Posts Tagged : Ilkka Sirén

Breves momentos com a Casa da Passarella

Texto Ilkka Sirén | Tradução Patrícia Leite

Eu gosto de vinho. Eu gosto de comida. Eu gosto de estar com boa gente. Gosto particularmente de todas estas coisas juntas. Sempre que possível, tento rodear-me de pessoas com quem gosto de passar uns bons momentos, a maioria das quais partilha o meu entusiasmo por tudo o que seja apetitoso. Nunca tive problemas em apreciar um ou dois copos sozinho, mas o vinho, como a comida, é uma coisa que é realmente melhor quando partilhado.

Acho que essa é uma das principais razões pelas quais eu adoro Portugal. Não é preciso muito para convencer um Português a desfrutar de um copo de vinho connosco, a partilhar um pouco de comida, a partilhar um breve momento nesta nossa vida errática. Por muito lamechas que soe, a vida é uma compilação desses breves momentos. Portanto, dentro deste espírito, eu convidei alguns amigos para provar uns vinhos da região do Dão.

Casa da Passarella é uma propriedade que tem uma daquelas histórias tipo “adega arruinada salva por milionário”. A propriedade data de 1892 e era um projecto muito ambicioso de um senhor chamado Amand d’Oliveira. Plantaram 200 hectares de vinhas, que imagino tenha sido uma tarefa árdua naquela altura. Algumas dessas vinhas ainda existem. Mas como acontece com tantas outras propriedades, tudo acabou em ruinas. Pelo menos até 2007, quando a propriedade foi adquirida por Ricardo Cabral. Uns anos e uns milhões de euros depois, bada-bing-bada-boom, a Casa da Passarella começa a dar cartas novamente.

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Copo de Vinho – Foto de Ilkka Sirén | Todos os Direitos Reservados

Portanto, os meus amigos vieram cá a casa e eu abri uma garrafa de Casa da Passarella O Enólogo Encruzado 2012. O vinho começou tímido, mas passado um bocado começou a abrir. A maior parte dos encruzados que vejo aqui na Finlândia são muito relaxados e normalmente, bastante maduros mostrando toneladas de frutas tropicais. Podem ser bastante agradáveis, mas não é o estilo que normalmente escolho. Contrariamente, este vinho era menos frutado e mais contido, mostrando agradáveis citrinos e aromas de ervas verdes com um final longo, de deixar água na boca. Eu desafiei um bocado o vinho, ao emparelhá-lo com uma salsicha txistorra picante. Foi pura e simplesmente pecaminoso, e por pecaminoso quero dizer, pecaminosamente delicioso. A ligeira viscosidade do encruzado funcionou bem com as especiarias e a acidez cortou a gordura da salsicha, tornando a combinação deliciosa.

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Salsicha Chistorra & Casa da Passarella O Enólogo Encruzado 2012 – Foto de Ilkka Sirén | Todos os Direitos Reservados

Depois veio a altura do tinto. Provamos o O Oenólogo Vinhas Velhas 2010 tinto, um vinho feito de vinhas velhas com uma mistura de castas locais como Baga, Alvarelhão, Tinta Pinheira, Jaen, Tinta Carvalha etc. O nariz era especiado com boa fruta vermelha. O que eu gosto nestes vinhos do Dão que vêm de perto da Serra da Estrela é que são tendencialmente frescos. É sem dúvida uma região mais fresca, o que se consegue provar nos vinhos. Este vinho tinha uma boa estrutura, cheio de corpo e equilíbrio. Estava à espera de algo mais “rústico” mas, pelo contrário, revelou-se bastante polido. Cheio de corpo, taninos suaves, gosto persistente. Muito bebível agora mas dentro de 5 a 10 anos pode transformar-se num verdadeiro sedutor de deixar cair o queixo.

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Casa da Passarella O Oenólogo Vinhas Velhas 2010 Tinto – Foto de Ilkka Sirén | Todos os Direitos Reservados

Portanto, ali estávamos nós. A beber, a comer, a rir enquanto víamos o sol a pôr-se em Helsínquia. Só foi preciso um pouco de vinho, um bocadinho de comida e alguns amigos para me fazer, durante aquele breve momento, verdadeiramente feliz.

Contactos
Casa da Passarella
Rua Santo Amaro, 3, Passarella
6290-093 Lagarinhos
Telefone: 00 351 238 486 312
Email: info@casadapassarella.pt
Site: www.casadapassarella.pt

António Madeira, A Estrela em Ascensão do Dão Serrano

Texto Ilkka Sirén | Tradução Teresa Calisto

Estive recentemente num encontro de um grupo de wine bloggers Finlandeses. De vez em quando, este grupo de geeks sedentos encontra-se para provar alguns vinhos, normalmente “às cegas”, e comer boa comida. E já me conhecem, não é preciso muito para me convencer a comer e a beber.

Inicialmente era suposto fazermos um picnic ao ar livre, mas o tempo não esteve do nosso lado, por isso refugiamo-nos numa adega, localizada na baixa de Helsínquia. Toda a gente trouxe algumas garrafas e servimo-las “às cegas”, uns aos outros. A noite teve um começo dramático quando um dos bloggers deixou cair ao chão, uma garrafa de champagne Pommery NV dos anos 70, que se partiu juntamente com uma garrafa de Blanc de Noir, um vinho branco tranquilo de já-não-me-recordo-de-onde. Passados 15 minutos a praguejar e a desdenhar silenciosamente, continuamos com a prova. Na realidade, os rapazes conseguiram salvar parte do champagne antigo e vertê-lo em alguns copos de vinho, usando um filtro de café. Estava altamente oxidado e já tinha passado o seu auge há bastante tempo, mas ainda era bastante interessante para aqueles que gostamos de, ocasionalmente nos entregar à necrofilia viníca.

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Copo de Vinho – Foto de Ilkka Sirén | Todos os Direitos Reservados

Havia todo o tipo de vinhos a ser servidos, do neozelandês Grüner Veltliner ao Pinot Noir Catalão. Um dos vinhos que eu trouxe, foi um António Madeira Dão Vinhas Velhas 2011. Esta foi muito provavelmente, a primeira vez que foi provado na Finlândia e eu estava curioso por ouvir o que as pessoas pensavam do vinho.

António Madeira é um tipo francês mas que tem as suas raízes em Portugal. Começou a procurar uma vinha na região de vinho do Dão em 2010 e encontrou um vinhedo de 50 anos, que tinha sido negligenciado, no sopé da Serra da Estrela. António assumiu a tarefa de a recuperar e em 2011 produziu o seu primeiro vinho desta vinha. Eu tinha visto algumas fotografias deste lugar, que parece uma mini versão de Mendoza com a Serra nevada de fundo. Não tão grande nem dramática como os Andes, mas ainda assim muito bonita.

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Queijo – Foto de Ilkka Sirén | Todos os Direitos Reservados

Quando o servi aos meus amigos wine geeks na prova cega, eles tiveram muita dificuldade em localizar com precisão a sua origem. Não porque não tivesse um carácter distintivo, mas apenas porque os vinhos do Dão são quase completamente desconhecidos na Finlândia. Uma situação que espero que mude no futuro. A hipótese mais próxima foi a Galícia. Depois de cheirar e de provar, ou melhor, depois de o beber, a opinião geral parecia muito positiva. As pessoas reconheceram que ainda era um vinho muito jovem, mas que tinha sem dúvida potencial para envelhecer bem.

Então, o que achei do vinho? Eu já o tinha provado uma vez no evento Simplesmente Vinho, no Porto. Lembro-me de ter provado muitos vinhos nesse dia. Nestes eventos vínicos, mesmo um bom vinho, pode escapar ao nosso radar. Fiquei feliz pela oportunidade de o provar outra vez. O que me surpreendeu neste vinho foi o facto de António, que é um rapaz novo, não ter exagerado. Poderá questionar-se “porque é que isso é tão surpreendente?” mas, da minha experiência, muitas vezes quando estes jovens ases fazem o seu primeiro vinho, têm tendência a produzir vinhos para impressionar os outros ou para provar um ponto de vista. Demasiada extracção, demasiado carvalho, demasiado “natural” ou qualquer outra aldrabice. Deve manter-se o ego fora da equação e deixar que as vinhas falem por elas próprias e, neste caso, parece que António fez precisamente isso. Algo me diz que ainda vamos ouvir falar muito sobre os vinhos Dão Serrano no futuro.

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António Madeira Dão Vinhas Velhas 2011 – Foto de Ilkka Sirén | Todos os Direitos Reservados

António Madeira Dão Vinhas Velhas 2011

Esta velha vinha tem uma mistura de castas tradicionais Portuguesas como Tinta Pinheira e Negro Mouro. O vinho tem um toque muito clássico. Fruta vermelha viva com o aroma a pinheiro verde que encontro com frequência nos vinhos do Dão. Boa estrutura e frescura que lhe dá uma boa apetência a ser bebido, já nesta idade. O que poderá explicar por que motivo a garrafa se esvaziou tão rapidamente. Um vinho bem equilibrado que nos faz questionar por que motivo os vinhos do Dão não são conhecidos mundialmente. Bom, que seja ouvido! Estes vinhos conseguem conquistar as mentes e os corações de qualquer entusiasta vinícola de Tóquio ao Rancho Cucamonga.

Contactos
António Madeira
Tel: + 33 680633420
Email: ajbmadeira@gmail.com
blog “A palheira do Ti Zé Bicadas”
vinhotibicadas.blogspot.fr

Os Vinhos Enosexuais da Quinta das Bágeiras

Texto Ilkka Sirén | Tradução Patrícia Leite

A Bairrada poderá ser uma das regiões vitivinícolas menos conhecidas em Portugal. Para muitos é apenas um ponto preto no mapa. As pessoas de facto não parecem saber o que esperam quando bebem um vinho da Bairrada. O que dificulta ainda mais as coisas é o facto de não ser muito fácil chegar aos bons vinhos.

A casta tinta rainha da região é a Baga, que é na minha opinião uma das castas mais bonitas no planeta Terra. Quando um Baga é bem feito e um pouco envelhecido, pode enganar qualquer um numa prova cega, passando por um vinho top Nebbiolo de Piemonte. As castas brancas incluem Bical e Maria Gomes (Fernão Pires). A Bairrada também é conhecida por produzir um vinho espumante agradável. Mas se está à procura de carácter e não quer ficar entediado em provas estéreis, há um produtor na Bairrada de visita obrigatória, a Quinta das Bágeiras.

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Mário Sérgio Alves Nuno – Foto de Ilkka Sirén | Todos os Direitos Reservados

Mário Sérgio Alves Nuno é o proprietário e o enólogo “extraordinaire” desta quinta única. Na primeira vez que o conheci, ele fatiou e cortou um leitão inteiro com aquelas tesouras grandes mesmo à minha frente e serviu-mo como almoço. Foi amor à primeira vista. A propósito, o leitão da Bairrada é extremamente saboroso. Só isso já é um bom motivo para visitar a região.
Mário Sérgio produz tudo, desde vinho espumante até aos tintos. Também faz um vinagre espectacular, do qual me ofereceu uma garrafa na minha última visita. Há pouco tempo acabei-a e quase chorei. Preciso de mais desse vinagre o mais rápido possível.
Os vinhos são conhecidos por serem muito bons e têm uma personalidade distinta. Se procura vinhos frutados fáceis de beber, deve fugir a correr e a gritar numa outra direcção.
A adega está cheia daquelas colunas de garrafas inclinadas que desafiam a gravidade. Mas o braço direito de Mário, o senhor do chapéu engraçado, diz que elas nunca caiem. Felizmente os terramotos são raros na região.
A Quinta das Bágeiras faz também parte de um grupo de produtores chamado Baga Friends, que reúne Buçaco, Niepoort, Filipa Pato e alguns outros. Se estiver interessado em aprender mais sobre os vinhos da Bairrada e especialmente sobre a casta Baga, deve provar os vinhos deste gangue de enólogos talentosos.

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Foto de Ilkka Sirén | Todos os Direitos Reservados

Quinta das Bágeiras Garrafeira Branco 2012
O vinho é bastante fechado no início, o que não me surpreendeu nada. Aprendi a esperar estes aromas de libertação lenta de praticamente todos os vinhos Bágeiras. Depois de 20 minutos no copo, o vinho abriu e ficou com muito charme. Na boca, o vinho é muito bem estruturado. Acidez soberba e sabores de pêra e citrinos. É definitivamente um vinho digno de envelhecimento que podemos esquecer na adega por um tempo. Notável.

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Quinta das Bágeiras Garrafeira Branco 2012 | Quinta das Bágeiras Pai Abel Branco 2010 – Foto de Ilkka Sirén | Todos os Direitos Reservados

Quinta das Bágeiras Pai Abel Branco 2010
No momento em que abri a garrafa, gritei “merengue!”. Este vinho tem aquele aroma inconfundível, forte e voluptuoso, que quase me faz lembrar de alguns vinhos Meursault. No aroma parece um pouco como se alguém deixasse cair um palheiro na nossa cabeça e nos cobrisse de maçãs doces. Humm, parece uma cena do CSI. Talvez eu não tenha aproveitado a minha vocação como redactor da TV Hollywood? Outra vez, uma acidez de fazer crescer água na boca e alguns sabores a nozes. O vinho é bastante rico em textura, mas no final muito fresco. Já tem alguma idade e parece estar a evoluir muito bem, mas ainda pode continuar a evoluir por cerca de uma década.

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Photo by Ilkka Sirén | All Rights Reserved

Contacts
Mário Sérgio Alves Nuno
Fogueira – 3780-523 Sangalhos
Bairrada – Portugal
Tel: +351 234 742 102
Fax: +351 234 738 117
Site: www.quintadasbageiras.pt/
Email: quintadasbageiras@mail.telepac.pt

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A aventura vai começar

Texto Ilkka Sirén | Tradução Patrícia Leite

Vou ser muito honesto. Não tenho sido um grande fã do Alentejo como região vitivinícola. Sei que isso pode aborrecer algumas pessoas mas é a verdade. Eu não tenho nada contra o Alentejo, mas tenho andado sempre mais à volta das regiões do Norte de Portugal, como Bairrada, Dão, Douro e Vinho Verde. Isto acontece apenas porque, quando viajo para Portugal, normalmente apanho o avião para o Porto, de onde podemos ir até estas maravilhosas regiões do vinho de forma bastante rápida.

O Alentejo é um pouco mais distante e normalmente não tempo para me aventurar tão longe para sul. Por esse motivo, demorei algum tempo a ir conhecer a região, mas no ano passado isso finalmente aconteceu. E tudo o que posso dizer é, UAU! O Alentejo é mais do que bonito. Como poderemos não gostar das incríveis paisagens, dos azeites, dos sobreiros e do tempo quente. Já para não falar da terra de uma das “coisas vivas” mais deliciosas do planeta, o Porco Preto Ibérico. Por isso, se gostar de bastante sol e boa comida, então deverá definitivamente visitar o Alentejo.

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Aventura ‘2012/Susana Esteban e Saca-Rolhas – Foto de Ilkka Sirén | Todos os Direitos Reservados

Os vinhos são diversificados, tanto no estilo como na qualidade. Poderá encontrar alguns vinhos incríveis no Alentejo, mas provavelmente irá ter também umas quantas decepções. Mas para apreciar e entender plenamente estes vinhos, temos mesmo de visitar a região e eu mal posso esperar por lá voltar para descobrir o que mais esta região tem para oferecer.

A enóloga Susana Esteban andou durante dois anos à procura de vinhas no Alentejo antes de encontrar duas parcelas, cada uma com uma personalidade própria, a partir das quais começou o que parece ser um projecto muito promissor. Frescura não é a primeira palavra que me vem à cabeça quando penso em vinho Alentejano, mas de alguma forma a Susana conseguiu fazer dois vinhos equipados com uma frescura invulgar, que faz “saltar” a fruta vibrante como uma coelhinha da Playboy de um grande bolo. Não digo que estes sejam os dois vinhos mais excitantes do mundo, mas são uma lufada de ar fresco, muito bem-vinda, que irá contribuir para aumentar a já versátil gama de vinhos do Alentejo.

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Aventura ‘2012/Susana Esteban e Saca-Rolhas – Foto de Ilkka Sirén | Todos os Direitos Reservados

Aventura 2012 / Susana Esteban Vinho Regional Alentejano

Se juntar um punhado de umas lindas flores roubadas do bouquet do casamento do seu melhor amigo com uma pitada de pimenta preta e alcaçuz e depois esfregar esta combinação nas mãos, ela cheiraria exactamente como este vinho. Bem, é provável que o aroma não seria exactamente o mesmo mas muito próximo. Este vinho faz-me lembrar um Zweigelt apimentado da Áustria que uma vez provei.
Simples e directo, jovem, sem madeira com um final de mirtilos (não, eu não inventei isto). Com “apenas” 13,5%, o que é bastante moderado para o Alentejo, e com alguma acidez vigorosa, este vinho tem alguma capacidade de ser bebido mais tarde. Uma bebida agradável para nós que gostamos de embarcar em aventuras vínicas.

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Procura ‘2011 – Foto de Ilkka Sirén | Todos os Direitos Reservados

Procura 2011 Vinho Regional Alentejano

Este vinho peculiar foi o primeiro deste projecto. É um lote de Alicante Bouschet duma vinha perto de Évora com várias castas (“sabe-se-lá-quais”) de uma vinha mais velha e fresca em Portalegre. O vinho começa bastante intenso, porém delicado. Poderia até ser mais intenso se não fosse a forte acidez a mantê-lo controlado. Embora o nome do vinho seja Procura, por mais que eu procurasse não consegui nele detectar o álcool relativamente elevado. Com 14,5%, este vinho é equilibrado e tem um agradável sabor vibrante a fruta.

(Não sou um grande utilizador de decanters, mas se o for, pode querer experimentar decantar para ver se o vinho suaviza um pouco).

Contactos
Susana Esteban
Sede – Av. António Augusto Aguiar, Nº 100, 4º Esq. / 1050-019 Lisboa
Adega – Quinta Seca da Boavista / 7490-311 Mora
E-mail: susana@susanaesteban.com
Site: www.susanaesteban.com