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A nova imagem da Churchill’s

Texto José Silva

Uma empresa de produção de vinhos do Douro que existe apenas há 35 anos, fundada em 1981 por John Graham, mas que atingiu já a maioridade, produzindo vinhos de mesa e do Porto de grande qualidade, com características muito próprias e uma imagem aguerrida que não deixa ninguém indiferente.

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John Graham – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Em 1999 a Churchill’s comprou a Quinta da Gricha, no Douro, na zona de Ervedosa do Douro, perto de S. João da Pesqueira. São vinhas com alguma altitude, algumas delas muito velhas e com uma enorme variedade de castas, mesmo algumas dezenas, que dão origem a vinhos cheios de complexidade e elegância e uma frescura e acidez só possível com vinhas com aquela localização. Para os vinhos brancos de mesa compram uvas na outra margem do rio, na região de Murça, beneficiando, para além da altitude, de alguns solos graníticos.

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Centro de Visitas – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Em Vila Nova de Gaia têm um simpático Centro de Visitas, resultante da recuperação de instalações antigas, onde funciona um espaço para provas e loja de venda, mas onde também se podem apreciar tonéis de grande volume, onde envelhecem paulatinamente alguns dos vinhos do Porto da empresa. Foi ali que recentemente apresentaram à imprensa um novo vinho tinto, o Quinta da Gricha 2013. E que decorreu num almoço informal elaborado pelo chefe Victor Sobral.

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Directora Comercial Maria Emília Campos – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Enólogo Ricardo Nunes – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Antes disso, os CEO da empresa, John Graham e Maria Emília Campos, e o enólogo Ricardo Nunes, fizeram uma apresentação da empresa e dos vinhos que estavam a ser provados, onde se incluía o novo vinho tinto.

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Vista soberba – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Na sala superior deste delicioso espaço em Gaia, com uma vista soberba sobre as duas margens do rio e a ponte de D. Luís, provaram-se sete vinhos, começando com a curiosidade dum rosé, de que apenas fazem 2.000 garrafas, com screw cap. Um vinho jovem, muito fresco e com excelente acidez, sem grandes pretensões, mas muito agradável, mesmo para acompanhar alguns petiscos simples. Esgota num ápice! Depois foi o branco, composto por rabigato e viosinho, muito elegante, cheio de frescura e com uma acidez persistente que o torna muito gastronómico, um belo vinho. Seguiu-se o primeiro tinto, o Churchill’s Estates 2013, um entrada de gama composto por Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Roriz, elegante, simples e equilibrado. O Churchill’s Estates Touriga Nacional apresentou-se cheio de estrutura, perfumado, volumoso, muito elegante, com óptima acidez, muito característico, um belo tinto. Provou-se depois um Churchill’s Grande Reserva poderoso, resultante de vinhas velhas, com muitas, mesmo muitas castas da região, de várias propriedades, a dar-lhe complexidade, profundidade, uma boca ao mesmo tempo volumosa e exótica, um vinho para durar ainda muitos anos em garrafa.

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Os vinhos provados – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Veio então o novo vinho, o Quinta da Gricha 2013, também com origem em vinhas muito velhas, mas apenas da Quinta da Gricha, que se apresenta como a expressão máxima do terroir desta quinta. Muito mineral, com notas de frutos pretos,, cheio de corpo, com uma acidez fantástica, exuberante, um grande vinho tinto do Douro.

Finalmente provamos o Porto Quinta da Gricha Vintage 2013, um vintage clássico cheio de estrutura, com notas de cravinho, amora, figo, ameixa preta, chocolate preto e casca de laranja, muito complexo. Volumoso e com uma acidez incrível, muito freso, notas de especiarias, mirtilos, ainda jovem, vai ser muito interessante prová-lo daqui a alguns anos.

Seguiu-se então o almoço servido pelo chefe Victor Sobral, que começou com um robalo marinado com verduras, muito fresco, delicioso, que aguentou muito bem um surpreendente Dry White Port, cheio de frescura e levemente especiado.

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Robalo marinado – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Bacalhau – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

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Chocos – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Depois serviu-nos um naco de bacalhau sobre cama de grelos e puré de grão, com cebola caramelizada, muitíssimo bem conseguido, que casou muito bem com o vinho branco.

E depois a surpresa dum prato do litoral alentejano de que é originário, chocos com tinta e favas, fantástico. E que aguentou com galhardia os tintos Touriga Nacional 2012 e Grande Reserva 2011. A fechar a refeição beberam-se um Tawny 20 Anos e um Vintage de 1997, ambos já a um nível muito elevado. Lá em baixo, o Douro passava, pachorrento…

Quinta do Crasto, no coração do Douro

Texto Bruno Mendes

A Quinta do Crasto, situada no coração do Douro, entre a Régua e o Pinhão, é propriedade da família de Leonor e Jorge Roquette há mais de um século. São 70 hectares de vinha de um total de 130, que se elevam desde o rio até 600m de atitude.

Além da produção de Vinhos Douro DOC e Vinhos do Porto, aqui também se produz azeite. A paixão pelo trabalho, não só dos enólogos como também de todos os membros da equipa, juntamente com elevados investimentos em equipamento de ponta permite um conceito que concilia o respeito pela tradição e, simultaneamente, a permanente aprendizagem, aperfeiçoamento e inovação, que projectou a Quinta do Crasto nos mercados nacional e internacional.

A história da Quinta do Crasto é rica e vasta, começando pelas primeiras referências a esta Quinta que remontam a 1615. O nome Crasto deriva do latim Castrum que significa forte Romano.

Tudo isto e muito mais no vídeo abaixo.

Vinho de todo o lado – e a começar no Douro

Texto João Barbosa

Durante o período da Guerra Colonial, o Exército era abastecido com vinho engarrafado. «Nessa altura era proibido vender vinho a copo, porque o Estado desconfiava que era oportunidade para adulterar o vinho». Em 1965 rebentou o escândalo do «vinho a martelo», uma bebida «obtida por fermentação de açúcar e junção de água e corantes» – conta Vasco d’Avillez.

Branco ou tinto? Cheio! «A maioria das pessoas não fazia ideia do que era um vinho bom e bebia aquilo a que estava habituada, quer fosse tinto deslavado quer fosse branco oxidado e pesadão» – explica Vasco d’Avillez.

O enólogo Virgílio Loureiro conta que, «até à década de 60, o vinho em Portugal pouco mais era do que sempre foi ao longo dos últimos 250 anos. O local de culto do seu consumo e de compra era a taberna, onde era quase invariavelmente vendido a granel. A exigência dos clientes não era muita, pois o copo era servido cheio – não dando azo a que se pudesse apreciar o seu aroma – e geralmente bebido de um trago».

As tabernas de Lisboa e Porto, embora com preferências de origem (não regiões demarcadas) vendiam vinho de diferentes locais. O vinho provinha sobretudo da terra de origem do taberneiro.

A demarcação da região do Douro data de 1756, a empresa que a instituiu ainda existe – conhecida por Real Companhia Velha. Durante séculos, o Vinho do Porto era o negócio, os vinhos tranquilos não tinham relevo.

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Real Companhia Velha Grandjó – Photo Provided by Real Companhia Velha | All Rights Reserved

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Real Companhia Velha Grandjó – Photo Provided by Real Companhia Velha | All Rights Reserved

Esta firma detém marcas icónicas do Douro. Em 1912 foi criada a Grandjó, específica para vinhos de colheita tardia. Só na década de 60 surgiram os primeiros vinhos sem Botrytis Cinerea, para responder à procura de vinhos mais leves.

Em 1913 nasceu o Evel – «leve» escrito ao contrário. «O objectivo foi criar um vinho elegante, macio e leve», explica Pedro Silva Reis que preside à Real Companhia Velha. «Os primeiros vinhos, tais como hoje, correspondiam às características descritas: elegantes, macios e, de certo modo, leves. Naquela época existiam poucas marcas e apenas uma pequena parte do vinho consumido era engarrafado e rotulado. A marca notabilizou-se a partir dos anos 30 e 40, pelo que será de supor que terá demorado alguns anos até se considerar um verdadeiro sucesso». Nas duas décadas seguintes, o Evel chegou à mesa do chefe do Estado, passando os rótulos a ostentar a designação de «Fornecedora da Presidência da República».

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Real Companhia Velha Cellar – Photo Provided by Real Companhia Velha | All Rights Reserved

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Pedro Silva Reis – Photo Provided by Real Companhia Velha | All Rights Reserved

Real Companhia Velha tem também o oposto do Evel. O Porca de Murça, criado em 1928, homenageando um monumento pré-histórico. «Vinhos tintos potentes e encorpados. A produção dos brancos só aconteceu anos mais tarde. A marca atingiu altos níveis de fama entre as décadas de 40 e 60. Recentemente, a marca voltou a viver momentos de glória ao tornar-se a marca do Douro mais vendida no mundo» – afirma Pedro Silva Reis.

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Barca Velha 1952 – Photo Provided by Sogrape Vinhos | All Rights Reserved

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Casa Ferreirinha Colheita Seleccionada 1960 Reserva Especial – Photo Provided by Sogrape Vinhos | All Rights Reserved

Quando se fala no Douro, há dois vinhos obrigatórios, considerados, por muitos, como os dois melhores de Portugal: Barca Velha (1952) e Ferreirinha Reserva Especial (1960). A Sogrape estabeleceu que os vinhos com maior potencialidade de guarda se designem por Barca Velha e os que previsivelmente terão longevidade inferior se chamem Ferreirinha Reserva Especial.

O espírito e o estilo nunca mudam. Até ao presente saíram 17 Barca Velha e 16 Ferreirinha Reserva Especial (entre 1989 e 1987, a legislação não permitiu o uso do adjectivo «especial».

Foz Torto: Em busca da elegância

Texto Sarah Ahmed | Tradução Bruno Ferreira

Em 2000, Abílio Tavares da Silva, um empreendedor IT de Lisboa, começou a procurar por uma vinha. Certo que teria que ser no Douro, mas não foi fácil porque era meticuloso. Demorou cinco anos a encontrar o sítio certo. Nos dias que correm tem uma vista de topo sobre o Douro, em particular sobre as vinhas mais altas da Sandeman, na Quinta do Seixo, que está situada na outra margem do rio Torto, imediatamente oposta ao seu próprio pedaço de Douro, Foz Torto.

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Abilio Tavares da Silva no topo do mundo na Foz Torto – Foto de Sarah Ahmed | Todos os Direitos Reservados

Os 14 hectares de vinha, em patamares íngremes, da Foz Torto, descem até ao rio Douro. Não é apenas pela paisagem vertiginosa que se verifica desde o topo (320m) até ao rio (72m) que Abílio se sente no topo do mundo. Focando um pouco mais a questão, está a aperceber-se da paixão que o levou a vender o seu negócio, a realocar a sua família no Douro e a estudar enologia (tem um curso de Enologia da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro).

Porquê este lugar? Porque, diz Abílio, “estava à procura de elegância e equilíbrio e a minha vinha no rio Torto é conhecida, há já 200 anos, pelo seu poder e elegância”. “Maioritariamente em vinho do Porto”, acrescenta. E ainda hoje 80-85% das uvas são vendidas à Taylor’s para a produção de vinho do Porto. Atribui, parcialmente, esta reputação à Rufete, que é muito comum no Torto e “mais conhecida pela elegância do que pela força”.

Dito isto, substituiu cerca de 80% das vinhas originais (ficaram a sobrar 3 hectares de vinhas velhas). Justifica, “o vinhedo estava em mau estado porque pertencia a uma família que esteve envolvida em disputas em tribunal durante 10 anos”. A nova plantação inclui Rufete e Tinta Francisca, que o entusiasta de comida descreve como “condimentos” para a Touriga Nacional e a Alicante Bouschet também ali plantadas.

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O jardim de vegetais da Foz Torto – Foto de Sarah Ahmed | Todos os Direitos Reservados

Abílio é tão apaixonado pelos vegetais que plantou na Foz Torto quanto é pelas suas vinhas. Enquanto me dizia, “Acredito mesmo que as vinhas devem ser desfrutadas e visitadas como um jardim, e não apenas para produzir vinho.”, mostrou-me morangos, cebolas, feijões, batatas, árvores de fruto e oliveiras. Tal é zelo messiânico que tem pela intensidade de sabor da rúcula que me deu a provar que se esqueceu que (e eu também) estávamos prestes a provar os vinhos. A rúcula mais picante (tanto como o rabanete) que já provei e que, lamentavelmente, descalibrou o meu palato. Felizmente, Abílio foi amável e enviou-me amostras frescas para provar em Londres.

Os vinhos, o primeiros lançamentos, de 2010, são feitos com Sandra Tavares da Silva (não são parentes) que aperfeiçoou as suas habilidades de vinificação de Douro no Vale do Torto na Quinta do Vale Dona Maria antes de estabelecer a Wine & Soul com o seu marido, e também enólogo, Jorge Serôdio Borges. Abílio diz que Sandra é a “instrutora” para o “estagiário” que há em si. E, evidentemente, tal como eu, é um grande fã do requintado branco do Douro da Wine & Soul, Guru, já que adquiriu uma segunda vinha de vinhos brancos perto do local de onde provêm as uvas utilizadas na produção daquele vinho, em Porrais, Murça, a 600 metros de altitude. Devo dizer que gosto mais do Foz Torto branco, com grande personalidade, do que do tinto que, apesar de muito bem feito, não é tão elegante o quanto estava à espera dada a localização e o ano da colheita. Mas ainda são os primeiros tempos e Abílio gosta de estudar (para ele “o prazer é a viagem”). Estou mesmo interessada em acompanhar a evolução desta gama. De facto, com os conselhos da sua “instrutora”, que irão contribuir para que os seus vinhos sejam “mais elegantes e distintos”, já começou a instalar lagares para uma vinificação em quantidades menores na velha adega que está a restaurar no Pinhão. Como qualquer bom informático sabe que, “temos de prestar atenção a todos os pequenos detalhes”.

Aqui estão as notas relativamente aos seus últimos lançamentos:

Foz Torto Vinhas Velhas Branco 2013 (Douro) – produzido a partir de um pequeno (menos de um hectare) field blend maioritariamente composto por Códega do Larinho e Rabigato. Abílio disse-me que a vinha cheira a pólvora e, tal como o Guru, este vinho tem um perfil de cordite com, já no segundo dia, um toque feno-grego picante. Apesar de de não ser tão encorpado, poderoso ou longo quanto o Guru, gosto da sua mineralidade e do seu toque incisivo a toranja com limão mais maduro. Notas complementares e complexas de baunilha e óleo de limão, que se mostram graças ao envelhecimento em carvalho francês durante cinco meses. Tem muito do interesse e intensidade das vinhas velhas. 12.5%

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Um trio da Foz Torto – Foto de Sarah Ahmed | Todos os Direitos Reservados

Foz Torto Tinto 2012 (Douro) – Um blend com 40% Touriga Nacional, 30% Touriga Franca, 10% Tinta Francisca, 5% Tinta Roriz, 5% Alicante Bouschet, 5% Sousão e 5% Tinta Barroca de vinhas com 7-8 anos; foi fermentado durante 8 dias em tanque de inox e envelhecido durante 16 meses em barris de carvalho francês de 2º e 3º ano. Tem amora e ameixa maduras com chocolate preto, tanto no nariz como no palato, com ameixa, tabaco, couro, traços de whisky berber (chá de menta) e taninos de baixa granularidade. O tabaco está mais marcado no segundo dia. Um toque quente (álcool) atravessa a prova; beneficiaria com um pouco mais de definição e frescura. 14.5%

Foz Torto Vinhas Velhas 2012 (Douro) – um field blend de vinhas velhas com mais de 30 castas; foi fermentado durante 8 dias em tanque de inox e depois envelhecido durante 18 meses em barris de carvalho francês (30% novos, 70% 2º ano). Como seria de esperar, é mais concentrado, mineral e picante do que o cuvée mais novo, com cassis rico, mais maduro, ameixa preta mais suculenta e sumarenta e framboesa mais doce. O carvalho novo confere baunilha e notas mais pronunciadas de torrada e mocha. Um pouco maduro demais e quente para o meu gosto, apesar de beneficiar de taninos esbeltos e notas úteis de eucalipto no final. 14.5%

Quinta de La Rosa – vinhos concentrados e elegantes

Texto João Barbosa

A família Bergvist chegou a Portugal para produzir pasta de papel, a partir da madeira de pinheiro, instando-se em Albergaria da Serra, junto Rio Caima, perto de Constância, banhada pelo Tejo. Mais tarde passaria a utilizar o eucalipto.

O engenheiro sueco D. E. Bergqvist depressa aprendeu onde fica a cidade do Porto, vindo a casar-se com Claire Feueheerd, proveniente duma família no negócio do Vinho do Porto desde 1815. A Quinta de La Rosa, junto ao Pinhão, foi dada presente pelo técnico à sua apaixonada.

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Quinta de La Rosa – Foto Cedida por Quinta de La Rosa | Todos os Direitos Reservados

A data de 1815 é importante, pois foi é a data da Batalha de Waterloo e do fim do império de Napoleão. O antepassado Feueheerd veio para a cidade Porto, uma vez que precisava de reconstruir a vida, visto ter estado do lado do imperador francês enquanto político da cidade livre hanseática de Bremen. Curiosamente chegou a um país que lutou contra França e instalou-se numa cidade com forte presença inglesa nos negócios.

A propriedade chamava-se Quinta dos Bateiros e do outro lado fica a Quinta das Bateiras e um presente deve ser único, nomeadamente no nome. Porquê La Rosa? Sim, uma propriedade no Douro com um nome castelhano? Para mais com as diferentes origens da família… É que o pai de Sophia Bergqvist – que hoje dirige o negócio – tinha uma marca de Xerez chamada La Rosa. Ainda assim devo sublinhar que o artigo «La» foi usado durante séculos em português, como a famosa nau «Flor de La Mar» que se afundou com um enorme tesouro, em 1512.

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Sophia e Tim Bergqvist – Foto Cedida por Quinta de La Rosa | Todos os Direitos Reservados

É um passado distante, que daria para horas. A história recente da Quinta de La Rosa tem um marco no ano de 1988, quando produziu o seu primeiro vinho. Até essa data, os Bergqvist vendiam as uvas à Sandeman, um negócio iniciado em 1938. Apenas em 1985 é que o Vinho do Porto passou a poder estagiar no Douro, deixando de ser obrigatório fazê-lo em Gaia. Mas «o primeiro vinho a sério foi em 1991», diz Sophia Bergqvist.

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As vinhas íngremes – Foto Cedida por Quinta de La Rosa | Todos os Direitos Reservados

A Quinta de La Rosa é muito íngreme e com diferentes exposições solares. A conjugação dos factores luz, temperatura e altitude contribuem para a complexidade dos seus vinhos. Jorge Moreira, o enólogo, garante que ali os vinhos só podem sair muito concentrados, pois é a natureza que o impõe.

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Jorge Moreira – Foto Cedida por Quinta de La Rosa | Todos os Direitos Reservados

Penso que os tintos saem beneficiados, embora os brancos não deixem de ser de grande qualidade. O Quinta de La Rosa Branco 2014 traduz-se em mineralidade e notas de casca de limão verde e de pêra pouco madura. É um lote de gouveio, rabigato, malvasia, viosinho e códega de larinho.

O Quinta de La Rosa Branco Reserva 2014 é mais potente e exige comida na mesa. É bem seco e fresco, dominando os aromas de limão e tangerina, com notas abaunilhadas. Aqui, o carácter mineral é menos evidente. As castas são as mesmas do anterior.

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Quinta de La Rosa branco – Foto Cedida por Quinta de La Rosa | Todos os Direitos Reservados

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Quinta de La Rosa branco Reserva – Foto Cedida por Quinta de La Rosa | Todos os Direitos Reservados

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Quinta de La Rosa Rosé – Foto Cedida por Quinta de La Rosa | Todos os Direitos Reservados

O Quinta de La Rosa Rosé 2014 ficou aquém do que esperava. A soma das uvas de touriga nacional, touriga franca, tinta barroca e tinta roriz não transmitiram o Douro. Não sendo pesado, os 13,5% de álcool tornam-no contra-indicado para o almoço.

Os primeiros vinhos que conheci da Quinta de La Rosa foram os tintos e logo me apaixonei. Penso que estão uns socalcos acima dos brancos e bem acima do rosado. O douROSA Tinto 2013 é um retrato do Douro que mais gosto, com a terra de xisto e as ervas bravias secas. É seco sem ser austero e fez-se com touriga nacional, touriga franca, tinta barroca e tinta roriz.

O Quinta de La Rosa Tinto 2012 partilha esses traços identitários com o anterior e acrescenta alfarroba, menta, pimenta branca. É longo na boca. Um belíssimo vinho.

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douROSA tinto – Foto Cedida por Quinta de La Rosa | Todos os Direitos Reservados

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Quinta de La Rosa tinto – Foto Cedida por Quinta de La Rosa | Todos os Direitos Reservados

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La Rosa Reserva tinto – Foto Cedida por Quinta de La Rosa | Todos os Direitos Reservados

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Quinta de La Rosa Vintage Port – Foto Cedida por Quinta de La Rosa | Todos os Direitos Reservados

Um grande vinho – mesmo grande – é o La Rosa Reserva Tinto 2012. Tem tudo o que se pode esperar da região, desde a mineralidade do xisto, às cerejas, framboesas, geleia de morango, gomas pretas e chocolatinhos After Eight. Taninos muito agradáveis, vai como veludo. É fresco… e são 14,5% de álcool. Quase todo de touriga nacional, com uma parte de touriga franca.

O Quinta de La Rosa Port Vintage 2012 ainda está fechado, vai revelando alfarroba, cereja e um ramalhete de notas florais ainda pouco nítidas. É untuoso e vai longo. Dêem-lhe uns anos.

Contactos
Quinta de la Rosa
5085-215 Pinhão
Portugal
Tel: (+351) 254 732 254
Fax: (+351) 254 732 346
E-mail:holidays@quintadelarosa.com
Website: www.quintadelarosa.com

Vinhos Palato do Côa – sem pressas e com sonho

Texto João Barbosa

Em 2008, Carlos Magalhães, enólogo com prática no Alentejo e na Bairrada, descobriu a Quinta da Saudade, na aldeia de Muxagata, no concelho de Vila Nova de Foz Côa. Conhecendo as aptidões para a produção de vinho de qualidade, desafiou quatro amigos a comprar a propriedade, vindo mais tarde a juntar-se um quinto elemento.

Os seis sócios (Albano Magalhães, Bernardo Lobo Xavier, Carlos Magalhães, João Anacoreta Correia, João Nuno Magalhães e Manuel Castro e Lemos) propuseram-se atingir um patamar elevado: «criar serenamente os melhores vinhos do Douro».

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Os seis sócios in palatodocoa.pt

Obviamente que os desejos são partilhados por muitos, pelo que só fica bem pretender atingir o topo. Se todos visarem a excelência e daí nascer uma saudável competição, o resultado será um contínuo trabalho para valorização das marcas, da região e do país.

O Douro Superior não é fácil de aturar… É bastante frio no Inverno e no Verão tem as portas abertas para o Inferno. Porém – talvez por as videiras serem masoquistas – esta sub-região dá a nascer vinhos com grande reconhecimento dos consumidores, da crítica nacional e internacional.

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As vinhas in palatodocoa.pt

Carlos Magalhães afirma-se apaixonado pela Borgonha e que tem o sonho dos seus vinhos terem esse padrão. Não me parece fácil, devido às condições naturais dessa região francesa e as do Douro. Mas ele é que é o enólogo e conhece as suas uvas, os solos da quinta e o clima do local.

A Quinta da Saudade tem 7,5 hectares agricultados com vinha, com umas dezenas de anos. Aos quais se somam 8,5 hectares plantados recentemente. As variedades brancas são as tipicamente durienses rabigato, viosinho e códega de larinho. As tintas são as touriga franca, touriga nacional, tinta roriz e alicante bouschet.

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As uvas in palatodocoa.pt

A verdade é que os vinhos Palato do Côa apresentam-se com frescura. Os de entrada de gama mostram-se frescos e são vinhos bem-feitos, sem vaidades injustificadas. Ficam bem numa refeição em família, em que não visitas para qualquer cerimónia, ou para um convívio entre amigos, em que a efervescência da amizade não mata o vinho, nem este causa transtorno para divergir as conversas para críticas enófilas.

O Palato do Côa Reserva Tinto 2011 já exige mais atenção, que o ponham na mesa quando os sogros forem jantar lá a casa.

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Palato do Côa Reserva in palatodocoa.pt

Guardar vinhos para ocasiões especiais torna-se muitas vezes injusto, para o vinho e para o enófilo. Todavia, há vinhos que têm de ser bebidos já, antes que a juventude se consuma e restem apenas cinzas no «tal dia» em que a rolha sai da garrafa.

O Palato do Côa Escolha Tinto 2011 e o Palato do Côa Grande Reserva Tinto 2011 estão num patamar onde é difícil entrar. Tanto um como outro são belíssimas ofertas ao médico que nos operou ou aos sogros, no jantar de apresentação. Neste último caso, é precisa moderação para não os habituar «mal».

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Palato do Côa Escolha in palatodocoa.pt

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Palato do Côa Grande Reserva in palatodocoa.pt

Em Portugal diz-se – desconheço se noutros países e idiomas – que o Natal é quando um homem (ser humano) quiser. Por isso, que se bebam no Natal, tendo em atenção à temperatura de serviço e ao companheiro que espera no prato.

Fora de brincadeiras, os Palato do Côa Escolha Tinto 2011 e o Palato do Côa Grande Reserva Tinto 2011 devem ser poupados ao tempo quente, nos países com um Verão para escaldões. Pedem comida robusta e ar condicionado… pois que o Natal seja quando um homem quiser, mas não no tempo quente. Tanto um como outro merecem repousar algum tempo, no escuro e com temperatura acertada.

Contactos
Quinta da Saudade
Muxagata, Vila Nova de Fóz Côa

Albano Kendall Magalhães​
Email: akmagalhaes@palatodocoa.pt
Tel: +351 939 363 890

Carlos Magalhães
Email: carlosmagalhaes@palatodocoa.pt
Tel: +351 964 246 161

Website: www.palatodocoa.pt

VZ, uma marca da história do Douro

Texto João Pedro de Carvalho

Foi em 1780 que a Van Zeller’s & Co se estabeleceu oficialmente como empresa de Vinho do Porto, comercializando vinho até ao ano de 1930. Pelo meio a empresa teria sido vendida a outro grupo de Vinho do Porto sendo comprada novamente em 1933 por Luís de Vasconcellos Porto, dono na altura da Quinta do Noval. Esta compra viria a transformar-se numa generosa oferta para os seus netos (filhos da sua única filha Rita de Vasconcellos Porto casada com o bisavô de Cristiano van Zeller). Desta forma várias marcas da Van Zeller’s & Co fundiram com a Quinta do Noval, tais como Van Zellers e VZ.

Em 1980 tomou-se a decisão de reavivar a Van Zeller’s & Co tornando-a independente da Quinta do Noval, com a sua própria quinta e stocks de Vinho do Porto. Uma vontade que iria entrar num período de dormência, numa altura que envolveu a venda da Quinta do Noval à AXA e a respectiva venda da Van Zeller’s & Co para os donos da Quinta de Roriz, primos de Cristiano van Zeller. O tempo passou e só em 2006 é que a Van Zeller’s & Co com todas as suas marcas (que datam do século XIX) chegaria às mãos de Cristiano van Zeller, também por generosa oferta de um familiar.

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VZ Douro branco 2013 – Foto de João Pedro de Carvalho | Todos os Direitos Reservados

Os novos vinhos não tardaram muito em surgir no mercado, sendo o primeiro de todos um gama alta VZ Douro branco 2006, cujas uvas (Viosinho, Rabigato, Codega e Gouveio) provenientes de duas parcelas com idade média de 50 a 80 anos ficam localizadas no concelho de Murça. O resultado deste VZ Douro 2013 é um belíssimo branco, fermentado e com estágio de 9 meses em barrica com direito a battonage da autoria de uma equipa de enologia de luxo, composta por Cristiano van Zeller, Sandra Tavares da Silva e Joana Pinhão. Dá uma prova cheia de carácter, com o Douro bem vincado num conjunto que entrelaça e envolve com as notas ligeira tosta da barrica e a fruta (pêssego, citrinos, pera), coeso, sério, marcado por um final tenso e mineral. De igual modo toda a passagem pelo palato se enquadra com o já descrito, muito boa presença, amplo e com ligeira austeridade mineral em fundo. Todo o conjunto remete para um consumo que pode ser imediato ou para guardar por mais uns quantos anos na garrafeira.

Contactos
Lemos & van Zeller, Lda.
Rua de Gondarém, 1427 – 2º Dt. Ala Norte
4150-380 Porto
PORTUGAL
Telef. +351 223744320
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Grandes Quintas Colheita Tinto 2012

Texto João Barbosa

Conheço a Casa d’Arrochella desde 2010, quando me enviaram para prova o Grandes Quintas Colheita Tinto 2007 e o Grandes Quintas Reserva Tinto 2007. Anualmente, a firma envia-me vinhos para prova – também azeite – e gosto do que me chega.

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Grandes Quintas Colheita Tinto 2007 in Arrochela.com

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Grandes Quintas Reserva Tinto 2007 in Arrochela.com

A regularidade é um bem precioso. É importante não confundir regularidade com padronização. A regularidade dá um traço familiar, com as diferenças dos anos e a persistência do solo. A padronização é anonimato. Pode ser um bom produto, mas será mais do mesmo; pouco vinho e mais bem alimentar.

Estes vinhos são Douro e não se confundem com qualquer outra localização. Dentro das garrafas há o chão de xisto, da terra resultante do trabalho para a fazer, as ervas bravias prestes a secarem-se pelo calor do tempo das vindimas, sobressai a esteva, o aconchego da lenha de azinho e um modo nocturno de chegar aos sentidos. Na boca é fundo, escuro, denso e com persistência.

Nocturno? Sim. Porque vinhos destes, os Douro tradicionais, não devem ser bebidos de dia. São o sangue dos vampiros, para as conversas pausadas, depois do esforço do dia, para a serenidade do jantar, para as conversas sem fim à vista, enquanto música suave – não é música lamechas ou pirosa – participa no momento.

Os vinhos desta casa têm essa raça duriense, força e carácter. Acompanham comidas exigentes fisicamente, mas podem sobrar-lhes, deixando-se ficar na mesa e dispensando um fortificado ou destilado.

A ficha técnica não especifica as percentagens de cada casta do lote: touriga nacional, tinto cão, touriga franca e tinta roriz. Porque é Douro, a touriga franca brilha, deixando que as outras falem.

A touriga franca – sendo um híbrido não pode ser franca – tem essa nobreza de carácter, que é o de consentir que outras uvas tenham uma voz. Talvez todas – palavra perigosa – as grandes castas do mundo se imponham, exibindo-se como pavões ou absorvendo toda a luz. Esta cultivar duriense fica servindo de cenário, mas não de enfeite. É generosa e muito raramente consegue ter a qualidade que atinge no Douro… mais difícil ainda é conseguir dançar bem sozinha. Para o resultado não basta a natureza. Interpretar o que nasce e aproveitar o melhor é trabalho técnico, aqui da responsabilidade de Luís Soares Duarte, um dos melhores enólogos da região.

As uvas vieram da Quinta do Cerval (70%) e da Quinta de Vale de Canivens (30%), ambas situadas na sub-região do Douro Superior. Têm solos xistosos e as vinhas situam-se num intervalo de altitude entre os 200 metros e os 250 metros.

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Quinta do Cerval in Arrochela.com

Conheceu um curto estágio em madeira, com 60% do vinho a estagiar quatro meses em barricas de carvalho francês. Tenho alguma pena que não tenha vivido mais um pouco nesse ambiente, tinha a ganhar.

O produtor recomenda que seja decantado cinco minutos antes de servido. Talvez mais, digo eu. Livre como o abutre que voa no Parque do Douro Internacional, o carácter da touriga franca exige liberdade.

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Quinta do Pessegueiro Exibe Novidades

Texto João Barbosa

A humanidade agradece a grande quantidade de «o melhor vinho do mundo». Entre independentes, territórios com grande autonomia e Estados não reconhecidos, há 197 países. Destes, talvez só a Santa Sé não tenha um pé de vinha ou não fabrique uma garrafa de quarto de litro.

No total deve haver  um milhão d’«o melhor vinho do mundo» – que é um título democrático: tanto o camponês com 0,2 hectares, com o seu «vinho purinho», ao magnata, que despeja dinheiro, o conseguem fabricar.

Um homem – que se fez à vida e prosperou com mérito – tem uma ambição bem mais sensata: fazer um dos melhores vinhos do Douro. Refiro-me a Roger Zannier, que fez fortuna na indústria do vestuário, respeita e aprecia o vinho – e que tem uma outra propriedade, em França, nas Côtes de ProvenceChâteau Saint-Maur (cru classe).

Contrariamente a outros, incluindo os candidatos a ter «o melhor vinho do mundo», Roger Zannier não tem pressa. Estabeleceu um prazo – nem para ontem nem para amanhã; saudáveis oito anos – o que já dá pressão.

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Roger Zannier – Foto de Nuno Teixeira in mariajoaodealmeida.com

Não contratou um «enólogo voador», mas alguém com juventude, para trazer sangue novo, com capacidade reconhecida, e conhecimento da região. João Nicolau de Almeida (filho) toma conta do projecto.

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João Nicolau de Almeida in facebook.com/pages/Quinta-do-Pessegueiro/381339061883836

A firma apresentou em Lisboa os vinhos Aluzé Branco 2013, Aluzé Tinto 2011, Quinta do Pessegueiro Tinto 2011 e Quinta do Pessegueiro Vintage Port 2012. Cumpre um objectivo nem sempre alcançado: uma linha condutora, um perfil transversal que identifica a casa.

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Aluzé branco 2013, Aluzé tinto 2011, Quinta do Pessegueiro tinto 2011 and Quinta do Pessegueiro Vintage Port 2012 in facebook.com/pages/Quinta-do-Pessegueiro/381339061883836

A frescura aromática é traço comum a todos. Na prova de boca mantém-se essa agradável sensação. Somando-se – quase obrigatório – grande elegância, com fundura e persistência. Os quatro vinhos de pasto pedem comida. Pela elegância e suavidade, penso que a cozinha sofisticada lhe faça melhor companhia. Não afirmo que as comidas locais fiquem mal no retrato. O que quer expressar é a junção destes néctares, com o seu ADN duriense, com iguarias, com genética comum, mas trabalhadas de modo requintado.

Embora queiram um prato junto ao copo, os Aluzé fazem boa companhia quando se quer apenas conversar..

João Nicolau de Almeida estreou-se no engarrafamento do seu primeiro vintage. O Quinta do Pessegueiro Vintage Port 2012 está muito bem. Contudo, há mais caminho para andar. O mundo não acaba amanhã, os vintage são caprichos da natureza e não imposição dos homens… há tempo e saiba-se esperar pela ocasião.

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Quinta do Pessegueiro in quintadopessegueiro.com

Uma nota positiva é a qualidade arquitectónica das edificações, a recuperação da casa e a nova adega, com o traço dos arquitectos Artur Miranda e Jacques Bec. Não é um pormenor! Os edifícios funcionais – sejam para acolhimento, enoturismo de passagem, hotelaria, restauração e de fabricação – são um cartão-de-visita.

Infelizmente, são poucos os produtores que investem em boa arquitectura. Não é preciso contratar Norman Foster, Frank Ghery, Santiago Calatrava ou Siza Vieira. Há muito bons arquitectos portugueses, até jovens, capazes de criarem peças únicas. Este é mais um ensinamento de Roger Zannier.

Contactos
Quinta do Pessegueiro
Sociedade Agrícola e Comercial, Lda
5130-114 Ervedosa do Douro, Portugal
Tel : (+351) 254 422 081
Fax : (+351) 254 422 078
Email: quintadopessegueiro@zannier.com
Website: www.quintadopessegueiro.com

Maçanita – Irmãos e Enólogos

Texto João Pedro de Carvalho

Depois do destaque feito pela Sarah Ahmed acerca do enólogo António Maçanita, ver aqui, destaco agora o seu projecto a meias com a sua irmã também enóloga, Joana Maçanita, em terras do Douro. Joana e António há muito tinham um sonho de criar um vinho em conjunto onde fosse possível mostrar o caráter e personalidade de ambos, um vinho “à Maçanita” onde o carácter frutado é nota predominante. A oportunidade surgiu em 2011 pelas terras do Douro, onde Joana  realiza parte da sua atividade profissional.

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Joana Maçanita e António Maçanita – Foto Cedida por Maçanita Wines | Todos os Direitos Reservados

Por enquanto centramos atenções nos Maçanita, cujas três vinhas que lhes dão origem foram cuidadosamente escolhidas para enquadrarem o perfil de vinhos mais desejado pelos dois irmãos. As vinhas do Henrique e do Sebastião encontram-se no Douro, sub-região do Cima Corgo, perto do Pinhão, de onde saem as uvas da casta Touriga Nacional e Tinta Roriz para elaboração do Maçanita tinto 2013. Um vinho onde 50% do lote, estagia durante 8 meses, em barricas novas de carvalho francês. O resultado é um tinto que combina de forma harmoniosa a frescura com a presença da fruta, bem carnuda e sumarenta, mostrando boa presença. Sem mostrar ter uma grande complexidade, até porque neste vinho é a fruta que domina todo o conjunto, com ligeira sensação em fundo da madeira por onde passou. Na boca é fresco, a marcar presença desde o início com a fruta muito marcada, algum arredondamento que contrapõe com ligeira austeridade a fazer-se notar no final, por entre fruta e especiaria, num perfil gastronómico a pedir para acompanhar carne no forno.

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Maçanita branco e tinto 2013 – Foto de João Pedro de Carvalho | Todos os Direitos Reservados

Já o branco, direi que foi uma belíssima e refrescante surpresa também da colheita de 2013. Vem de perto da Régua em Poiares, onde se encontra a Vinha da Margarida, situada a 650 metros de altitude, com as castas Viosinho, Gouveio e Malvasia Fina. Com a passagem apenas a ser feita no frio do inox, algo tenso mas muito limpo e definido de aromas centrados nas castas e sem grandes divagações, notas de citrinos em harmonia com aromas florais, um perfume que o torna muito atraente ao mesmo tempo que a frescura o embala. No palato é convincente, cativante, com a acidez a envolver toda a boca numa muito boa harmonia entre fruta/flores e uma mineralidade marcante no final.

Contactos
Quinta da Poça 5085-201 Covas do Douro Pinhão
Tel: (+351) 213 147 297 / 919 247 318
Fax: (+351) 213 643 018
Email: geral@macanita.com
Website: www.macanita.com