image Adega de Sabrosa, o Douro Cooperativo. image Os Muros de Anselmo Mendes

Encontros com o Vinho e Sabores da Bairrada

Em mais uma excelente organização da Revista de Vinhos, tiveram recentemente lugar os quartos Encontros com o Vinho e Sabores da Bairrada. Foram utilizadas as belíssimas instalações do Velódromo de Sangalhos e do Museu do Vinho da Bairrada, em Anadia. Foram três dias intensos, entre provas nos stands dos vários produtores bairradinos ali presentes, visitas a algumas quintas e provas comentadas muito interessantes. No primeiro dia foi a visita ás caves de Sidónio de Sousa, um clássico bairradino. Depois duma rápida visita á adega, já a rebentar pelas costuras e a aguardar a inauguração dum novo pavilhão, foi servido um almoço pelo restaurante Magnum, com um polvo excelente como prato principal, acompanhado por alguns dos belíssimos espumantes e tintos da casa. O tinto Baga 1991 continua num nível superior, sedoso, elegante, estruturado, um belo vinho. Da parte de tarde na prova comentada de vinhos, já no Velódromo, João Paulo Martins presenteou-nos com 12 vinhos de sua escolha, com a particularidade de provarmos quatro brancos completamente diferentes, a provar a potencialidade da região para fazer vinhos tão diversos e sedutores.

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Vinhos – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Á noite, no Velódromo, o jantar foi servido pela Nova Casa dos Leitões. Depois de alguns petiscos e entradas, os leitõezinhos, saídos do forno, perfilaram-se para serem trinchados a preceito.

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Leitões – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

No segundo dia foi a visita ás Caves Messias, na sua Quinta do Valdoeiro. Ali pudemos ver uma grande extensão de vinha e uma parcela de Baga carregada de cachos e cuja vindima estava programada para…12 de Outubro, muito para lá do equinócio. Sinais dos tempos! Um almoço divertido e variado, com carnes grelhadas em rodízio, teve a companhia de vários vinhos da casa, com algumas novidades já no mercado, com destaque para o Valdoeiro Reserva Branco 2010 e o espumante Messias Grande Reserva Baga Bairrada 2012 com um perfil duma extrema elegância.

Á tarde foi a vez duma prova comentada pelo Luis Lopes, no Museu do Vinho da Bairrada, com uma viagem fantástica por mais de 20 vinhos tintos, em que foram confrontadas as colheitas de 1991, 2001 e 2011. Viagem inebriante, variada, saborosa e muito esclarecedora do que são, como estão e que potencialidade têm estes tintos fantásticos. O Luis Lopes no seu melhor. No fim, brindamos com espumante, claro! Á noite o jantar foi servido pelo restaurante Sal Poente, num delicioso passeio por várias receitas de bacalhau. Sempre na companhia de vinhos da Bairrada.

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Prova de vinhos – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

A última visita foi á Quinta de Baixo, na Cordinhã, agora dum homem do Douro mas apaixonado pela Bairrada e um dos fundadores dos Baga Friends: Dirk Niepoort.

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Quinta de Baixo – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

Uma velha paixão tornada realidade, com uma excelente equipa de viticultura e enologia, liderada pelo Sérgio, um bairradino de alma e coração. Ali as castas autóctones são acarinhadas e levadas a produzir belos vinhos, embora com um estilo e vários perfis bem diferentes. A visita á adega foi esclarecedora do tipo de trabalho ali efectuado, sempre com enorme paixão, e a grande surpresa foram os vinhos que se provaram directamente das barricas, que estão a estagiar em toneis antigos, alguns com mais de 60 anos de idade, com capacidades a rondar os 1.000 litros, que o Dirk foi comprar á Austria e á Alemanha, e que albergaram durante anos vinhos brancos de algumas das regiões vinícolas daqueles países. Com a particularidade de nunca serem lavados nem queimados, ou seja, de não terem trabalho de tanoaria, o que lhes confere uma “patine”fantástica que vai ajudar a evolução dos seus irmãos bairradinos. O que se provou era excelente, grandes vinhos com o toque do Dirk.

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Dirk Niepoort – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

 

Seguiu-se um almoço em que nos deliciamos com vários petiscos e uma caldeirada de lulas confeccionada pelo próprio Dirk, com alguma ajuda. Com os aperitivos provou-se um espumante que ainda tinha a carica do estágio e foi aberto á la volée ali mesmo á nossa frente, um VV Bical  e Maria Gomes, um bruto natural!! Para além de vários vinhos da Quinta de Baixo, com destaque para o Lagar de Baixo Baga e o Poeirinho Baga, o Dirk não resistiu a abrir um vinho mais velho da quinta e um vinho Barolo italiano. Para a sobremesa, um vinho do Porto, pois claro.

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Vinhos – Foto de José Silva | Todos os Direitos Reservados

E tinha chegado ao fim, mais esta jornada fantástica numa das regiões com mais futuro da vitivinicultura portuguesa…

Texto José Silva

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