Posts By : Olga Cardoso

AETERNUS – o novo topo de gama da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo

 

Créditos – Grupo Amorim

O AETERNUS é o novo topo de gama da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo. Trata-se de um tinto que sairá para o mercado apenas em anos considerados de excepcional qualidade. A edição inaugural é da colheita de 2017, ano do falecimento da pessoa que o mesmo pretende homenagear – Américo Amorim.

Com o lançamento deste vinho, o Grupo Amorim visou não só fazer um tributo ao seu maior impulsionador, como também assinalar os 20 anos de presença da família Amorim no sector dos vinhos. A Quinta Nova foi adquirida em 1999, sendo na época propriedade da Burmester – empresa/marca entretanto vendida à Sogevinus.

Empreendedor nato, empresário notável e figura de proa da economia nacional, para além da família, era no Alentejo que Américo Amorim tinha o seu porto de abrigo. A extensão, a temperatura e a languidez daquela região mexiam com ele. O Alentejo proporcionava-lhe a paz que o permitia relaxar e pensar, como também a energia que o fazia crescer e evoluir. Tinha com aquela região uma relação quase umbilical, já que era nela que, maioritariamente, se desenvolvia a origem do negócio da sua família – o montado de sobro! No entanto, era também um apaixonado pelo Douro, pelos socalcos da vinha centenária e pelos quilómetros de muros de xisto que enriqueceram a região ao longo dos tempos. Melhor do que ninguém, sabia dar valor ao trabalho hercúleo existente por trás de todo aquele excesso de natureza – nas palavras de Miguel Torga. Não conseguiu ficar indiferente à beleza da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo e nela encontrou a concretização de um sonho antigo – a produção de vinhos de qualidade superior.

Foi na Fundação Albertina Ferreira de Amorim, em Mozelos – Santa Maria da Feira, lugar onde nasceu e cresceu Américo Amorim, e casa onde ainda hoje a família se reúne para passar o Natal, que Luísa Amorim (a sua filha mais nova e a responsável pelos negócios familiares no sector dos vinhos), recebeu a imprensa para o lançamento deste vinho de homenagem.

No âmbito de um discurso emotivo, do qual gostámos tanto ao ponto de lhe pedirmos que o partilhasse posteriormente connosco, deu-nos a conhecer um pouco mais daquilo que foi a vida do seu pai, enquanto homem e empresário.

Créditos – Grupo Amorim

O nome não poderia ter sido melhor escolhido. AETERNUS – faz jus a um homem que se imortalizou através do seu legado. Não daquele que deixou aos seus herdeiros, mas aquele que deixou a todos nós, Portugueses. Um exemplo que englobará sempre uma enorme capacidade de trabalho, uma grande noção estratégica, uma gestão competente e uma combinação quase extranatural entre visão e intuição. Mais do que a capacidade de investir em certos negócios, admirar-lhe-ei sempre a capacidade de sair, na altura certa, de outros tantos.

AETERNUS possuí também o A de Américo, o A de Amorim e relembrará sempre uma das suas frases ou observações mais marcantes e até polémicas: “Às vezes falam-me da minha sucessão e eu digo – sou eterno”. Claro que ele sabia que não o era enquanto ser terreno, mas também não ignorava que tinha conquistado esse lugar no mundo dos negócios. Irão passar várias décadas, senão mesmo séculos, até aparecer outro Américo Amorim na história de Portugal.

E por falar em história, a família/Grupo Amorim não tem uma longa existência no mundo dos vinhos, mas registou nele já alguns méritos. Reconheço-lhe pelo menos dois. A saber:

1 – O Grupo Amorim é um, se não mesmo o maior responsável pelo incremento do enoturismo de qualidade na região vinhateira do Alto Douro. E olhem que eu não sei isto meramente por ler em jornais ou revistas. Sei isto por experiência própria. Comecei a fazer enoturismo numa altura em que não havia nada…ou praticamente nada no Douro e, menos ainda, noutras regiões do país. Por essa razão, sei exactamente o que representa a Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo no âmbito do enoturismo.

2 – Elaboração de vinhos de qualidade e posicionamento em conformidade. Encabeçar a produção de vinhos de qualidade e saber posicioná-los de forma adequada, não estará ao alcance de qualquer um. Ao fazê-lo, prestam não só, como também, um bom serviço a Portugal enquanto país produtor de vinho. Chega de “vender” Portugal como produtor de vinho barato. A qualidade é algo caro, em Portugal ou em qualquer parte do mundo, no sector do vinho ou noutro qualquer.

Se existirem empresas que consigam catapultar Portugal para este patamar de reconhecimento internacional de valor e, consequentemente, de preço… só teremos mesmo é que agradecer.

Créditos – Grupo Amorim

O ano de 2017 foi um ano extremamente quente e seco, durante o qual a evolução das condições climáticas teve como consequência o adiantamento significativo do ciclo vegetativo, fazendo com que a vindima tenha sido uma das mais precoces de que há memória. A ausência prolongada de chuva e as temperaturas elevadas até Junho tiveram grande impacto nas vinhas, levando a perda de produção, nomeadamente pela desidratação ocorrida nos cachos, conduzindo a um aumento da concentração.

O perfil clássico do AETERNUS 2017 denota a robustez das castas autóctones, “a rugosidade do tempo e a persistência da mão humana na construção dos ditos quilómetros de xisto – que Américo Amorim comparava à muralha da China”.

“Portanto, achámos que se tivéssemos de fazer uma homenagem teria de ser exactamente com este vinho, por aquilo que o meu pai significava como pessoa e por aquilo que este vinho também significa para nós” – disse Luísa Amorim.

Com a Natureza a mostrar toda a sua imprevisibilidade, foi preciso convocar a larga experiência da equipa de enologia e viticultura da Quinta Nova, liderada pela dupla Jorge Alves e Ana Mota (enólogo e viticultora) que, no momento certo, soube intervir e fazer frente a uma das vindimas mais difíceis de sempre.

No entanto, o resultado foi surpreendente, sendo este AETERNUS um bom exemplo disso. Um vinho de enorme concentração, complexidade, suave textura, com excelente frescura e grande persistência. Foram produzidas pouco mais de 3500 garrafas e o seu PVP é de 140,00€. Um presente de natal seguramente memorável para qualquer amante de vinhos!

Olga Cardoso

Artigo publicado inicialmente no site Wine & Stuff 

Herdade Aldeia de Cima
Herdade Aldeia de Cima – A kind of magic!

Herdade Aldeia de Cima

A Herdade Aldeia de Cima é uma propriedade de grande dimensão, com uma enorme extensão de sobro e azinho, ou não se tratasse de uma herdade de montado.

Em 2017, Luísa Amorim e o marido, Francisco Teixeira Rêgo, decidem recuperar um complexo de casas e edifícios agrícolas devolvendo vida a um lugar situado precisamente na fronteira entre o Alto e o Baixo Alentejo dando então origem a Herdade Aldeia de Cima.

Uma boa parte da Serra da Mendro (cerca de 1750 hectares) estão incluídos na propriedade que se divide por dois concelhos e dois distritos. Parte da herdade está situada em Portel, distrito de Évora (onde está localizada a adega) e outra parte está situada na Vidigueira, distrito de Beja, onde se encontra a maior parte da vinha. Uma curiosidade que contribui muito para a sua diversidade e peculiaridade.

A Luísa conhecia bem este Alentejo diferente, por onde foi tantas vezes conduzida pela mão do seu pai Américo Amorim, e lembrava-se bem também dos frescos e sedosos vinhos alentejanos anteriores à invasão das castas internacionais.

O gosto por estas terras e por este perfil de vinhos ia dando lugar ao sonho de aqui produzir os seus próprios vinhos, plantando vinhas em áreas da herdade que não possuíssem sobreiros. Queria plantar castas típicas ou perfeitamente adaptadas à região, mas queria plantá-las também em altitude, tirando partido das boas características que daí se podem obter. Uma espécie de inovação na continuidade.

E foi nessa sequência que desafiou Jorge Alves a fazer uns vinhos com forte tipicidade alentejana, texturados e frescos, com castas típicas e com recurso a uma enologia que permitisse exprimir correctamente o terroir, uma enologia que “deixasse falar a região”.

Se a experiência corresse bem, partiria para a construção de uma adega através da recuperação de um antigo armazém, preservando assim a arquitectura típica do local e para a plantação de vinha.

Herdade Aldeia de Cima

Com a ajuda de produtores amigos e vizinhos (Cortes de Cima e Rocim) meteram mãos à obra e produziram os seus primeiros vinhos, com uvas provenientes de parcelas situadas em Estremoz, Portalegre e Vidigueira. A experiência não poderia ter corrido melhor e o sonho de Luisa começava a ganhar forma.

Era tempo de desenhar e plantar as vinhas. Foram projectadas 4 vinhas, duas para 2019, a Vinha dos Alfaites – no ponto mais alto da Serra do Mendro (cerca de 400 metros) e a Vinha da família no Planalto do Mendro em Santana, com apenas um hectare e mesmo à entrada da adega, em vaso, e só e com castas mais tradicionais, tais como, Diagalves, Moreto, Perrum, Tinta Caiada, Tinta Miúda, etc..

Para 2020 estão pensadas mais duas vinhas. A Vinha de Sant’Anna, com 2 hectares e as castas Roupeiro e Perrum, e a Vinha da Aldeya, também ela situada em Santana, com 4 hectares e as castas Antão Vaz, Arinto, Alvarinho e Aragonês. Nesta herdade não existe planície, mas tão só planalto e serra.

A Vinha dos Alfaiates foi a primeira a ser plantada e aquele relevo acidentado, atravessado pela Ribeira dos Alfaiates, inspirava à implantação de um modelo único e singular no Alentejo. Falamos de 14 hectares de vinha cultivada em função das curvas de nível do solo, com declive de 30 a 40% de altitude, cotas de 300 a 390 metros, exposições solares ideais e uma amplitude térmica invulgar, essencial para imprimir frescura ao vinho. As castas escolhidas foram a Trincadeira, o Alicante Bouschet, o Antão Vaz, o Aragonês, o Alfrocheiro e um bocadinho de Baga.

A Baga e o Alvarinho previstos para os encepamentos, foram pensados em pequenas quantidades e apenas para corrigir lotes.

Esta é assim a primeira vinha em patamares tradicionais de 1 bardo no Alentejo, que usufrui de uma panorâmica estonteante entre o Alto e o Baixo Alentejo. É algo de muito improvável que se tornou realidade. É caso para dizer que o impossível se realizou. Quem alguma vez ousou pensar em vinhas em patamares no Alentejo? Pois é…“Deus quer, o Homem sonha, a obra nasce”!

Herdade Aldeia de Cima

O passo seguinte foi a construção da adega, tendo terminado mesmo a tempo desta última vindima de 2019. É uma adega destinada à produção de 100 a 120 mil garrafas ano e equipada com diferentes depósitos para fermentação e estágio, como barricas de carvalho francês de 500 lts, balseiros, turtle tanks (ânforas moldadas em pó cerâmico sobre uma estrutura de fibras naturais) tinajas em terracota e cubas em cimento Nico Velo.

Aqui procura-se qualidade em detrimento da quantidade. Procuram-se texturas, mineralidade dos solos, antiguidade, história e tradição.

Marcada pelo encontro entre o passado e o futuro, esta adega pequena, simples e funcional, instalada num edifício tipicamente alentejano, vai proporcionar uma enologia de intervenção mínima, onde se pretende evidenciar a complexidade e heterogeneidade dos solos e o diferente carácter das micro parcelas e castas.

Para quem já visitou esta herdade, e eu tive a sorte de lá ter estado no âmbito de um evento que nunca mais irei esquecer, tal era a alegria contagiante e energia positiva que emanava de toda a equipa, é fácil perceber todo o encantamento e felicidade que envolvem este projecto.

Estar no cimo daquela vinha em patamares na Herdade Aldeia de Cima, com Beja no horizonte e Vila de Frades mesmo ali aos pés, foi um momento verdadeiramente desconcertante e repleto de magia. Foi um momento tão mágico que eu só me lembrava da música dos Queen – A kind of magic – “One dream, one soul, one prize, one goal…”.

Mas os momentos mágicos não se iriam ficar por aqui. De regresso à casa principal da herdade, fomos recebidos por um grupo de Cante Alentejano que cantou para nós sob um pôr do sol maravilhoso enquanto o José Avillez nos preparava uns finger food deliciosos e provávamos o Aldeia de Cima Reserva Branco 2017. Foi um momento tocante.

Os restantes vinhos foram servidos durante o jantar, também ele muito especial. Tudo muito bem organizado. A qualidade na simplicidade.

Este é um projecto que vou querer seguir de perto. Espero com ansiedade pelos vinhos produzidos com uvas desta herdade, que se esperam lá para 2023 ou 2024. A ver pelos que estão a ser produzidos com uvas provenientes de parcelas situadas fora da herdade, pela qualidade da equipa e a genuinidade que envolve todo o projecto, certamente que irão ser grandes vinhos. Herdade Aldeia de Cima…I have a crush on you!

Herdade Aldeia de Cima

Aldeia de Cima Reserva Branco 2017 – Produzido a partir das castas Arinto (33%), Alvarinho (33%) e Antão Vaz (34%), provenientes da Vidigueira, este branco apresenta um nariz com notas de citrinos maduros, flor de laranjeira e ameixa branca. As notas provenientes da madeira são muito suaves, dado que os nove meses de estágio em barrica ocorreram maioritariamente em madeira usada (80%). Na boca a suas notas varietais também se fazem sentir, nomeadamente a casca de laranja. Destaca-se a sua forte untuosidade e largura de boca, tornando-o num vinho cheio, redondo e harmonioso.

Aldeia de Cima Reserva Tinto 2017 – Feito a partir das variedades Trincadeira (40%), Aragonez (30%) e Alfrocheiro (30%) e com uvas vindas de parcelas situadas na Vidigueira, Estremoz e Portalegre, este tinto permite-nos imergir completamente no Alentejo. Estagiou em diferentes tipos de depósitos como barricas de carvalho francês de 500lts, 30% usadas e 20% novas, 30% em cimento e 20% em tinajas de barro. Seco, suave e sedoso, revela a fruta em perfeita combinação com as notas de especiarias. Complexo e elegante, possui grande finura de boca e um bom caracter gastronómico. Um belíssimo exemplar alentejano.

Alyantiju Branco 2017 – Um vinho de tese nas palavras de quem o fez e eu concordo inteiramente. Trata-se de um extreme de Antão Vaz vindimado no momento certo, depois da espera pela maturação aromática e fenólica. Fermentou em barricas novas de carvalho francês de 500 lts, durante 9 meses. O nariz ainda se mostra algo fechado e revela evidentes notas tostadas. Pimenta branca, citrinos maduros e pedra molhada também se fazem sentir. Na boca é uma verdadeira explosão de prazer. A sua amplitude e profundidade, em conjunto com a sua frescura e a sua acidez vibrante conferem-lhe uma prova de boca marcante e colossal. Eu não sou muito fã de vinhos com uma presença da madeira tão notória, mas não consegui ficar indiferente a este Antão Vaz pleno de charme e elegância.

Alyantiju Tinto 2017 – Produzido exclusivamente a partir da casta Alicante Bouschet este tinto remete-nos para um Alentejo intemporal e sofisticado. Mostra-se preto e opaco, quase impenetrável à luz. Vivo nos taninos, bastante especiado e generoso na acidez, tem tudo para se converter num sedutor nato, capaz de entusiasmar desde o primeiro momento. Um dos seus melhores vinhos de sempre, nas palavras de Jorge Alves, é um Alicante Bouschet complexo, profundo e desconcertante. Poderoso e tenso mas simultaneamente macio e sedutor. O final de boca marca pela frescura quase inacreditável e pela sua pujante persistência.

Olga Cardoso

Um texto publicado inicialmente no site Wine & Stuff

QUINTA NOVA de Nossa Senhora do Carmo

Qualidade, Rigor e…Un Petit Quelque Chose!

O nome da Quinta não é só Quinta Nova, como vulgarmente é conhecida, mas sim – Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo. Um nome um bocadinho grande, é certo, e que se prende sempre a algumas dúvidas e questões junto dos diferentes visitantes. Uma vez chegados à Quinta e olhando para a fachada da sua histórica adega, que exibe a data de 1764, todos os meus enoturistas – nomeadamente os brasileiros – invariavelmente perguntam como é que a Quinta se chama Quinta Nova se na realidade é do século XVIII?!

A resposta é simples. A Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo nasceu na primeira metade do século XVIII, e é o resultado da junção de duas velhas quintas. Dessa junção de duas velhas quintas, surgiu uma nova quinta e daí o nome Quinta Nova. A designação Nossa Senhora do Carmo relaciona-se com a Santa Padroeira da capela localizada na propriedade junto à margem do rio Douro. Naquela perigosa zona do rio, os tripulantes dos barcos rabelos eram vítimas de frequentes naufrágios, suplicando pela protecção daquela santa. Assim, e na sequência de uma promessa dos mareantes, foi construída a pequena capela, albergando uma imagem em pedra daquela padroeira e renomeando a propriedade para Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo.

Nas mãos da família Amorim desde 1999, esta propriedade é actualmente gerida pela 4ª geração da família, designadamente por Luísa Amorim. A Luísa é uma das grandes responsáveis pelo incremento do enoturismo no Douro e futuramente noutras regiões vitivinícolas nacionais também. A Quinta da Taboadella no Dão, iniciará a sua actividade em 2020 e será certamente uma lufada de ar fresco para uma região que necessita imenso de sangue novo, empreendedor e esclarecido. No entanto, as novidades não se ficarão por aqui. Outros projectos e outras regiões irão surgir em breve e disso darei futuramente a devida nota.

Desta vez irei apenas falar de 4 topos de gama da Quinta Nova. Tenho, desta feita, a minha tarefa completamente facilitada. Em breve sairão dois outros artigos, mas de momento, são mesmo os topos de gama disponíveis no mercado que prendem a minha atenção.

Antes de passar à descrição dos vinhos, impõe-se dizer que o enólogo da casa, o simpático e carismático Jorge Alves, foi este ano considerado o melhor enólogo do ano, ex-aequo com o seu amigo e sócio – Celso Pereira, pela Revista Vinho Grandes Escolhas.

QUINTA NOVA ROSÉ RESERVA 2017 (PVP +/- 17€)

Na cor apresenta-se de um rosa pálido, um tom a fugir para um salmonado intenso, à semelhança de muitos dos bons rosés franceses de La Provence. O seu aroma é complexo, com notas de pedra molhada, framboesas, groselhas e demais frutos silvestres. Notas a morangos frescos são também bastante evidentes. A sua prova de boca é uma mistura de frescura com sofisticação, fazendo dele um dos melhores rosés nacionais. Apresenta um corpo robusto, com uma acidez correcta, associado a uma delicadeza e um equilíbrio notáveis. Um rosé ambicioso, requintado e com forte cariz gastronómico, fazendo assim toda a diferença numa mesa que o mereça.

MIRABILIS BRANCO 2017 (PVP +/- 42€)

Com uma cor amarela cítrica intensa, este branco duriense revela uma enorme grandeza aromática. Laranja e flor de laranjeira no primeiro embate, pêssegos, nectarinas e damascos de seguida, passando por ligeiros e elegantes fumados e terminando com notas intensas de pedra molhada, revelando o seu enorme caracter mineral. A sua boca é absolutamente perfeita, revelando a presença de fruta de enorme qualidade, uma madeira delicadíssima e muitíssimo bem integrada, uma acidez al dente e um final longo e persistente. Não tenho receio nenhum de assumir que considero este MIRABILIS 2017, um dos melhores vinhos brancos nacionais de sempre!

QUINTA NOVA REFERÊNCIA 2016 (PVP +/- 50€)

Vinho produzido a partir da casta Tinta Roriz (75%) e Vinhas Velhas (25%). Nariz delicado, onde a fruta vermelha e algumas notas especiadas predominam. Notam-se, efectivamente, evidentes sensações de noz moscada, tomilho e pimenta preta. Na boca revela uma estrutura e um vigor, que se conjugam na perfeição com a clareza da fruta, a integração das notas fumadas e a acidez adequada. Elegância e equilíbrio são os dois adjectivos que melhor descreverão este vinho, com um final longo e persistente.

QUINTA NOVA GRANDE RESERVA 2016 (PVP: 50€)

Vinho onde impera a casta Touriga Nacional (75%) e Vinhas Velhas (25%). Mais fresco que o anterior, apresenta também uma maior definição aromática, com notas florais em evidência, cravinho e alguma fruta preta como mirtilos e amoras. Um vinho vivo, fresco e complexo. A elegância perdura na boca, onde uma textura sedosa é depois acompanhada por uma excelente acidez. Redondo e equilibrado, concentrado e fino, terminada de forma longa e focada.

Foi um privilégio ter podido participar na apresentação à imprensa destes vinhos, sempre acompanhados de notáveis iguarias e num espaço que deixa belíssimas memórias. Num mundo e sector cada vez mais competitivos, não basta saber fazer vinhos, é preciso também saber comunicá-los! Bravo Luísa Amorim –You Rock!

Olga Cardoso

*Texto inicialmente publicado no site Wine & Stuff

VINHAS DA IRA
VINHAS DA IRA – Um ícone desconhecido !?

Os  vinhos VINHAS DA IRA são produzindos nas terras quentes do Baixo Alentejo, bem perto da cidade de Beja, que se encontra a Herdade da Mingorra. Propriedade de enorme beleza, com cerca de 1400 hectares de extensão total, várias bacias hidrográficas e uma fauna diversificada, da qual se destacam as muitas perdizes que por lá proliferam e parecem conviver harmoniosamente com as demais espécies animais e vegetais. A Herdade da Mingorra é realmente uma terra de perdizes.

A sua condução está hoje nas mãos da segunda geração, nomeadamente da Sofia e da Maria Uva, que acabam por ser os rostos da empresa. Sendo uma propriedade enorme e de grande beleza, que produz amêndoa, azeite, mais de 1 milhão de garrafas de vinho, distribuídas actualmente por 17 referências, para além de se encontrar já aberta a programas de enoturismo, irá dar certamente lugar a um ou mais artigos meus no futuro.

Contudo, o intuito agora é falar-vos do topo de gama deste projecto vínico e que dá pelo nome de Vinhas da Ira. A Mingorra possuí hoje certa de 200 hectares de vinha, entre as quais se encontram algumas das mais antigas da região. Entre os talhões mais antigos, muitos sofreram re-enxertias aquando a reestruturação das vinhas, para castas mais actuais que se enquadrassem no perfil de vinhos pensados para a nova vaga dos vinhos da Herdade da Mingorra, aproveitando a qualidade dos solos de xisto vermelho e a sua baixa produtividade – à excepção, claro, do talhão 25, de onde se produz este topo de gama – Vinhas da Ira. Este talhão, plantado em solo argilo-calcário e registado como Alfrocheiro, viria a revelar-se único aquando da descoberta de que o Alfrocheiro, efectivamente, não era mais do que uma minoria entre mais de doze castas distintas, muitas delas nunca identificadas. Dentro das identificadas, predominam o Aragonez, o Alicante Bouchet e a Touriga Nacional.

O vinho tem nome de romance e, de facto, há algo de “romântico” na sua génese. Em tempos idos, confrontado com a vontade de outros intervenientes no levantamento ou destruição destas vinhas tão pouco produtivas, Henrique Uva, o titular e mentor deste projecto, tudo fez para que estas vinhas fossem mantidas. Foi a força da sua convicção, o resultado da sua “ira”, que permitiu a existência deste vinho, cujo único defeito, para mim – claro está! – é o facto de não poder ser produzido em maiores quantidades. A vinha não é grande e a sua rentabilidade é obviamente baixa.

Nunca são produzidos mais de 4000 ou 4500 kg de uvas, que apenas em anos considerados com a qualidade necessária para o efeito, dão lugar ao engarrafamento de cerca de 3000 garrafas. A primeira edição deste vinho data de 2004 e o último a sair para o mercado foi o de 2014. As colheitas provadas para este artigo foram as de 2004, 2011 e 2014.

Antes de falar sobre esta prova e estes vinhos, gostaria de deixar aqui umas palavras sobre o enólogo que os faz. Trata-se do Eng. Pedro Hipólito, um tripeiro nascido no magistral ano de 1970, que, ao que parece, se terá “alentejado” para todo o sempre! Talvez mais conhecido por ser o enólogo da Adega do Redondo, a verdade é que o Pedro está com a Mingorra desde o primeiro momento.

Nos últimos anos, tornou-se também responsável por toda a parte agrícola, com maior participação na viticultura naturalmente. Sem ignorar a componente prática e económica da produção de vinhos, a verdade é que o Eng. Pedro Hipólito é essencialmente um homem da ciência e do campo, áreas onde ajuda a crescer todos os projectos em que se envolve. Não lhe peçam é para viver nas luzes da rivalta. O Pedro parece fugir dos holofotes com tanta rapidez como alguns dos seus congéneres os procuram. Esta característica muito low-profile, não faz dele um enólogo muito falado, nem mesmo muito conhecido. Contudo, sempre que penso em enólogos como o Pedro Hipólito, lembro-me imediatamente de umas palavras que me foram ditas há uns anos pelo meu amigo Osvaldo Amado. “Um grande enólogo não se vê pelos luxuosos vinhos de nicho que produz. Gerir umas quantas barricas estará sempre ao alcance de qualquer um. Difícil mesmo é fazer volume e qualidade ao mesmo tempo. É gerir diferentes projectos, alguns milhões de litros de vinho e, ainda assim, conseguir apresentar ao mercado vinhos de grande qualidade.” E isto é o que o Pedro Hipólito faz com todo o mérito. Parabéns meu caro conterrâneo!

Tendo já provado o Vinhas da Ira 2014 (última colheita produzida e a única disponível no mercado) várias vezes e com várias pessoas, isto apesar do vinho só ter saído para o mercado há cerca de 6 meses, tenho sido confrontada com algumas observações que na minha opinião pecam por prematuras. A maioria diz que o vinho está muito fechado, pouco expressivo, muito tânico ou com taninos ainda muito duros. Concordo que existem ainda arestas a limar e que o vinho irá crescer em cave, mas quem diz isso não sabe o que é um Baga clássico da Bairrada, não sabe o que é um Ramisco de Colares e também não saberá o que é um grande Bordéus do Haut-Médoc. Todos estes vinhos precisam de tempo, muito tempo mesmo – para quem gosta de vinhos mais macios! Quem os conhece e sabe apreciar, sabe que só atingirão o seu auge ao fim de algum tempo em garrafa, tempo esse que dependerá da região em particular, das castas e até da colheita em causa.

Mas por acaso nem sequer é o caso deste Vinhas da Ira 2014. Está ainda jovem é certo, mas para quem, como eu, apreciar nervo, robustez e a sensação de taninos bem presentes para harmonizar com um belo prato de carne, terá nele um belíssimo parceiro à mesa. Para além disso, quem o comprar, poderá ficar seguro de que adquiriu um vinho de guarda com vários anos de vida pela frente.

Afinal quais são os factores que determinam ou poderão determinar a longevidade de um vinho? Basicamente são quatro: Acidez, taninos, álcool e açucar. Pois este vinho tem isso tudo, com excepção naturalmente do açucar já que não se trata de uma colheita tardia, nem de um vinho fortificado. Até a questão do PH (a sigla é francesa e significa pouvoir hydrogène) é importante para o envelhecimento de um vinho. Um tinto com um PH na casa dos 3,5, dá-nos algumas garantias de longevidade ou de um bom envelhecimento em garrafa. O álcool cifra-se nos 14% graus, a acidez é de 6,3 g/l e os taninos estão bem presentes e mostram-se em devida forma. Então porquê dizer mal deste vinho?!…

Os vinhos foram provados no dia 12 de Março de 2019. Por engano foi aberta uma garrafa do Vinhas da Ira de 2004. A intenção era abrir um 2009. Por duas razões:

  1. Em termos cronológicos faria mais sentido comparar 3 colheitas mais próximas – 2009, 2011 e 2014;
  2. A garrafa de 2004 aberta era a última que possuía e eu ando a tentar seguir o rasto e avaliar a longevidade dos vinhos de Beja. Não só da Mingorra, mas também dos outros produtores.

O facto dos rótulos do 2004 e do 2009 serem iguais (acho que só difere mesmo a cápsula), dos números 4 e 9 serem parecidos e da minha visão ao perto já não ser o que era, determinaram este engano. Como a prova não foi feita em minha casa, já não havia forma de corrigir a situação. Assim, lá fiquei eu com um 2009 para abrir mais tarde e, felizmente, tive a sorte de encontrar uma garrafa do 2004 perdida numa garrafeira perto de mim. Tudo novamente em ordem, portanto!

O PVP aconselhado deste vinho (Vinhas da Ira 2014) é de 25€, sendo normal vê-lo entre os 24€ e os 28€, dependendo da garrafeira. Os rótulos das garrafas foram mudando ao longo tempo, sendo que o meu preferido é o do Vinhas da Ira 2011. Mas isso é uma mera questão de pormenor. Na realidade todos me agradam.

O título deste artigo é um bocadinho ou totalmente antagónico. Ícone desconhecido?! Isso na realidade não existe. Se é ícone ou icónico, é forçosamente conhecido e reconhecido. A minha intensão foi mesmo a de provocar e de criar um frisson. Em primeiro lugar, tem por objectivo chamar à atenção dos leitores que estão perante um excelente vinho e em segundo lugar (e não menos importante), visa chamar à atenção de quem de direito, para passar a olhar para este vinho de outra forma, para lhe passar a conceder o mérito devido e o começar a incluir em tudo o que são provas oficiais sobre – ÍCONES DO ALENTEJO!

Termino este já longo artigo com a minha nota de prova pessoal sobre os 3 vinhos/colheitas provados.

VINHAS DA IRA 2014 (único disponível no mercado)

Mostrando ainda um nariz algo fechado, pouco comunicativo, a verdade é que este field blend revela já notas de frutos vermelhos muito maduros, um toque balsâmico e ainda uns ligeiros fumados, muito suaves, mas que compõem o conjunto final. É um tinto austero, com taninos bem presentes e que provado sem comida até poderá deixar uma secura no final de boca. Para acompanhar um belo prato de caça, já se mostra pronto, fazendo uma maridagem perfeita.

Com tanino de tanta robustez e qualidade, uma belíssima acidez e uma frescura notável para um vinho de Beja, este tinto só poderá auspiciar a uma longa vida em cave. Tem todo o nervo e todo o potencial para isso. Atendendo ao preço e à sua qualidade, considero ser um vinho para se comprar às caixas. Eu já tenho as minhas!

VINHAS DA IRA 2011

Um vinho ímpar de um ano memorável para o país. Com mais de 8 anos de vida, a complexidade deste vinho é já muito evidente. Evoluiu brilhantemente. Consegue combinar concentração e potência, com elegância e sofisticação. Não é fácil um vinho conseguir conciliar todas estas características. Tudo impressiona neste vinho. Tem uma acidez vibrante, um tanino fino, uma frescura elegante, mas sobretudo uma imponência que não deixará ninguém indiferente. Estas serão efectivamente as características mais patentes neste vinho – imponência vs elegância. Em suma, todo o requinte que um grande tinto pode proporcionar.

VINHAS DA IRA 2004

Ainda que aberto sem intenção, a verdade é que este 2004 me deixou muito contente. Eu que ando a tentar perceber a longevidade dos vinhos de Beja, já me tenho deparado com algumas desilusões, mas também com algumas boas surpresas. Este 2004 foi, felizmente, uma dessas alegrias. De cor ainda muito intensa para os anos de vida que possui, obviamente que a púrpura deu lugar a um vermelho rubi mais aberto com rebordos acastanhados. As notas de oxidação no nariz faziam-se sentir de forma muito suave, conferindo complexidade ao conjunto. Muito vivo ainda, não deixava os efeitos do tempo esmagarem a fruta. Os seus aromas primários ainda se faziam sentir, sendo, contudo, as notas balsâmicas e terrosas que imperavam. Tinha força, tinha garra, proporcionou uma prova de muito prazer e deu sinais de ter ainda alguns anos de vida pela frente e em perfeito estado de saúde. Bom ver vinhos assim!

Por último, e uma vez que não chegamos a provar o VINHAS DA IRA 2009, pelas razões que já acima referi, gostaria de informar que provei a colheita de 2009 em 2017 e recordo-me de considerar que o vinho estava num excelente momento de consumo. No entanto, não disponho aqui da nota de prova que fiz na altura para a poder partilhar. Contudo, e porque está disponível no facebook, gostava de partilhar aqui uma foto/artigo, a título de curiosidade, para todos quantos se mostram mais cépticos sobre as valias do Vinhas da Ira, enquanto “ícone” Alentejano.

Luis Sottomayor, enólogo director da Sogrape, homem que tem sobre as suas costas, entre outras coisas, a decisão de declarar um vinho Barca Velha ou não, a uma pergunta colocada pelo Pedro Garcias para o Jornal Público sobre qual o seu vinho alentejano preferido, respondeu, à época – VINHAS DA IRA 2009.

Vale o que vale dirão alguns, mas eu tenho cá para mim que valerá alguma coisa. Deixo-vos então uma foto do texto para o poderem ler.

Cheers!

Olga Cardoso

*Texto inicialmente publicado no site Wine & Stuff

Herdade da Malhadinha Nova Coutry House & SPA – Um local onde a qualidade impera!

Texto Olga Cardoso

Situada a poucos quilómetros de Beja, no Baixo Alentejo, a Herdade da Malhadinha Nova é um espaço de lazer e de prazer.

A qualidade está presente em todos os pormenores, mesmos no mais simples…ou aparentemente simples.

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Herdade da Malhadinha Nova – Foto Cedida por Herdade da Malhadinha Nova | Todos os Direitos Reservados

Objectos de design, cadeiras e iluminação de Philipe Starck, Charles & Ray Eames ou Mariano Fortuny estão presentes por todo o lado, mas perfeitamente integrados num ambiente rural. A fusão entre design, ruralidade, conforto e elegância, apelam aos sentidos e sentimentos.

Na Malhadinha Nova poderá usufruir de experiências, momentos, sensações ou detalhes, que certamente o levarão a uma segunda visita.

Cozinhar com um chefe conceituado, aprender a arte da fotografia ou da pintura, ou descobrir, de forma intimista, o mundo dos vinhos …. são algumas das experiências proporcionadas aos visitantes.

Aquando da minha visita à Herdade, senti-me recebida de forma principesca, tendo podido participar de um show

Joachim Koerper é apaixonado pelos produtos do sul da Europa, pelos seus sabores, cores, aromas e texturas. A sua filosofia é simples, como todas as coisas boas da vida, utilizar apenas produtos naturais e frescos e trabalhá-los com arte e criatividade.

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Herdade da Malhadinha Nova – Foto Cedida por Herdade da Malhadinha Nova | Todos os Direitos Reservados

Por essa razão, o Restaurante da Malhadinha – Wine & Gourmet, integrado no edifício da Adega, oferece uma cozinha de autor, que privilegia os produtos da terra em interpretações modernas. Neste restaurante é sempre feita uma selecção de pratos requintados com sabores e aromas irresistíveis, devidamente acompanhados pelos excelentes vinhos da Herdade.

A enologia está a cargo de Luis Duarte (Enólogo Consultor) e Nuno Gonzalez (Enólogo Residente). Para além de enólogo consultor, Luis Duarte é também um amigo da família. A sua notável carreira está fortemente ligada à Herdade do Esporão, com vários vinhos premiados, tendo sido considerado, por duas vezes, enólogo do ano em Portugal. Hoje em dia é um dos mais renomados enólogos do país, com resultados admiráveis em consultorias a alguns produtores do Alentejo. Nuno Gonzalez, por seu lado, é licenciado em bioquímica, tendo-se especializado em viticultura e enologia. Conta com passagens pela Austrália, Nova Zelândia, Estados Unidos da América e Itália. Em Portugal, reúne no seu currículo grandes casas como a José Maria da Fonseca, Niepoort, Cortes de Cima, entre outras.

Herdade da Malhadinha Nova nasceu de um sonho – o sonho de produzir um grande vinho, de produzir o melhor vinho do mundo.

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Herdade da Malhadinha Nova – Foto Cedida por Herdade da Malhadinha Nova | Todos os Direitos Reservados

Para tal contribuem as condições únicas de espaço, a experiência de mais de 10 anos na produção de vinhos e a paixão de toda a equipa envolvida. Daqui nasceu uma notável gama de tintos, brancos e rosés. Cada vinho conta a sua história, à sua maneira.

A diferença e a exclusividade são também marcadas pelos rótulos, frutos da criatividade da geração mais jovem da família Soares. As crianças dão nome aos vinhos e desenharam carinhosamente os seus rótulos.

Os vinhos da Herdade da Malhadinha, elegantes, intensamente frutados e de grande complexidade na boca, são o reflexo de um enorme respeito pela natureza e de toda a paixão e dedicação com que são criados.

Se quiser ler mais sobre alguns desses vinhos, por favor veja este artigo previamente publicado no nosso site.

No que diz respeito ao hotel propriamente dito, o Herdade da Malhadinha Nova Country House & Spa, importa referir que se trata de um espaço que respeita toda a matriz alentejana, região onde está implementado. O sense of place é um valor primordial na Mallhadinha.

Aqui, vivencia-se uma experiência autêntica, onde a qualidade e o requinte da simplicidade imperam.

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Herdade da Malhadinha Nova – Foto Cedida por Herdade da Malhadinha Nova | Todos os Direitos Reservados

A decoração dos quartos é inspirada no mobiliário regional alentejano aliado a um design clean que proporciona todo o conforto e tranquilidade. À sua chegada encontrará um prato de fruta da época produzida na Herdade, assim como os amenities da Bvlgari e os ambientadores da marca portuguesa Castelbel, que enfatizam todo o luxo e requinte durante a estadia.

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Herdade da Malhadinha Nova – Foto Cedida por Herdade da Malhadinha Nova | Todos os Direitos Reservados

O pequeno almoço é uma experiência que nos acaricia e nos desperta os sentidos. Expostos numa “mesa de dossel” estão variadíssimos produtos de alta qualidade e de uma enorme diversidade de sabores.

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Herdade da Malhadinha Nova – Foto Cedida por Herdade da Malhadinha Nova | Todos os Direitos Reservados

As actividades proporcionadas aos hóspedes são muitas e muito atractivas. Desde momentos de relaxamento, no ambiente revigorante e aromatizado do seu Spa, passando por um divertido Jeep Safari pela propriedade, até um emocionante passeio de balão de ar quente na tranquilidade do amanhecer alentejano, tudo é possível na Herdade da Malhadinha.

Sendo um espaço de enoturismo, estão também previstas diferentes provas de vinhos conduzidas pelo enólogo, visitas às vinhas e à adega. Ao longo do ano, vão sendo lançados diferentes pacotes especiais, subordinados a experiências temáticas, tais como aventuras radicais, workshops de gastronomia ou cursos de fotografia.

Na altura das vindimas, são sempre disponibilizados programas especiais que permitem aos clientes viver aquela época especial em pleno. O turismo equestre é também privilegiado pela Herdade da Malhadinha, já que possui coudelaria própria, dedicando-se à criação de cavalos da raça Puro-Sangue Lusitano.

Não tenho dúvidas que a Herdade da Malhadinha Nova tem como principio orientador, a busca da excelência. Em poucos anos de existência, tornou-se não só num dos melhores produtores de vinho nacionais, como também num espaço de enoturismo com qualidade superior.

Contactos
Herdade da Malhadinha Nova
7800-601 Albernoa. Beja – Portugal
Tel: (+351) 284 965 210 / 211
E-mail: geral@malhadinhanova.pt
Website: www.malhadinhanova.pt

Adelaide Tributa…um Porto pré-filoxérico!

Texto Olga Cardoso

Se há vinhos que resistem ao tempo e se engrandecem com o passar dos anos e mesmo dos séculos, se há vinhos que sofrem metamorfoses absolutamente extraordinárias, se há vinhos que tocam a perfeição e conseguem deixar rendido o mais incauto dos enófilos…o Adelaide Tributa é seguramente um deles!

Este Porto apresenta uma cor âmbar intensa e um aroma magistralmente complexo. Frutos secos, como figos, amêndoas e avelãs, especiarias várias, com destaque para a noz moscada e o cravinho e muito, muito cacau, tudo é possível encontrar no seu nariz profusamente aromático e requintado.

Na boca mostra-se explosivo. Denso, untuoso, profundo, com uma acidez mordaz e acutilante e um final perfeitamente interminável.

O seu grau baumé de 13,7, indicia só por si, a sua já provecta idade. Segundo registos do produtor, estamos perante um vinho pré-filoxérico, que remonta a 1866 e provém de um lote original de cinco pipas.

Século e meio de evaporação e uma conservação em ambiente favorável, reduziram-no a apenas duas pipas e conferiram-lhe uma concentração veemente e colossal.

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D. Antónia Adelaide Ferreira – Foto Cedida por Quinta do Vallado | Todos os Direitos Reservados

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Adelaide Tributa – Foto Cedida por Quinta do Vallado | Todos os Direitos Reservados

 

Foi engarrafado numa série limitada de 1300 decanters originais de cristal, devidamente numerados e embalados numa caixa de madeira desenhada pelo Arquitecto Francisco Vieira de Campos. O seu preço, na ordem dos 3000 € a garrafa, fruto da sua qualidade e raridade, destina-o apenas a coleccionadores e apreciadores endinheirados.

Uma homenagem da Quinta do Vallado a D. Antónia Adelaide Ferreira, sua anterior proprietária e para sempre relembrada como a Ferreirinha, por alturas da comemoração do bicentenário sobre o seu nascimento.

Um vinho ímpar, aristocrático, tremendamente concentrado e complexo. Um Porto grandioso e sibilino, pleno de matizes e nuances, verdadeiro exemplar da excelência vínica que o Douro e o Porto poderão alcançar.

Contactos
Quinta do Vallado – Sociedade Agrícola, Lda.
Vilarinho dos Freires
5050-364 – Peso da Régua | Portugal
Tel: (+351) 254 323 147
Fax: (+351) 254 324 326
Email: geral@quintadovallado.com
Website: www.quintadovallado.com

Instituto do Vinho Madeira – Uma Masterclass que fez toda a diferença!

Texto Olga Cardoso

Instituto do Vinho, do Bordado e do Artesanato da Madeira, I.P. – IVBAM, é o organismo responsável pela fiscalização das actividades vitivinícolas regionais e pela certificação e controlo de qualidade do Vinho da Madeira.

Trata-se de um organismo que, dotado de autonomia administrativa e financeira, se preocupa eficientemente pela consolidação e crescimento sustentado da produção dos artigos tradicionais regionais, sem nunca esquecer a manutenção da qualidade e a sua promoção eficaz e crescente, quer a nível nacional, quer a nível internacional.

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Instituto do Vinho, do Bordado e do Artesanato da Madeira, I.P. – IVBAM – Foto cedida por IVBAM | Todos os Direitos Reservados

A Madeira possui cerca de 400 hectares de vinha. Os terrenos agrícolas caracterizam-se por declives muito acentuados, que regra geral se encontram sob a forma de socalcos, designados por poios. A água de rega na Madeira é captada nas zonas altas da ilha e é conduzida através de canais denominados por “levadas” que integram um impressionante sistema de 2150Km de canais.

O sistema de condução mais tradicional é o da “latada” (pérgola), no qual as vinhas são conduzidas horizontalmente. Mais recente é o sistema de condução em espaldeira, que, no entanto, só pode ser utilizado em terrenos com declives menos acentuados.

Por regra, a vindima ocorre entre meados de Agosto e meados de Outubro e é feita de forma totalmente manual. Os esforços são muitos e os rituais espelham a dificuldade relativa a todo um sistema de minifúndio espalhado por uma orografia extremamente acidentada.

Falar de Vinho Madeira é o mesmo que falar em dramatismo. Dramaticidade essa que se manifesta não só na paisagem avassaladora da ilha, como também no método de vinificação dos seus vinhos e no seu longo período de estágio.

Dramaticidade é de facto uma palavra que assenta bem não só na Madeira mas em tudo o que é Português. Somos um povo dramático sim…e isso manifesta-se em diferentes aspectos da nossa cultura.

A nossa canção ou música nacional é o  Fado – existirá outra tão forte, triste ou sentida? Realmente percebo a dificuldade de alguém proveniente do Norte da Europa, pessoas normalmente mais frias, precisas e desprovidas de sentimentos tão melancólicos, ou de alguém proveniente de países mais alegres e descontraídos como são os países do continente Sul Americano.

De facto, não deve ser fácil perceber todos estes nossos sentimentos exacerbados!

Mas voltando a falar de vinho…é realmente um orgulho ser Português. Somos ainda neófitos no que respeita a vinhos de mesa. Ganhámos hoje vários prémios internacionais e somos já contemplados por publicações como a Wine Spectator com lugares cimeiros no que concerne aos melhores vinhos do mundo. Mas nesta área, há ainda um longo caminho a percorrer, isto se quisermos manter e incrementar todo este reconhecimento de qualidade.

Produzimos pouco mais de 6 milhões de hectolitros por ano. Querer estar no topo do mundo no que diz respeito à qualidade, exigirá muito de nós no futuro. Querer espalhar a boa nova pelo consumidor internacional e não ficar cingido apenas ao reconhecimento das revistas, exigirá muito mais ainda. Sim, porque não se esqueçam que uma coisa é o reconhecimento da imprensa e outra, bem diferente, é a aceitação dos consumidores, esses sim, irão permitir o crescimento dos vinhos portugueses.

A imprensa compra vinhos? Não. O trade compra vinhos? Sim, mas para vender e só enquanto isso financeiramente se justificar. Então quem é que temos de conquistar? Os consumidores – naturalmente!

Ora bolas, lá estou eu a divagar…voltemos então ao Vinho Madeira e ao IVBAM.

Este ano fui 4 vezes à Madeira e estou prestes a embarcar novamente. É verdade…não me canso e penso até ficar muito mais ligada àquela ilha no futuro.

A última viagem à Madeira, que ocorreu em meados de Novembro 2014, foi realmente marcante. Toda a equipa Blend – All About Wine’s team members ficou muito bem impressionada. Visitamos todos os produtores de Vinho Madeira e fizemos ainda uma prova genérica de vinhos de mesa Madeirenses.

Experimentamos diferentes restaurantes fantásticos da ilha e percebemos o seu enorme potencial turístico…ainda tão estranhamente esquecido no que respeita aos seus vinhos!

Os vinhos provados ao longo dos 5 dias de viagem foram muitos e de elevada qualidade. Vinhos novos, mas sobretudo vinhos muito velhos. Vários vinhos com mais de 100 anos, que nos contaram e nos provaram toda a peculiaridade desta ilha vitícola.

Alguns deles foram provados durante a MasterClass do IVBAM, muito bem conduzida pela Chefe da Câmara de Provadores – Rubina Vieira.

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MasterClass do IVBAM, conduzida pela Chefe da Câmara de Provadores – Rubina Vieira © Blend All About Wine, Lda.

Para além de bem conduzida, esta MasterClass foi ainda simpaticamente personalizada. Sim, foi uma Blend – All About Wine Masterclass – nada e criada para nós!

Provámos 12 vinhos provenientes de diferentes anos, produtores e castas. Começamos com um Colheita de 1996 e terminámos com um Verdelho de 1850.

Os que mais me impressionaram foram o Sercial 1862 e o Moscatel 1875. O Bastardo de 1927, pela sua diferença e raridade, também não me passou indiferente.

Complexidade, concentração, profundidade e equilíbrio foram características comuns a estes dois vinhos, sendo o primeiro, obviamente, bastante mais seco e muito mais delgado do que o segundo, o qual revela aspectos mais viscosos e melosos, embora se tenha mostrado muito harmonioso e sem revelar qualquer tipo de excessos. Que grandes vinhos!

Mas o que importa aqui não é falar dos vinhos e/ou produtores pelas suas particularidades ou diferenciações, isso caberá a cada um dos meus colegas, ao falarem de cada produtor individualmente.

Aqui importará falar do Vinho Madeira em toda a sua plenitude e grandiosidade. São 5 as castas ditas nobres do Vinho Madeira. Numa classificação estipulada por grau crescente de doçura temos: Sercial, Verdelho, Boal e Malvasia e sim…o Terrantez!!!

Em termos de grau de doçura ficará entre o Verdelho e o Boal, mas sendo tão raro, e correspondendo a menos de 1% das plantações da ilha, nem sequer poderá ser considerado!

Falámos de uma casta que dá lugar a vinhos absolutamente excepcionais. Pense-se por exemplo na enormidade do Terrantez 1880 da Pereira D’Oliveira…talvez um dos vinhos mais perfeitos que provei até hoje.

 

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Mesa de Prova © Blend All About Wine, Lda.

Não sendo considerada uma casta nobre, a Tinta Negra, é uma casta muito utilizada no Vinho Madeira. Hoje em dia são já consideráveis, não só em quantidade mas também em qualidade, os vinhos Madeira produzidos através dessa casta.

No que respeita à ordem de vindima, as castas colhidas, por uma habitual ordem de prioridade, são:

  1. Verdelho;
  2. Boal;
  3. Tinta Negra;
  4. Malvasia;
  5. Sercial;

No que respeita ao processo de vinificação e/ou envelhecimento verifica-se que poderá ocorrer por um de dois processos: Estufagem ou Canteiro.

Estufagem: – O vinho é colocado em estufas de aço inox, aquecidas por um sistema de serpentina, por onde circula água quente, por um período nunca inferior a 3 meses, a uma temperatura entre os 45 e 50 graus Celsius. Concluída a «estufagem», o vinho é sujeito a um período de «estágio» de pelo menos 90 dias à temperatura ambiente. A partir deste momento pode permanecer em inox, ou ser colocado em cascos de madeira, até reunir as condições que permitem ao enólogo fazer o acabamento do vinho, para que possa ser colocado em garrafa, com a garantia de qualidade necessária. No entanto, estes vinhos nunca podem ser engarrafados e comercializados antes de 31 de Outubro do segundo ano seguinte à vindima. São vinhos maioritariamente de lote.

Canteiro: – Os vinhos seleccionados para estágio em Canteiro (esta denominação provém do facto de se colocar as pipas sob suportes de traves de madeira, denominadas de canteiros) são envelhecidos em cascos, normalmente nos pisos mais elevados dos armazéns onde as temperaturas são mais elevadas, pelo período mínimo de 2 anos. Trata-se de um envelhecimento oxidativo em casco, desenvolvendo os vinhos, características únicas de aromas intensos e complexos. Os vinhos de canteiro só poderão ser comercializados, decorridos pelo menos 3 anos, contados a partir de 1 de Janeiro do ano seguinte ao da vindima.

No que respeita à fortificação, verifica-se que esta consiste na paragem da fermentação com a adição de álcool vínico a 96% vol. A escolha do momento da interrupção da fermentação faz-se de acordo com o grau de doçura pretendido para o vinho, podendo-se, com este procedimento, obter quatro tipos de vinho: o seco, o meio-seco, o meio-doce e o doce.

Para mim, falar de Vinho Madeira é o mesmo que falar em Vinhos apaixonantes, envolventes e arrebatadores. Confesso-me completamente rendida os seus encantos. Sou uma Madeira Wine Geek…é verdade!

Volúpia e sedução, luxúria e lascívia andam por aqui de mãos dadas com uma enorme sensibilidade, delicadeza e erudição. Quem disse que estas características aparentemente antagónicas não se podem harmonizar na perfeição? Será que toda esta energia telúrica, toda esta autenticidade e profundidade, consubstanciarão mesmo o sabor antecipado do paraíso?

Voltaire dizia que os Tokaji possuíam o condão de conferir vigor à mais pequena fibra do seu cérebro. Bom, o Senhor era um iluminista e eu não sou…mas acho que é realmente isto que se passa comigo relativamente ao Vinho Madeira!

Mas enquanto o Tokaji é considerado o Rei dos Vinhos e o Vinhos dos Reis (assim o disse um dia Louis XV ao oferecer um copo daquele vinho à sua amante Madame de Pompadour), permitam-me dizer que, para mim, pela sua acidez triunfante e o seu mártir processo de vinificação, condições que o tornam quase imortal, o Madeira é muito mais do que um Vinho dos Reis…é um verdadeiro vinho dos DEUSES!

E por último mas não menos importante, vejam este excelente vídeo sobre o vinho Madeira.

Vídeo cedido por Instituto do Vinho, do Bordado e do Artesanato da Madeira, I.P. – IVBAM

Contactos
Instituto do Vinho, do Bordado e do Artesanato da Madeira, I.P.
Rua Visconde de Anadia, nº44
9050-020 Funchal
Tel: (+351) 291 211 600
Fax: (+351) 291 224 791
E-mail: ivbam.sra@gov-madeira.pt
Site: www.ivbam.gov-madeira.pt

Quinta da Romeira – qualidade e consistência!

Texto Olga Cardoso

A Quinta da Romeira está situada no coração de Bucelas, uma das mais antigas regiões exportadoras de vinho, muito famosa pelos seus vinhos brancos e por isso mencionada por Shakespeare na sua peça teatral Henrique VI.

Existe de facto uma forte ligação entre esta Quinta e o Reino Unido. Em 1703, Luís de Vasconcelos e Sousa, terceiro Conde de Castelo Melhor, foi um dos grandes intermediários nas negociações do contrato de casamento entre a Princesa Catarina de Bragança e o Rei de Inglaterra Carlos II. Em honra da Princesa, instituiu o Morgadio de Santa Catherina, tendo nele incluído a Quinta da Romeira.

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Janela Manuelina © Blend All About Wine, Lda.

Em início do século XIV, o nobre Solar da Romeira ofereceu estadia a Sir Arthur Wellesley, mais tarde Duque de Wellington, de cujas janelas manuelinas avistava as famosas linhas de Torres Vedras, que mandou construir às portas de Lisboa com o objectivo de impedir o exército invasor (Francês) de alcançar a capital do Reino de Portugal.

Provando os vinhos de Bucelas e deles se tendo tornado forte apreciador, enviou-os para o monarca inglês da época, Jorge IV, que também tendo gostado imenso de tais vinhos, os passou a designar por Vinhos de Lisboa.

A Quinta da Romeira foi recentemente adquirida pela Wine Ventures, empresa sediada em Lisboa e liderada por Francisco de Sousa Ferreira, homem como elevada craveira na área da gestão, designadamente em empresas do sector do vinho e outras bebidas, como a Unicer e a Sogrape, onde desempenhou funções de Administrador Executivo.

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José SIlva, Maria Godinho and Manuel Pires da Silva © Blend All About Wine, Lda.

A liderança na área da enologia encontra-se presentemente nas mãos de Manuel Pires da Silva, com longa e comprovada carreira, designadamente na Quinta do Minho. Manuel conta com a colaboração da promissora enóloga Maria Godinho, que acrescenta juventude e criatividade ao grupo e ainda com a colaboração do conhecido e prestigiado enólogo Manuel Vieira.

Foi por esta simpática equipa e ainda pela profissional e dinâmica Directora de Marketing, Catarina Rente, que a Blend | All About Wine foi recebida no passado dia 25 de Setembro.

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Copos de Prova © Blend All About Wine, Lda.

Numa prova muito bem organizada, provamos um total de 7 vinhos. Cinco brancos e dois tintos. A qualidade e consistência demonstrada pelos diferentes vinhos é de facto assinalável. Os brancos são frescos, com uma acidez notável e um delicioso toque de maresia e salinidade que a proximidade do mar lhes proporciona.

Os tintos, elaborados a partir da nossa Touriga Nacional e das castas francesas Merlot e Cabernet Sauvignon, mostraram bom corpo, boa estrutura e deram-nos excelentes sinais sobre a pretensão desta empresa em produzir também vinhos tintos
De facto a Quinta da Romeira fica muito perto do mar e do vasto estuário do tejo.

Possui a maior vinha contínua de Arinto, cerca de 75 hectares, e é, na minha opinião, a produtora dos melhores Arintos da região, não só no que toca à sua tipicidade como também à sua imbatível qualidade/preço. Se querem provar um arinto de Bucelas, não hesitem em comprar Quinta da Romeira!

Confesso-me uma fã incondicional dos Arintos desta casa e por isso aqui ficam as minhas notas pessoais sobre aquilo a que chamo – a magnífica trilogia!

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Prova Régia 2013 © Blend All About Wine, Lda.

Prova Régia 2013
Estagiou durante um mês sobre as borras finas e exibe um nariz exuberante com notas de fruta tropical, como ananás e maracujá, acompanhadas de delicados apontamentos cítricos. Na boca mostra-se muito fresco, com uma acidez muito bem controlada, num fundo bastante mineral. Um vinho versátil e consensual.

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Prova Régia Reserva 2013 © Blend All About Wine, Lda.

Prova Régia Reserva 2013
Cerca de 10% deste vinho é fermentado em barricas novas de carvalho francês. Apenas a percentagem suficiente para lhe conferir complexidade, sem que a madeira se faça sentir e permita a exibição de todo o seu carácter varietal. Muito cítrico, lima e limão a dominar o seu conjunto aromático, aos quais se juntam as notas de tropicalidade e suaves sensações de salinidade. Mineral e fresco, possuí um final longo e elegante. Um exemplar vivo da qualidade do Arinto de Bucelas.

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Morgado de Sta. Catherina 2012 © Blend All About Wine, Lda.

Morgado de Sta. Catherina 2012
Aroma dominado por notas cítricas numa versão suavemente mais compotada. A mineralidade faz-se também sentir, acompanhada de ligeiras sensações de mel e toques especiados. Fruto da sua fermentação em madeira, exibe uma estrutura notável. Volumoso e guloso, é também muito elegante e cheio de personalidade. Com uma acidez irrepreensível e um final bastante persistente, mostra-se um Arinto, altivo, nobre e marcante.

Contactos
Wine Ventures LDA
Quinta da Romeira de Cima
2670-678 Bucelas
Portugal
Tel.: (+351) 219 687 023 (+351) 219 687 071
Email: info@wineventures.eu
Site: www.wineventures.eu

Quinta do Sanguinhal – uma verdadeira viagem ao passado!

Texto Olga Cardoso

A visita à Quinta do Sanguinhal foi para mim uma verdadeira surpresa. Um encontro com o passado do vinho, da região, com relatos de vidas de outrora e, neste caso concreto, com uma impressionante vida dedicada ao empreendedorismo.

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Quinta do Sanguinhal © Blend All About Wine, Lda.

Falo de Abel Pereira da Fonseca, que fundou a Companhia Agrícola do Sanguinhal para administrar as propriedades que possuía na região do Bombarral.

Nessa época, a também sua Sociedade Comercial Abel Pereira da Fonseca detinha e explorava a maior rede de estabelecimentos de venda ao público no país, com cerca de 100 lojas em Lisboa. Fernando Pessoa foi várias vezes “apanhado” nessas lojas em “flagrante delitro”, segundo o próprio costumava dizer.

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Quinta do Sanguinhal © Blend All About Wine, Lda.

A empresa dedicou-se desde sempre à produção e comércio de vinhos. Para o efeito, vinificava separadamente os vinhos das Quintas das Cerejeiras, do Sanguinhal e de São Francisco nas respectivas adegas, possuindo no conjunto uma capacidade em toneis e balseiros de madeira de carvalho e mogno da ordem dos dois milhões de litros, utilizados para a fermentação, armazenagem e envelhecimento de vinhos de mesa, vinhos licorosos e aguardentes.

A Companhia Agrícola do Sanguinhal dedica-se à exploração de 3 Quintas na Designação de Origem de Óbidos que perfazem, em conjunto, 95 ha de vinha: Quinta do Sanguinhal, Quinta das Cerejeiras e Quinta de S. Francisco. Os nomes destas Quintas representam os vinhos DOC mais prestigiados desta empresa familiar.

Mais recentemente, a empresa decidiu igualmente investir nas áreas do turismo e dos eventos, de forma a aproveitar as enormes potencialidades de todos os seus espaços. Assim, recuperou adegas, lagares e a destilaria, tornando-os em espaços de enorme interesse para qualquer enoturista.

Quinta do Sanguinhal © Blend All About Wine, Lda.

Na Quinta do Sanguinhal é a própria família Pereira da Fonseca que recebe os visitantes. Fomos recebidos por Ana Pereira da Fonseca Reis, a responsável pela área de enoturismo e com vastos conhecimentos sobre os vinhos que ali se produzem, que nos proporcionou uma visita muito agradável e profissional.

As visitas e provas de vinhos, que por decisão familiar, não são conduzidas por metodologias convencionais, pretendem dar a conhecer uma história de 100 anos na área vitivinícola portuguesa e proporcionar aos clientes uma alternativa aos circuitos habituais.

Para além de provar diferentes estilos de vinho, o visitante poderá ainda passear nos jardins do séc. XIX, assim como pelas belíssimas vinhas da Quinta. Visitar uma antiga destilaria totalmente recuperada, onde antigamente se produziam aguardentes vínicas e aguardentes bagaceiras. Visitar um antigo lagar com prensas de vara, datadas de 1871, e ainda uma cave de envelhecimento com 36 tonéis. Uma experiência que aconselho vivamente!

O portefólio da Companhia Agrícola do Sanguinhal é bastante vasto e diversificado. Impossível falar de todos os vinhos aqui e agora. Por essa razão, da prova realizada destaco os vinhos que se seguem:

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Quinta de S. Francisco Branco 2013

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Quinta das Cerejeiras Branco Reserva 2012 © Blend All About Wine, Lda.

 

 

 

 

 

 

Quinta de São Francisco Branco 2013
Proveniente de solo argiloso e feito a partir das castas Vital, Fernão Pires e Arinto, apresenta-se elegante no aroma, com notas cítricas em destaque. Na boca mostra-se fresco, harmonioso e equilibrado. Possui um final delicado e de média intensidade.

Quinta das Cerejeiras Branco Reserva 2012
Elaborado através das castas Chardonnay, Arinto e Vital, apresenta uma cor de um amarelo já levemente dourado. No aroma é austero e revela alguma complexidade. Boca com boa estrutura e fruta de pomar em destaque. Maças maduras e algum pêssego. A madeira está bem integrada mas mostrou trabalho, ao proporcionar-lhe ligeiras sensações de baunilha. Final elegante e intenso.

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Casabel Rosé 2013

Casabel Rosé 2013
Proveniente das castas Aragonês, Castelão e Syrah, este rosé mostra um nariz exuberante, com predominância de frutos vermelhos como morangos e framboesas. Na boca mostra-se seco, fresco e com um final delicado. Funciona bem como aperitivo, mas também demonstrou possuir boa aptidão gastronómica.

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Quinta do Sanguinhal Tinto 2009 © Blend All About Wine, Lda.

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Quinta das Cerejeiras Reserva Tinto 2008 © Blend All About Wine, Lda.

 

 

 

 

 

 

Quinta do Sanguinhal Tinto 2009
No nariz revela aromas a frutos do bosque e alguma fruta preta madura, como amoras e ameixa. Alguma baunilha e toques especiados são também evidentes. Na boca apresenta uma boa estrutura, com taninos presentes mas macios, boa acidez e final elegante.

Quinta das Cerejeiras Reserva Tinto 2008
Este vinho exibe o rótulo mais antigo de Portugal. Mantém inalterado desde 1926. É uma das joias da coroa. Proveniente das castas Castelão, Aragonês e Touriga Nacional, apresenta um nariz contido mas complexo. Frutos pretos e compotados mostram-se de imediato. Alguma caruma, suaves fumados e notas especiadas, complementam a sua palete olfactiva. A boca volumosa e densa, mas também macia e aveludada. Equilibrado e harmonioso, possui um final elegante e persistente.

Contactos
Quinta das Cerejeiras
Apartado 5
2544-909 Bombarral
Tel: (+351) 262 609 190
Fax: (+351) 262 609 191
Email: info@vinhos-sanguinhal.pt
Site: www.vinhos-sanguinhal.pt

Chryseia 2012 – a nova coqueluche da Prats & Symington!

Texto Olga Cardoso

No passado dia 11 de Setembro, a Prats & Symington apresentou o seu Chryseia 2012 no restaurante portuense Pedro Lemos, situado na Foz do Douro, mais precisamente na chamada Foz Velha.

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Vinhos Provados © Prats & Symington, Lda.

O Chef Pedro Lemos, que empresta o nome ao seu próprio restaurante, foi o autor do fantástico menu que acompanhou não só a prova do Chryseia 2012, como também das novas colheitas do Post Scriptum 2012 e do Prazo de Roriz 2011 – as outras duas referências da casa.

Importa referir que o Chryseia nasce de uma parceria entre as famílias Prats & Symington para produzir um dos Vinhos Douro DOC mais reconhecidos em Portugal e no estrangeiro ao longo dos últimos quinze anos, tendo sido o primeiro vinho tranquilo português (a segunda colheita datada de 2001) a configurar no ‘TOP 100’ da conceituada revista Wine Spectator, colocado na 19º posição com 94 pontos. Em Janeiro de 2013, o Chryseia 2011 obteve 97 pontos da referida Revista – Wine Spectator, a segunda nota mais alta de sempre atribuida a um vinho tranquilo Português.

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Bruno Prats & Rupert Symington © Prats & Symington, Lda.

A Prats & Symington nasceu em 1999 de uma parceria estabelecida entre as famílias com os mesmos apelidos. A parceria entre Bruno Prats, produtor de Bordéus, antigo proprietário do Château Cos d’Estournel e a família Symington, uma das maiores proprietárias de vinhas no Douro (cerca de 27 Quintas com aproximadamente 1.000 hectares de vinha e com marcas como a Graham’s, Dow’s, Warre’s, Cockburn’s, Quinta do Vesúvio e Altano no seu portefólio), combina as tradições e o conhecimento de duas das maiores regiões de vinho do mundo, aplicando este conhecimento às castas únicas e ao terroir do vale do Douro.

O evento foi apresentado por Bruno Prats e Rupert Symington, responsáveis da Prats & Symington, e nele participaram alguns dos mais conhecidos elementos da imprensa e do trade português. Ninguém parece ter querido perder a apresentação deste vinho notável!

O almoço iniciou-se então com um prato de pombo com salsifis e ervilhas, devidamente harmonizado com Prazo de Roriz 2011.

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Pombo © Prats & Symington, Lda.

Seguiu-se uma barriga de atum rabilho que combinou na perfeição com o Post Scriptum 2012.

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Barriga de Atum Rabilho © Prats & Symington, Lda.

Para harmonizar com a estrela da companhia – o Chryseia 2012, o Chef Pedro Lemos criou um prato de vitela envelhecida com feijão maduro e toucinho fumado. Fantástica!

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Vitela Envelhecida © Prats & Symington, Lda.

Para acompanhar a sobremesa, foi servido um excelente Porto Vintage 2003 da Quinta de Roriz. O Porto era sem dúvida muito bom…mas o Chryseia 2012 também, pelo que deixar de o ter perto de nós parecia impossível!

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Sobremesa © Blend All About Wine, Lda

Prazo de Roriz tinto 2011
Boa presença aromática, com notas de fruta preta como ameixas e cerejas negras a surgir de imediato. O seu lado balsâmico também se mostra evidente, com notas de menta e eucalipto a complementar a fruta. O corpo é de médio volume e todo o vinho se mostra pronto e harmonioso. Os taninos bem presentes vaticinam-lhe alguma capacidade de envelhecimento. Portugal: €8,90 em Portugal – Reino Unido: £12.

Post Scriptum tinto 2012O seu nariz é charmosamente floral, com vincadas notas de esteva amparadas pela fruta vermelha madura de muito boa qualidade. Na boca apresenta-se fresco, com uma acidez muito correcta e um corpo elegante bem proporcionado. O seu final é longo e a sua capacidade de perdurar no tempo é um dado adquirido. Portugal: €13,50 – Reino Unido: £18.

Chryseia tinto 2012
Foi produzido a partir de uma selecção criteriosa de uvas (72% Touriga Nacional e 28% Touriga Franca),  provenientes das vinhas localizadas nas Quintas de Roriz e da Perdiz, e estagiou durante 15 meses em barricas de carvalho francês de 400 L. A Quinta da Vila Velha, propriedade de um membro da família Symington e vizinha de Roriz, também deu o seu contributo. Combina poder e elegância em absoluta perfeição. Complexo no aroma, com notas de frutos silvestres, sensações especiadas e um fundo muito mineral. A boca revela a utilização de uma madeira de luxo e irrepreensivelmente bem integrada. Equilíbrio, harmonia e sintonia são as palavras que melhor descrevem este vinho. Um tinto colossal! Portugal: €45,00 – Reino Unido: £48,00.

Contactos
Prats & Symington, Lda
Quinta de Roriz
São João da Pesqueira
5130-113 Ervedosa Do Douro
Portugal
Email: info@chryseia.com
Site: www.chryseia.com