dos necessários para uma residência exclusiva, feita à medida de quem nela vai morar.

Quando estamos perante um vinho de milhões de litros, o esforço é o de ter a maior quantidade de boas uvas (qualidade), para que se possa fabricar um produto que agrade à generalidade das pessoas. O esmero não pode ser diferente, contudo os procedimentos – por via dos custos e de fluxo de caixa – são díspares, entre os vinhos de grande e pequena produção.

Com poucos quilogramas de belíssimas uvas é mais difícil fazer um grande vinho do que um que vai para milhões de garrafas? Ou é mais fácil? Os argumentos dum debate:

– Fazer um grande vinho é difícil, porque exige muitos cuidados na identificação dos melhores cachos, das mais indicadas técnicas, das barricas que realmente beneficiam, da duração precisa dos estágios… só se consegue em anos extraordinários… tem de se saber interpretar a natureza no seu todo…

– Fazer milhões de litros, com qualidade para consumo corrente, que crie negócio, capte e fidelize o consumidor, que seja regular, no aroma e no paladar, ano após ano é que é complicado.

Discussão bizantina. No caso deste produtor, o diferendo não de põe. A firma José Maria da Fonseca tanto produz vinhos de grande consumo, com sucesso – o êxito nunca é por acaso –, como edições de autor e obras que surgem quando a natureza permite.

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BSE 2014 © Blend All About Wine, Lda

O Branco Seco Especial é um dos melhores vinhos industriais portugueses – felizmente, Portugal tem cada vez mais destes produtos, quer em quantidade, quer na regularidade da qualidade.

A que sabe o BSE? Sabe a BSE. Um amigo telefonou-me para uma petiscada na sua casa. Vão estar amigos do liceu, uns colegas, música alta, as criancinhas e suas correrias…

– Sancha não puxe o cabelo à sua irmã.

– Rúben, partilha a playstation.

Há os fanáticos dos tremoços e das minis e quem gosta de vinho. Há mariscos, frango assado, presunto, uns enchidos, dois ou três queijos, pão bom…

É festa! E festa é festa! Como, no dia seguinte, não se quer acordar com um piano de cauda em cima da cabeça nem ouvir murmúrios como se fosse o carrilhão do Convento de Mafra a tocar finados, nem ter a boca como cartão canelado… o vinho da festa tem de ser bom.

O BSE é uma aposta segura. Como é se – por preguiça ou falta de comida em casa – for ao restaurante chinês do bairro ou a uma tasquinha familiar, onde a algibeira não grita. Precisão suíça.

Contactos
Quinta da Bassaqueira – Estrada Nacional 10,
2925-542 Vila Nogueira de Azeitão, Setúbal, Portugal
Tel: (+3519 212 197 500
E-mail: info@jmf.pt
Website: www.jmf.pt

Grandes Quintas Colheita Tinto 2012

Texto João Barbosa

Conheço a Casa d’Arrochella desde 2010, quando me enviaram para prova o Grandes Quintas Colheita Tinto 2007 e o Grandes Quintas Reserva Tinto 2007. Anualmente, a firma envia-me vinhos para prova – também azeite – e gosto do que me chega.

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Grandes Quintas Colheita Tinto 2007 in Arrochela.com

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Grandes Quintas Reserva Tinto 2007 in Arrochela.com

A regularidade é um bem precioso. É importante não confundir regularidade com padronização. A regularidade dá um traço familiar, com as diferenças dos anos e a persistência do solo. A padronização é anonimato. Pode ser um bom produto, mas será mais do mesmo; pouco vinho e mais bem alimentar.

Estes vinhos são Douro e não se confundem com qualquer outra localização. Dentro das garrafas há o chão de xisto, da terra resultante do trabalho para a fazer, as ervas bravias prestes a secarem-se pelo calor do tempo das vindimas, sobressai a esteva, o aconchego da lenha de azinho e um modo nocturno de chegar aos sentidos. Na boca é fundo, escuro, denso e com persistência.

Nocturno? Sim. Porque vinhos destes, os Douro tradicionais, não devem ser bebidos de dia. São o sangue dos vampiros, para as conversas pausadas, depois do esforço do dia, para a serenidade do jantar, para as conversas sem fim à vista, enquanto música suave – não é música lamechas ou pirosa – participa no momento.

Os vinhos desta casa têm essa raça duriense, força e carácter. Acompanham comidas exigentes fisicamente, mas podem sobrar-lhes, deixando-se ficar na mesa e dispensando um fortificado ou destilado.

A ficha técnica não especifica as percentagens de cada casta do lote: touriga nacional, tinto cão, touriga franca e tinta roriz. Porque é Douro, a touriga franca brilha, deixando que as outras falem.

A touriga franca – sendo um híbrido não pode ser franca – tem essa nobreza de carácter, que é o de consentir que outras uvas tenham uma voz. Talvez todas – palavra perigosa – as grandes castas do mundo se imponham, exibindo-se como pavões ou absorvendo toda a luz. Esta cultivar duriense fica servindo de cenário, mas não de enfeite. É generosa e muito raramente consegue ter a qualidade que atinge no Douro… mais difícil ainda é conseguir dançar bem sozinha. Para o resultado não basta a natureza. Interpretar o que nasce e aproveitar o melhor é trabalho técnico, aqui da responsabilidade de Luís Soares Duarte, um dos melhores enólogos da região.

As uvas vieram da Quinta do Cerval (70%) e da Quinta de Vale de Canivens (30%), ambas situadas na sub-região do Douro Superior. Têm solos xistosos e as vinhas situam-se num intervalo de altitude entre os 200 metros e os 250 metros.

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Quinta do Cerval in Arrochela.com

Conheceu um curto estágio em madeira, com 60% do vinho a estagiar quatro meses em barricas de carvalho francês. Tenho alguma pena que não tenha vivido mais um pouco nesse ambiente, tinha a ganhar.

O produtor recomenda que seja decantado cinco minutos antes de servido. Talvez mais, digo eu. Livre como o abutre que voa no Parque do Douro Internacional, o carácter da touriga franca exige liberdade.

Contactos
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1070 – 102 Lisboa
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Vintage Taylor’s no topo da bolsa de valores

Texto João Barbosa

O meu pai era artista plástico, pintor. Para ele, os investidores eram um híbrido de pessoas com síndrome de Diógenes e de agiotas. Contudo, esta sentença não aplicava a todos.

Ir com o meu pai a um museu tinha tanto de fascinante quanto de aborrecido. Cativante nas palavras, mostrava o que muitos não viam. Depois fixava-se unicamente na obra, para dela colher o máximo de informação e prazer, e tornava-se…

– Pai, ainda vai demorar muito? Não podemos passar à outra sala?

O meu pai tem obras em museus, galerias privadas e espólio de investidores. O que irritava o meu pai não era o dinheiro, mas a escuridão dos cofres e a especulação post mortem.

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Pablo Picasso in web.guggenheim.org

O meu amigo Manuel Jorge recontava que os descendentes de Pablo Picasso destruíram imensas obras depois de este andaluz falecer, para que se desse uma valorização. Chocava-o o cinismo, oportunismo, desrespeito pelo artista e, sobretudo, pelo homem.

Os investidores, dividia-os em dois grupos: os que mostravam publicamente as obras e os que se limitavam em pô-las em cofres. Eram, os segundos, que magoavam – é o termo.

Convenceu-me, em parte. Há uma certa velhacaria na compra e açambarcamento de produtos únicos, cujo valor ou interesse não respeitam, importando apenas a mais-valia. São os compradores de assinaturas.

Os maiores investidores são peritos e/ou têm especialistas que os aconselham. Ainda assim, sabe-se que há fraudes. Não contrafacções, é crime relativamente fácil de topar, mas falsificações, obras originais que convencem os olhos entusiasmados dos especialistas.

É assim com a arte como com o vinho. Não tenho qualquer complexo em relação ao negócio – tal como o meu pai – julgo que fui claro. O negócio existe, e ponto final.

Tenho um amigo que surfa no mundo dos vinhos. Não faz qualquer batota, apenas o que qualquer negociante quer: comprar cedo, para obter melhor preço, e vender quando há mais-valia.

Não é o único, o processo é simples e «só» exige capital inicial. Compra Bordéus e Borgonhas em primor e desfaz-se deles quando a cotação lhe dá ganhos. Guarda uma ou duas garrafas para si e com o restante ganho aplica na compra de futuras colheitas.

Este meu camarada é um «bom» investidor, usufrui do que compra e ganha dinheiro. A «malvadez» dos outros é uma a avaliação é subjectiva.

Sejam «bons» ou «maus», procuram bons negócios. É bom saber que há vinhos portugueses considerados como investimento seguro.

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Top 20 Performers in the Rest of the World Index in www.blog.liv-ex.com

índice Live-ex Fine Wine 1000, da revista The Drink Business, tem estado em baixa, mas os Taylor’s empurraram 3,2% o sub-índice Rest of the World 50. Os Bordéus valorizaram-se 1,1%.

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Taylor’s Vintage Port 1994 in www.taylor.pt

O vinho mais caro do Rest of the World 50 é um Taylor’s, tal como o terceiro, quarto, sétimo e 13º. Infelizmente, no top 20 não há mais vinhos portugueses. O Vinho do Porto Vintage de 1994 da Taylor’s lidera os ganhos, com uma progressão de 41,4%, entre Julho e Fevereiro. O 13º da lista, de 2007 e também da mesma casa, valorizou-se 10,3%.

Contactos
PO Box 1311
EC Santa Marinha
4401-501 Vila Nova de Gaia
Portugal
Tel: (+351) 223 742 800
Fax: (+351) 223 742 899
Website: www.taylor.pt

Vinha d’Ervideira Antão Vaz Vindima Tardia 2013

Texto João Barbosa

O ódio é uma coisa feia. Além de criar verrugas no nariz, entortar as unhas dos pés e azedar o fígado, o ódio não constrói nem ajuda. Vejam-se os casos da intolerância fanática e terrorista. É um exemplo fácil e actual, já bastante nas notícias.

Alguém disse que um homem sem inimigos não tem préstimo. Discordo e inverto: um homem sem amigos é que não tem valor. Porém, ninguém é só mau ou só bom. Vou escrever sobre gente e de suas peripécias de gostos. Um debate civilizado é delicioso, sobretudo quando não é uma mera troca de palavras, retórica de confronto e ausência de pensamento. Há casos inexplicáveis, que são também interessantes para conversar.

Tenho uma quezília! Uma guerra quixotesca contra a casta antão vaz. Sinceramente, se tantos agricultores a cultivam é porque são muitos os seus apreciadores. Quem estará «errado» serei eu. Um amigo tem ataques epilépticos – metáfora – se pressente a cabernet sauvignon, comigo é essa uva com nome de pessoa.

Sou um bocado extravagante, por isso tenho arrufos românticos, que noutros tempos levariam a duelo de sabre, contra a antão vaz. É giro fazer género, como as mocinhas adolescentes sorrindo nervosas quando cruzam o olhar com o rapaz mais giro da escola… que era eu!

Como cavalheiro defendendo uma dama ofendida – os prazeres do olfacto e do paladar – sou peremptório:

– Odeio a casta antão vaz! Essas vinhas deviam ser todas arrancadas e os campos higienizados. Quem fosse apanhado com um pé de vinha dessa «coisa» deveria sofrer castigos corporais em campos de reeducação.

Não odeio! Sei – aprendi no ano passado – que há palavras muito perigosas: nunca, sempre, tudo, nada, todos, nenhum…

Numa visita recente à Adega da Ervideira, situada muito perto do burgo medieval de Monsaraz, fui obrigado a engolir uma série de insultos que dirigi à antão vaz. Engolir, literalmente.

Esta casta branca é talvez a mais apreciada do Alentejo. Quase sempre (para mim) pesada, excessiva, enjoativa, cansativa e rústica. Defeitos que os apreciadores admitem existirem em alguns vinhos. Todavia, os alentejanos «descobriram» a arinto e o resultado final é superior à simples soma aritmética.

Mas do que quero dar conta é dum monovarietal de antão vaz, que está na garrafeira de Deus… é um vinho do Diabo. Este é o segundo antão vaz – o outro também monocasta (Solista 2010, Adega Mayor, pelo enólogo Paulo Laureano) – que me dá prazer.

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Vinha d’Ervideira Antão Vaz Vindima Tardia 2013 in wonderfulland.com/ervideira/

Vinha d’Ervideira Antão Vaz Vindima Tardia 2013 tem uma frescura impressionante, nervo, doçura sem enjoo, é racing. Enche a boca, onde liberta aromas e chega longe, profundamente e com tempo.

Só referi este por causa da minha zanga com a antão vaz e pela surpresa de ser uma colheita tardia, sem botrytis. Porém, há uma gama com alternativas e com o traço comum da qualidade e da facilidade com que agradam. Nélson Rolo é o enólogo responsável pelos vinhos da Ervideira.

Já agora… vale a pena ir à Herdadinha, propriedade onde se situa a Adega da Ervideira, e entrar nas brincadeiras do enoturismo. Culminam em Monsaraz, com vista para o lago de Alqueva… Lindo! Mas tenho saudades de quando aquele mar não estava ali… suspiro, conformado.

Contactos
Adega Ervideira
Herdadinha – Vendinha
Reguengos de Monsaraz
PORTUGAL
el: (+351) 266 950 010
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E-mail: ervideira@ervideira.pt
Website: www.wonderfulland.com/ervideira

Bicentenário do Porto Fonseca

Texto João Barbosa

Os vinhos podem dividir-se em bons e maus; os que têm estórias e os que não têm; e os que têm História e os que a não chegam. A este degrau chegam os bons. A longevidade dá a nascer estórias que contam história. A regularidade cria boa reputação e concede estatuto elevado. Os Portos da Fonseca reúnem «bondade», estórias, história, fiabilidade e reputação.

Os centenários são pretexto para brindes. A firma Fonseca hoje integrada no grupo The Fladgate Partnership, celebra o bicentenário. Logo num ano em que outro – substancialmente mais importante – se evoca.

No século XVI viveu um senhor, de seu nome Michel de Nostredame, que ficou célebre pelas profecias, aparentemente certeiras. Profetizou – leia-se e interprete-se como se quiser – o surgimento de três anticristos. O primeiro seria Napoleão Bonaparte e o segundo Adolf Hitler, cuja grafia apresenta semelhanças com o «Hister» anunciado pelo vidente.

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Vinhos do Porto Fonseca in the-yeatman-hotel.com

Tomo a liberdade de reescrever esta «verdade» acerca de anticristos: Josef Stalin, Fuminaro Konoe, Hideki Tojo, Mao Tse Tung, Pol Pot… e muitos ditadores de menor relevo. Napoleão só aos olhos da época pôde ser demónio. Segurou os lemas da Revolução Francesa e espalhou-os – muito enviesadamente – pela Europa.

Antes da «verdadeira» guerra napoleónica, desenrolou-se a Guerra das Laranjas, em 1801, em que Espanha roubou Olivença. Em 1806, Portugal recusou-se a subjugar-se à ordem de participar no bloqueio naval às ilhas britânicas. Por isso foi invadido por Espanha e França, tendo o Rei Dom João VI, a família, a Corte e os criados fugido para o Brasil.

Houve três invasões francesas, em 1807, 1809 e 1810. Designada por Guerra Peninsular, as entradas foram lideradas por Jean-Andoche Junot, Nicolas Jean de Dieu Soult e André Massena. Em 1811, as tropas anglo-lusas chutaram os invasores franceses e espanhóis.

Napoleão Bonaparte caiu diante das tropas britânicas, comandadas por Arthur Wellesley, e aliados, em 18 de Junho de 1815, na Batalha de Waterloo. Findo o conflito, os soldados regressaram; os patriotas da Leal Legião Lusitana e os traidores da Legião Lusitana, que serviram França. Muitos dos traidores foram poupados e alguns têm até nome de rua. Não entendo o meu país.

Os chineses escrevem crise com dois sinais gráficos conjugados: perigo e oportunidade. O risco é inerente aos negócios e em clima de guerra torna-se mais difícil. A Guerra Peninsular terminou a 10 de Abril de 1814, na Batalha de Toulouse. As notícias chegavam lentas, era quase impossível estar actualizado das movimentações dos exércitos. Ainda que tenha passado um ano, montar um negócio naquele contexto foi muito arriscado, até porque o cliente estava na Grã-Bretanha e no mar ainda havia navios inimigos.

Em 1815, João dos Santos Fonseca comprou, apoiado pela família Monteiro, 32 pipas de Vinho do Porto. Mais tarde chegou, em 1860, a família Guimarães – nome anglicizado para Guimaraens – e posteriormente a Yeatman, na segunda metade do século XX.

Uma firma ainda familiar. Duzentos anos depois, o que se pode dizer? Está tudo escrito nos dois primeiros parágrafos.

Contactos
Quinta do Panascal
5120-496 Valença do Douro
Tel: (+351) 254 732 321
E-mail:marketing@fonseca.pt
Website: www.fonseca.pt

Vinhos Vasques de Carvalho

Texto João Barbosa

Esquecendo a escala cósmica, um século é um sítio longínquo. Nesse tempo o mundo era a preto e branco… é o que se vê nas fotografias. Fora de brincadeira, atingir essa marca é para celebrar.

Não sendo absolutamente extraordinário, a verdade é que poucos humanos podem ou puderam dizer que chegaram ou ultrapassaram a barreira do século. Ainda há dias partiu o cineasta Manoel de Oliveira, aos 105 anos. Quem o conheceu diz que era uma pessoa de grande jovialidade – tal como estes vinhos.

Assim acontece com as empresas ou data de assentamento duma família num território. É na assinatura desse contrato que a história começa a contar. A companhia é jovem, criada em 2000, mas as raízes são seculares. A família Vasques de Carvalho estabeleceu-se em meados do século XIX no Vale do Rodo, onde hoje tem cinco hectares de vinha velha, plantada nos tradicionais em socalcos. Como a grande maioria dos agricultores do Douro, os Vasques de Carvalho vendiam o vinho às firmas de Gaia. Porém…

Porém, houve um ano em que José Vasques de Carvalho, bisavô do actual administrador, não abriu mão da colheita. O lavrador guardou tudo de 1880. É uma jóia, confirmando a visão desse lavrador oitocentista.

Ponto de ordem à mesa! O que já se pode conhecer? Além de Vinho do Porto, a Vasques de Carvalho apresenta uma gama de vinhos com denominação de origem Douro. Comum a todos eles, um perfil aromático muito elegante. Uma vez que as uvas brancas são compradas fora, penso que o desenho é arte do enólogo, Jaime Costa, de reconhecida competência. Todos eles muito frescos e elegantes.

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Oxum branco 2013 in vasquesdecarvalho.com

O Oxum Branco 2013 fez-se com uvas das castas viosinho, gouveio e rabigato. É bom vinho para tema de conversa entre enófilos apaixonados em debater os temas do nariz e da boca. Jaime Costa, que tem galões de general, refere «muito mineral, com notas frutadas de pêssego e citrinos maduros». Penso diferente e em concordância com o parceiro de prova: delicado sem ser frágil, com ramalhete de suave jasmim, flor de laranjeira e uma pitada de limão. A boca, infelizmente, fica aquém dos aromas. Cada qual escolha a sua, entre estas duas e outras hipóteses. Mas… belo vinho.

Ora, o branco foi onde mantive maior divergência quanto ao enólogo, que foi persistente nos Douro. Sinceramente, acho que escrever descritores é aborrecido e duvido que alguém vá comprar 0,75 litros de frutos vermelhos…

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Oxum tinto 2012 in vasquesdecarvalho.com

Oxum Tinto 2012 mantém o apetite. Elegante e prazenteiro, com o Douro dentro e uma elegância acima da média. Acima fica o X Bardos Tinto 2012, robusto como um cavaleiro e de bom trato, com notável fundura de boca.

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X Bardos branco 2012 in vasquesdecarvalho.com

Os Tawnies provados divergem entre si. Ah! A elegância aromática estende-se a estes vinhos. A divergência é que esperava bem mais do Tawny 10 anos. Penso que pode ser melhorado.

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Vasques de Carvalho 10 anos Tawny in vasquesdecarvalho.com

Dez anos não são 40, comparáveis em exercício intelectual. O Vasques de Carvalho 40 anos é um vinhaço. Um vinhaço! Um vinhaço! Um vinhaço!

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Vasques de Carvalho 40 anos Tawny in vasquesdecarvalho.com

Votos de sucesso, pois que produtores deste nível são sempre benvindos – recuso-me a escrever bem-vindos, por falta de lógica. Pois… já me esquecia… a firma porá à venda 750 garrafas do vinho de 1880. Uns milhares de litros do tesouro vão continuar sossegados nos tonéis. Um vinho com «tudo» dentro. Só vendo com nariz e boca.

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Aposto na Península de Setúbal

Texto João Barbosa

A Península de Setúbal é uma região «curiosa». Por um lado, está na Área Metropolitana de Lisboa, mas é também Alentejo. É decalcada do mapa dos distritos e se o desenho político já era abstruso, misturando realidades diversas, no vinho a patacoada é maior.

Não percebo que sentido faz uma vinha em Grândola estar no mesmo saco que uma em Palmela. Ah! A costa atlântica… então, por que é que Odemira é Alentejo? Além de que os concelhos alentejanos do distrito de Setúbal não estarem, de facto, numa península.

Burocracias e non-sense à parte, interessa o vinho duma região que considero muito interessante, do ponto de vista enófilo. Aliás, duas regiões que considero muito interessantes do ponto de vista enófilo.

Começo – e irei acabar – com a qualidade do vinho. É difícil encontrar um mau vinho da Península de Setúbal. Nas «duas regiões» há produtores de confiança. No entanto, são poucos os que têm uma dimensão para se mostrarem e com massa crítica. De acordo com informações da Comissão Vitivinícola Regional (CVR), há um «top 9», o que comprova o que quero dizer: o décimo é doutra realidade. São poucas as casas com, pelo menos, dimensão para delas se ouvir falar.

Por ordem alfabética – para não ferir susceptibilidades – Adega de Palmela, Adega de Pegões, Bacalhôa, Ermelinda Freitas, Horácio Simões, José Maria da Fonseca, SIVIPA, Venâncio da Costa Lima e Xavier Santana. Juntos fazem 98% do vinho. Entretanto, há um que ressurge Herdade de Rio Frio.

O sucesso dos vinhos pode avaliar-se pela dimensão da área agricultada, embora diminuindo: 9.450 hectares (2000) para 9.400 (2013). É a 6ª em produção, a 4ª na exportação e, garante a CVR, a evolução das vendas tem sido «excelente».

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Península de Setúbal in www.vinhosdapeninsuladesetubal.pt

Em 2000 fizeram-se 12.622 hectolitros de Moscatel de Setúbal, enquanto em 2013 chegou a 14.298. Os néctares com certificação Palmela passaram de 19.286 (2000), para 24.622 (2013). Os Regionais Península de Setúbal pularam de 110.818 (2000), para 245.558 (2013).

Em relação ao número de produtores, de 2000 para 2013: de 92 passaram a para 128. De Moscatel de Setúbal eram nove e hoje são 12. De Moscatel Roxo havia quatro e agora há seis.

Quanto a sucesso, penso que estamos conversados. Sendo as «9» responsáveis por 98%, isto quer dizer que servem de locomotiva para as pequenas firmas que exploram nichos. De todas elas, tenho uma especial afeição pela Herdade do Portocarro – com os fantásticos vinhos Cavalo Maluco e Anima – situada no Alentejo litoral.

Há uns anos, visitei, no âmbito dum programa para a RTP, um produtor da região e, apontando para uma vide de uvas tintas, perguntei ao repórter de imagem:

  • Sabes que casta é esta?

Respondeu-me que não.

  • É castelão.

Tinha, talvez, 95% de acertar… interveio o lavrador:

  • Por acaso, é syrah.

Durante mais de um século, os vinhos da região «significavam» castelão. Surgiram outras, mas esta variedade encontrou um patamar de estabilidade: 70% das tintas.

O que tem, então, esta região «2 em 1» de especial? Um misto de frescura e de calor, das areias e do bafo inerente ao Alentejo. Frescura advém-lhes, na Península de Setúbal, das localizações que podem estar mais altas e argilosas (Serra da Arrábida) e dos ventos que chegam dos estuários do Tejo e do Sado. No Alentejo Litoral, o Sado está mais próximo, os charcos dos arrozais convivem, o mar está perto e os pinhais dão-lhe subtilezas.

Quanto a mim – aqui junto o factor subjectivo do gosto – estas são duas regiões que valem bem a pena conhecer. E têm uma outra vantagem… os preços são habitualmente amigos da algibeira. Além de que há GRANDES vinhos, na península setubalense e no litoral alentejano.

Herdade de Rio Frio Branco 2013 e Herdade de Rio Frio Tinto 2013

Texto João Barbosa

Sou um nostálgico, ou não tivesse seguido o estudo de História. Não há futuro sem presente, nem presente sem passado. O tempo não retrocede, mas de trás podem colher-se conhecimentos úteis.

Não foi apenas a proximidade de Lisboa, capital e maior centro de consumo do país, que ditou que a margem esquerda do Tejo fosse farta em vinho. Quando uma vinha atinge 4.000 hectares não há acaso. Quem gosta de história que espreite o sítio na internet, que tem para ler.

A Herdade de Rio Frio – certamente uma das maiores propriedades rurais portuguesas (possivelmente já foi mais vasta), com 5.200 hectares – teve a maior vinha do mundo. Hoje são 118 hectares de vinha nova.

O negócio de outrora – décadas – é muito diferente do que o de hoje; o mundo mudou. Antigamente, a quantidade era o objectivo primeiro. Hoje, a empresa aposta no segmento «premium» e na exportação. A enologia está a cargo de Mário Andrade.

A estreia fez-se com um branco e um tinto, ambos classificados como Regionais Península de Setúbal e da colheita de 2013. Mais tarde virão néctares com Denominação de Origem Controlada Palmela e – ainda bem – Moscatel de Setúbal e Moscatel Roxo de Setúbal.

A prova dos dois vinhos deu-me juízos diferentes. Não me refiro a qualidade, mas ao monstro totalitário da subjectividade que me ataca quando escrevo opinião. Tem a ver com o branco, e já explico.

O Herdade de Rio Frio Tinto 2013 dá prazer a quem gosta de vinhos com calor – não estou a dizer nem sopa nem compota – no carácter, mas frescura na boca. As uvas que tem no lote são conhecidas, ainda que uma delas comece agora a dar muitos mais sinais de vida fora do Douro: a touriga franca.

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Herdade de Rio Frio tinto 2013 in www.rio-frio.eu

Quanto a mim, a touriga franca é a melhor casta tinta portuguesa e que explica o «fenómeno» do Douro. Não é uma variedade solista, é «a equipa», que faz jogo, puxa pela equipa, recupera bolas, recua para defender e lança o contra-ataque. Aqui representa 30%. A syrah deu muito boas provas no Alentejo e a localização da Herdade de Rio Frio é também ela quente, representa outros 30%. A merlot surpreendeu-me e os seus 40% dão brilho.

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Herdade de Rio Frio branco 2013 in www.rio-frio.eu

Já o Herdade de Rio Frio Branco 2013 sofre do «elemento patogénico» designado por antão vaz. Se a casta tem tantos adeptos e vinhos tão elogiados, quem estará a ver mal serei eu, mas estou aqui para dizer o que penso.

Os enólogos têm percebido que «abominável» melhora com a arinto – para mim a melhor uva branca portuguesa – que dá vida e boas maneiras «à coisa». Fez-se com antão vaz (30%), arinto (30%), fernão pires (20%) e verdelho (20%) – uma equipa de calor e frescura. Um vinho equilibrado.

Tenho um amigo que garante que o melhor Vodka-Vermute se faz da seguinte forma: deita-se o vermute no copo e despeja-se todo. Depois coloca-se o vodka e bebe-se. É o que penso da antão vaz… talvez mais ainda. Reconheço que tenho bebido bons vinhos com antão vaz, em todos eles um factor comum: não se sente «a famigerada».

Foi calor enjoativo da antão vaz o que me entristeceu neste vinho, que globalmente apreciei. Sou provavelmente hiper-sensível… e reconheço que o problema deve ser meu e não do mundo. Quem gostar desta casta terá aqui prazer.

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Herdade de Rio Frio
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O vinho é amigo e o psicólogo é psicólogo

Texto João Barbosa

Por motivos de saúde, que não vou partilhar a razão, fiz análise face-a-face e psicanálise. A minha experiência não cabe na piada, certamente com muitos exemplos de verdade, de que o paciente fala e o analista adormece, boceja ou pensa que ainda tem de ir ao supermercado.

Garanto que não. A minha analista, que vou manter em recato, é a melhor do mundo! Não que eu tenha feito análise com todos os analistas do planeta, mas porque é verdade. E uma verdade é uma verdade. Uma verdade nunca se irá desmentir ainda que elementos da investigação possam indicar um outro caminho… é como as mães: «melhor do mundo»!

Quem fez análise, com um bom profissional, percebe o que estou a afirmar. Ajuda muito ter alguém que, não sendo família nem amigo nem colega de trabalho, nos ajuda, com conselhos não vinculativos, fazendo de espelho, colocando questões, obrigando-nos a pensar.

Dizer que as depressões, os esgotamentos ou os vícios não se curam, no todo ou em parte, com apoio de especialistas não sabe o que diz. Há quem diga que são males dos ricos, dos ociosos e preguiçosos, dos tolos, etc.

Não! Não! E não! Mas uma coisa é certa; a análise não se realiza em cinco sessões e depois recebe-se alta. É cara. O caro é sempre relativo. Se temos uma qualquer doença e se o tratamento custa muitos euros, esse dinheiro acaba por não contar. Todavia é uma soma considerável, cada um sabe da sua algibeira e cada psicólogo tem o seu preço por consulta.

Os psicólogos não fazem a vez da família nem dos amigos. Embora se criem relações emocionais e afectivas, o psicólogo é um profissional especializado.

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in pt.forwallpaper.com

Os amigos são como o vinho – em toda a crónica escrevo «vinho», porque é essa a bebida a que estou ligado na Blend, mas o correcto é afirmar «álcool». Dão apoio, mas não ajudam a curar. Com o vinho é quase a mesma coisa. Uma festa sem vinho promete ser uma chatice – claro que há os abusadores e aqueles que, devido a alcoolismo, têm de se abster.

O vinho dá alegria, solta-nos, desbloqueia conversas, faz rir. Que bom ter uma conversa a quatro: «eu, o amigo e dois copos». Penso que um pifo, de vez em quando, pode ser positivo. Desde que seja de vez em quando e a seguir não se tente conduzir o automóvel ou trabalhar com máquinas ou cirandar na sua proximidade.

Podemos ter amigos ou compinchas no local de trabalho, mas trabalho é trabalho e conhaque é conhaque. No serviço estamos a cumprir uma missão, que será remunerada no final do mês.

O que escrevi acima acerca do pifo «higiénico» é absolutamente questionável e condenável para muitos. Não é um dogma. O amigo que nos dá o ombro para chorar ou o abraço de alegria pode ser tão desastrado quanto o excesso de álcool, apesar da generosidade.

O vinho ajuda a esquecer? Tirará algum peso, mas não apaga a memória. O vinho faz uma festa? Certamente que, sozinho, não a faz. O vinho, para um enófilo como eu, é um amigo. Não é o cônjuge, com quem se partilha a cama, a mesa, as tarefas domésticas e as contas.

Dizem muitos médicos que beber um copo de vinho às refeições (ou só numa), faz bem. Dizem sempre tinto, pelo que suponho ser por essa substância válida esteja na película. Se assim é, talvez comer uvas seja mais saudável.

Uma outra situação, essa muito grave e porta larga para o alcoolismo, é matar a sede com vinho. O álcool, além de poder criar estados alterados de consciência, em excesso é nocivo, de curto a longo prazo, além de desidratar.

A água é o melhor líquido para matar a sede. Não há melhor. A água é a melhor bebida do mundo. O vinho pode ser um bom amigo ou uma má companhia. É amigo, não resolve. Para resolver há a água e o psicólogo.

Para a mesa com Pouca Roupa

Texto João Barbosa

Há expressões engraçadas, que, de tão usadas, nem reparamos nem pensamos no que querem dizer… «Foi resvés Campo de Ourique» – o maremoto de 1755 quase chegou à colina de Campo de Ourique. Basta esta, pois não quero escrever um texto para almanaque.

No mundo da gastronomia – em que me centro apenas na componente vínica ou de outras bebidas – há igualmente expressões que dão jeito e, na pressa de se dizer o que se quer, o maremoto leva-lhe parte.

A minha expressão favorita é a do «vinho de piscina». A imagem é maravilhosa – mesmo não pensando num tanque cheio de vinho. Calor, sol, família e amigos. Tudo jóia! Mas… quantos de nós têm piscina ou conhecem alguém com piscina?

Infelizmente não tenho piscina. Azaruncho privado. Outra imagem é do vinho para depois da praia, quando as senhoras se enrolam nuns panos coloridamente desbotados e os homens enfiam os pólos tronco abaixo, contorcendo-se com a canção desagradável do sal, algodão e pelo.

Estiraçados nas cadeiras da esplanada – nas férias tudo é permitido – a ver o mar e o sol a pôr-se, bebendo um «vinho para depois da praia». Tudo jóia! Mas… quantos de nós tem arcaboiço para beber um copo de vinho entre a areia e a casa? Além da questão do volante… Ao jantar, é diferente. Mas, «vinho para depois da praia»?!

Não importa! «Vinho de piscina» e «vinho para depois da praia» são expressões fantásticas. E vêm a propósito de quê? Da nova marca de vinhos de João Portugal Ramos. É um achado!

«Pouca Roupa»! Duas palavras que sintetizam o que já era sintético: «vinho de piscina» e «vinho para depois da praia». Confesso que ao saber do «Pouca Roupa» lembrei-me de toda uma gama: Biquíni (bivarietal), Monoquini (monocasta), Triquini (três, claro)… já Tanga e Sunga… Nudismo, depois de esvaziada.

O que conta esta marca, que se veste de «negro, branco e rosa»? Desde logo um prazer fácil, directo ao assunto. Todos eles, mas uns mais felizes do que outros, o que é normal. São os três Regional Alentejano e referentes à vindima de 2014

Pouca Roupa tinto 2014

O Pouca Roupa Tinto 2014 é um alentejano temperado com Dão… ok, touriga nacional. A touriga nacional é do mundo, pelo que também do Alentejo, onde ocupa áreas significativas. O lote é composto ainda por alfrocheiro e alicante bouschet.

Ora o que tenho a dizer: 14% de álcool é demasiado. Sendo que tem acidez que o aguenta, o organismo não quer saber. A graduação é elevada se pensarmos em «pouca roupa». Só lhe aponto a graduação, é prazenteiro.

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Pouca Roupa branco 2014

O Pouca Roupa Branco 2014 é um alentejano diferente, em que viosinho, sauvignon blanc e verdelho se orquestram nos sentidos. Mais uma vez, boa acidez e a pedir comida leve. Aplaudo os seus 12,5% de álcool.

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Pouca Roupa Rosé 2014

O Pouca Roupa Rosé 2014 fez-se com uvas touriga nacional, aragonês e cabernet sauvignon. Guloso! A acidez mais do que aguenta os 13% de álcool. Porém, parece-me uma percentagem excessiva, quando penso em «pouca roupa».

Agora resta esperar que a Primavera seja simpática e o Verão seja amigo. Que o tempo de prazer não signifique maldade para as lavouras. Fiz a primeira recomendação a um amigo que tem piscina.

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