Posts By : João Pedro Carvalho

O terroir do Javali…

Texto João Pedro de Carvalho

O Douro tem sido nos dias de hoje uma das regiões mais mediáticas de Portugal. Actualmente são inúmeras as Quintas de inegável importância histórica no sector do Vinho do Porto, mas também existem muitas Quintas que têm vindo a ganhar notoriedade enquanto produtoras de vinhos tranquilos (vinho de mesa). Tentar descobrir um projecto mais recente que se destaque principalmente pela qualidade dos vinhos tranquilos, sem ter o peso da história a recair nos seus vinhedos, não será fácil mas também não será impossível.

Prova disso é a Sociedade Agrícola Quinta do Javali. Empresa familiar fundada em 2000 com o objectivo de produzir e comercializar (exporta 80% da produção) os seus próprios vinhos DOC Douro e Porto, situando-se na margem esquerda do Rio Douro em Nagoselo do Douro, São João da Pesqueira, no Cima Corgo. A Quinta do Javali viu 10 dos seus 20 hectares serem replantadados numa vinha com as castas da região Tinta Roriz, Touriga Franca, Tinto Cão, Tinta Barroca e Touriga Nacional.

O proprietário e enólogo da quinta, José António Mendes é um apaixonado pelo seu trabalho. Nota-se no brilho dos olhos quando a conversa muda e passamos a falar dos seus vinhos. Enquanto vamos provando as novas colheitas vai explicando que procura fazer sempre todo o trabalho na vinha, evitando intervir na adega, as leveduras são autóctones, os vinhos são todos feitos em lagar com pisa a pé e aliam potência com uma frescura incrível. Não são vinhos fáceis, de agrado imediato, requerem paciência, mostram uma grande densidade, camadas de sabor e aromas, frescos, estruturados com taninos ainda presentes que em novos torna a decantação quase obrigatória.

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Quinta dos Lobatos 2013 | Quinta do Javali Reserva 2011 | Quinta do Javali Vinhas Velhas 2011 – Foto de João Pedro de Carvalho | Todos os Direitos Reservados

Quinta dos Lobatos 2013 (DOC Douro)
Acabado de lançar no mercado, austero e novo, fruta rija e madura com alguma compota mas muito limpa, especiado, nota de esteva, carnudo, ganha envolvência com o tempo no copo. Boca cheia de vigor e frescura com a fruta a explodir de sabor, secura no fim, pimenta preta, fundo mineral e prolongado.

Quinta do Javali Reserva 2011 (DOC Douro)
Passa 18 meses em barrica. Mais envolvente que o Quinta dos Lobatos, barrica mais integrada apesar do poderio do cacau e tabaco, mostra fruta madura com compota, floral, especiaria doce. Boca com elegância permitida por taninos envoltos em estrutura dominada pela fruta maturada, fresco, conquistador e com menos austeridade a fazer-se sentir.

Quinta do Javali Touriga Nacional 2012 (DOC Douro)
Com uma quantidade muito limitada de 600 garrafas, o vinho é uma provocação aos sentidos. Fruta marcada pela frescura e qualidade, leve geleia, perfume de violetas e ervas aromáticas, tabaco e pimenta Mostra-se coeso, ambicioso, compacto e provocante. Com uma boca cheia de frescura e sabor, revela-se saboroso e preenche por completo o palato numa estrutura ampla em grande final.

Quinta do Javali Vinhas Velhas 2011 (DOC Douro)
Este vinho é um autêntico juggernaut. Chega de forma arrebatadora e domina por completo quem prova. Mostra toda a austeridade do Douro, estrutura firme e fresca, madeira que o ampara sem excessos (20 meses de estágio), fruta muito limpa e sumarenta com balsâmico, especiarias, notas de baunilha e chocolate preto. Enorme vigor e complexidade, disposta por camadas de aromas e sabores, tudo firme e sem abanar. Alimenta-se de tempo no copo ou no decanter, cresce, ganha novas formas mas sempre tenso, sempre novo. Na boca é fresco e amplo, fruta que se mastiga, saboroso, enérgico e grandioso com secura final à procura de pratos condimentados.

Quinta do Javali Special Cuvée 2012 (DOC Douro)
Nasceu de um desafio lançado ao produtor por um apaixonado pelo mundo do vinho e ao mesmo tempo responsável pela distribuição em Portugal. O vinho dá uma prova de luxo, mais macio e delicado que o Vinhas Velhas, conquista pela finesse, complexidade e ao mesmo tempo não perde aquele fulgor e energia característica dos vinhos desta casa. O que mais chama a atenção é o delicado e bonito perfume floral que mostra ao lado de groselhas e framboesas muito frescas e limpas, quase aromas em HD. A barrica arredonda os cantos com toque fumado e baunilha. Na boca mostra uma bonita frescura que domina todo o conjunto, grande harmonia com enorme presença no palato, final muito longo.

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Quinta do Javali Porto LBV 2007/2008/2009 – Foto de João Pedro de Carvalho | Todos os Direitos Reservados

Quinta do Javali Tawny 20 Anos
De perfil delicado tem harmonia e boa dose de frescura. Nota-se que não tem a complexidade proveniente de um lote com vinhos tão velhos como outros 20Anos à venda no mercado. Bom fruto seco, laranja cristalizada, caramelo, figo, tudo envolto num conjunto bastante agradável, em final prolongado.

Quinta do Javali Porto LBV 2009
Da prova dos LBV 07, 08 e 09 foi este último que mais se destacou, apesar de todos eles estarem num nível de muito boa qualidade. Destacou-se o 2009 pela gulodice da fruta com a presença da mesma e a frescura num conjunto mais amplo e sumarento que os restantes. Na boca, sente-se mais presença da fruta compotada, chocolate e leve especiaria em final fresco e longo.

Contactos
Sociedade Agrícola Quinta do Javali
Apartado 71
5130-909 S. João da Pesqueira
Email: antoniomendes@quintadojavali.com
Site: www.quintadojavali.com

 

Independent Winegrowers’s Association, uma década ao sabor da excelência

Texto João Pedro de Carvalho

O grupo de amigos, composto por Luís Lourenço (Quinta dos Roques – Dão), Luis Pato (Luis Pato Wines – Bairrada), Pedro Araújo (Quinta do Ameal – Vinhos Verdes), João Pedro Araújo (Casa de Cello – Vinhos Verdes/Dão) and Domingos Alves de Sousa (Alves de Sousa – Douro) decidiu criar um grupo (IWA) com o objectivo de fazer uma promoção conjunta em mercados externos. Todos eles são bons exemplos de produtores de excelência, com carácter vincado e cujos vinhos são fiéis às regiões que representam.

A IWA comemorou no passado dia 10 de Maio o seu 10º Aniversário. A reunião anual teve lugar em Lisboa, tendo sido apresentadas as últimas novidades a lançar para o mercado. Foi um grande privilégio poder provar numa só tarde o que de melhor Portugal (ou parte dele) tem para oferecer.

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White Wine Commemorative Edition of 10 years IWA – Foto de João Pedro de Carvalho | Todos os Direitos Reservados

Uma viagem em formato de prova que começou na região dos Vinhos Verdes, desde a mineralidade vincada dos SanJoanne da Casa de Cello aos perfumes e encantos dos Loureiro da Quinta do Ameal. Descendo um pouco entramos nas terras do Douro com os Alves de Sousa, vinhos terrosos e vincados pelo terroir, como o Quinta da Gaivosa ou o Abandonado, perdidos no tempo como o fabuloso Porto Tawny 20 Anos.

É da região do Dão que nos chegam os Quinta dos Roques que nos acariciam o palato com a seda vermelha do Roques Garrafeira ou com a suculenta frescura da fruta vermelha do Roques Reserva. Ainda no Dão e sem ficar esquecido, o Superior da Quinta da Vegia mostra toda a beleza da região no copo e ao seu lado o Vegia Reserva, mais austero e pronto para as curvas do tempo. A jornada termina na Bairrada, onde Luís Pato nos brinda com uma Baga de referência, proveniente da Vinha Barrosa ou com a delicadeza e os encantos que o branco da Vinha Formal promete revelar com o tempo.

No fim, ao olhar para o trajecto percorrido e para o que foi provado, ficamos com a convicção de que provámos vinhos de grande qualidade que merecem ser conhecidos, capazes de brilhar muito alto em qualquer parte do mundo.

Quinta de Sanjoanne Alvarinho 2013 (Regional Minho)

É uma novidade do produtor, um Alvarinho tenso e mineral, fruta limpa sem fruta tropical em excesso, tenso e com muito boa frescura. Na boca muito sabor na passagem pelo palato, mineral em fundo com sumo de fruta pelo meio, secura limonada em final de boa persistência. Cheio de detalhe e bonito rendilhado, um Alvarinho cuidado e refinado que fará as delícias a acompanhar umas amêijoas ou mexilhões ao natural.

Quinta da Vegia Superior 2007 (DOC Dão)

Um tinto de respeito que andou “esquecido” mas bem guardado pelo produtor. Chegada a hora de o lançar no mercado o vinho é pura elegância e charme, complexidade numa fruta fresca e viva, leve toque de geleia com todo o ambiente característico dos grandes vinhos do Dão.

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Quinta Sanjoanne Alvarinho 2013 | Luis Pato Vinha Formal Branco 2013 – Foto de João Pedro de Carvalho | Todos os Direitos Reservados

Abandonado 2009 (DOC Douro)

De uma vinha abandonada nasceu o Abandonado, um topo de gama da região que conquista pelo seu perfume de violetas, menta e fruta suculenta com toque doce , tabaco, muita frescura e uma estrutura de luxo. Amplo e muito saboroso, cativa pela elegância e por uma passagem no palato rica e cheia de sabores de enorme presença. Final longo e apimentado.

Quinta da Gaivosa Porto 20 Anos Tawny (Vinho do Porto)

O lote tem uma média de idade de vinte anos mas sente-se no imediato que ali moram vinhos muito velhos e de grande qualidade. Complexidade e elegância que nos dão vontade de repetir sempre mais um pouco. O resto são os aromas e sabores clássicos associados a este tipo de vinhos de grande qualidade. Macio na boca, revela um final longo e especiado.

Luís Pato Vinha Formal branco 2013 (Regional Beiras)

Ano após ano afirma-se como uma referência da região e do produtor. Um branco que gosta de envelhecer e que a prova no imediato está plena de energia. Amplo de fruta rechonchuda, flores amarelas, pólen, tudo junto e num plano complexo e delicado. A boca complementa o nariz, sempre naquele travo mais seco e com um final com a fruta amarela bem madura acompanhada de flores.

Luís Pato Vinha Barrosa 2011 (Regional Beiras)

A casta Baga ao mais alto nível. Mais sério e com mais austeridade que o Vinha Pan, o Barrosa consegue no imediato conquistar pela sua complexidade e riqueza aromática. Todo ele é um luxo, pela pureza de aromas e pela forma como o balsâmico e a rama de tomate se junta à fruta escura e suculenta (cereja, mirtilos pretos). Revela ainda um toque de pimenta num conjunto ainda muito novo, mas que dá no imediato uma prova de extraordinária a acompanhar um estufado de javali.

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Luis Pato Vinha Pan 2010 | Luis Pato Vinha Barrosa 2011 | Luis Pato 2009 – Foto de João Pedro de Carvalho | Todos os Direitos Reservados

Quinta do Ameal Clássico 2013 (Vinho Verde)

Um vinho de compêndio daquilo que é um grande Loureiro. Fresco, charmoso e conquistador, o que lhe advém da qualidade e definição dos seus aromas e sabores. Tudo em HD, conquista pela frescura e mineralidade que marca o palato, associados à fruta envolta em calda que faz as delícias na sua prova de boca.

Quinta do Ameal Escolha 2012 (Vinho Verde)

O topo de gama da casa, o mais sério e que menos tem a dizer enquanto novo. Sente-se austeridade no trato, folha de louro ainda verde, fruta limpa e madura, grande estrutura suportada pela madeira por onde passou. Fundo mineral num vinho com muito tempo de vida pela frente.

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Quinta do Ameal Escolha 2004 | Quinta do Ameal Loureiro 2004 – Foto de João Pedro de Carvalho | Todos os Direitos Reservados

Quinta dos Roques Bical 2013 (DOC Dão)

Branco de apenas 1200 garrafas, uma aposta muito especial do produtor, num vinho delicado e muito fresco, aromas de flores, fruta branca, limpeza de aroma com tudo a parecer um perfume de menina. Na boca convence pela acidez e pela presença da fruta delicada em final persistente.

Quinta dos Roques Reserva 2011 (DOC Dão)

Tenho o Roques Reserva 2005 como dos vinhos que mais prazer me tem dado nos últimos tempos. Agora saiu o 2011 e o encanto continua ao mais alto nível, o vinho é suculento, apetecível, com uma fruta vermelha que apetece trincar de tão madura e limpa que está. Amparado por uma madeira muito bem integrada, apresenta um belo corpo num vinho que mostra aquela secura de fundo em conjunto com a frescura, toque de alecrim e pinheiros da região.

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Quinta dos Roques Encruzado 2013 | Quinta dos Roques Malvasia-Fina 2013 | Quinta dos Bical 2013 | Maias 2013 – Foto de João Pedro de Carvalho | Todos os Direitos Reservados

Vinho Branco Edição Comemorativa dos 10 anos IWA (Vinho)

Branco comemorativo no qual foram utilizadas castas brancas, uma por cada produtor. Dessa forma o lote de nome LARBE (Loureiro, Alvarinho, Rabigato, Bical e Encruzado) que deu origem a 1200 garrafas. Vinho delicado, com frescura e boa complexidade, onde se sente uma vontade de crescer em garrafa. Boa mineralidade na boca com presença de frescura e cocktail de fruta.

Contactos
IWA
Av. da Boavista, 1607 – 5º Dto.
4100-132 Porto, PORTUGAL
Tel: (+351) 226 095 877
Website: www.iwa.pt

Os vinhos Atlânticos da Ilha do Pico (Açores)

Texto João Pedro de Carvalho

De todas as regiões demarcadas em Portugal os vinhos oriundos dos Açores são com toda a certeza os mais esquecidos, os menos discutidos, os menos divulgados e os que menos vezes chegam à mesa dos consumidores. No entanto a situação está a mudar e assiste-se a um esforço das entidades locais, entre produtores/CVR para que estes vinhos sejam encarados/consumidos de forma mais habitual.

Focando apenas na Ilha do Pico, são vinhos que nascem sensivelmente a meio do Atlântico, em solos de lava que marcam a paisagem da ilha e que a população local diferencia entre “lajidos” e “terras de biscoito” (Ilha Terceira). É uma região peculiar, moldada pelo ser humano nos famosos “currais”, Património Mundial da Humanidade pela Unesco, que isolada de tudo se tornou depósito natural de castas únicas e diferenciadoras (cheiros e sabores) levadas pelos colonos.

Copo de vinho em “Vinhos do Pico” – Foto de João Pedro de Carvalho | Todos os Direitos Reservados

Destacam-se três castas, o Arinto dos Açores que é diferente do Arinto de Bucelas, o Verdelho que foi a primeira casta implantada na ilha e idêntico ao da Madeira mas diferente do encontrado em Portugal Continental e o Terrantez do Pico, distinto do Terrantez da Madeira e do que se encontra no Dão.

Durante anos o mais famoso vinho da Ilha do Pico foi o licoroso, cuja principal característica é a não adição de aguardente, hoje em dia a oferta é mais vasta e estende-se por brancos frescos, de travo salino/mineral em conjunto com licorosos que oscilam entre o perfil mais seco ou mais doce, capazes de surpreender pela diferença.

Alguns dos Vinhos Provados – Foto de João Pedro de Carvalho | Todos os Direitos Reservados

Uma prova de contrastes, surpresas e comparativos onde a forte ligação à mesa com peixe e marisco se tornou mais que evidente. Contou com as presenças dos produtores Maria Álvares (Cooperativa Vitivinícola da Ilha do Pico), Marco e Rui Faria (Curral de Atlântis), Paulo Machado (Insula Vinhos) e Fortunato Garcia (Vinho Czar), foi conduzida pelo enólogo António Maçanita (Fita Preta).

Curral Atlântis Arinto dos Açores Colheita Selecionada 2013 (IG Açores)
Muita frescura, toranja, lima, folha de limoeiro, salino, menos expressivo que o Verdelho. Muita energia no palato, frescura, sumo de citrinos maduros, mineralidade em conjunto com bom final de boca.

Curral Atlântis Verdelho Colheita Selecionada 2013 (IG Açores)
Marcado pelo toque mais tropical da fruta, cheio e maduro, fresco e salino, envolvente com nota de pederneira. Boca com frescura, vegetal fresco com fruta tropical, seco no final mediano.

Curral Atlântis Verdelho/Arinto dos Açores Colheita Selecionada 2013 (IG Açores)
Aroma de fruta tropical com citrinos maduros, boa frescura, muito limpo, notas de um Verdelho mais gordo e redondo que abraça o Arinto mais ácido e cortante. Conjunto com harmonia entre castas num vinho claramente feito para a mesa.

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Arinto dos Açores by António Maçanita 2013 – Foto de João Pedro de Carvalho | Todos os Direitos Reservados

Arinto dos Açores by António Maçanita 2013 (DO Pico)
Frescura num conjunto marcado pelo detalhe da fruta limpa (citrinos) e delicada, toque salino, todo muito equilibrado e a dar uma prova muito agradável. Na boca é fresco, salino, muito citrino presente com final persistente.

Insula Private Selection 2013 (IG Açores)
Feito com Arinto dos Açores, carácter vincado num vinho tenso e com muito vigor, notas de pederneira ao lado de fruta limpa e madura, toranja e limão. Boca com austeridade mineral, quase salino, fruta madura a envolver num final de boca seco e prolongado.

Frei Gigante Reserva 2012 (DO Pico)
Um perfil diferente do normal, blend de Arinto dos Açores com Verdelho e Terrantez do Pico. Conjunto perfumado com fruta madura (pêra, toranja), fumo, salino, ao mesmo tempo sensação de untuosidade e envolvência. Boca com boa presença da fruta madura, saboroso, boa acidez a terminar seco e mineral.

Um dos Vinhos Provados – Foto de João Pedro de Carvalho | Todos os Direitos Reservados

Lajido Licoroso Seco 2002 (DO Pico)
Não é um vinho de abordagem fácil, recorda ligeiramente os vinhos de Jerez, pela oxidação em conjunto com toque salino e fruto seco, amanteigado com ligeiro iodo. Boca com secura, fresco com frutos secos e iodo, num final persistente e longo.

Lajido Licoroso Reserva Doce 2004 (DO Pico)
Num perfil mais untuoso que o Lajido Seco, notas de frutos secos cobertos de caramelo, laranja caramelizada, uva passa, biscoitos, tudo em boa complexidade. Boca a condizer com os aromas, envolvente e com uma bela acidez. Final longo e persistente.

Czar Licoroso Superior Doce 2008 (DO Pico)
O mais exótico e fora do habitual, resina, toque de frutas cristalizadas com especiarias, ervas de cheiro e tisana, boa frescura a embalar o conjunto com toque salino em fundo. Gordo, complexo, guloso e estranho, diferente e divertido.

Curral Atlântis Verdelho/Arinto dos Açores Doce 2005 (DO Pico)
Passou 5 anos em barrica e 1 ano em garrafa, muito equilibrado, torrefacto, laranja caramelizada, salino e untuoso. Boca a mostrar muita frescura que liga com fruta caramelizada, calda de fruta, final longo e persistente.

Terras de Tavares – O Dão do João

Texto João Pedro de Carvalho

A Quinta da Boavista, pertença da família Tavares de Pina, onde se produzem os vinhos Terras de Tavares e Torre de Tavares, situa-se na Região Demarcada do Dão, Penalva do Castelo, entre as Terras de Penalva e as Terras de Tavares, a uma altitude aproximada de 450m.

A Quinta data dos finais do séc. XVIII tendo tido a vinha como actividade principal e hoje em dia conta ainda com a criação de cavalos raça Lusitana, mas também já ali se produziu o famoso Queijo da Serra da Estrela. Os cerca de 7ha de vinha situada em solos de transição xisto-granito de grande profundidade e elevados teores de argila conferem aos vinhos características muito especiais.

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Paisagem – Foto de João Pedro de Carvalho | Todos os Direitos Reservados

A uva que antes era vendida para a Cooperativa local, deu origem em 1997 ao primeiro Terras de Tavares, considerado até hoje como um dos melhores vinhos do produtor. Apenas em 2005 começaram a ser vinificados na Quinta. Até então apenas elaboravam blends de toda a produção que eram produzidos na Quinta da Murqueira.

Na Quinta da Boavista, João Tavares de Pina, um amigo de longa data e produtor apaixonado pela região com toda a irreverência que o caracteriza, vai criando a seu gosto vinhos plenos de identidade, de forte ligação à terra, espelhos de cada colheita que apenas são lançados para o mercado quando ele considera estarem aptos para consumo.

Não procura o agrado fácil. Os vinhos são feitos à sua imagem, com madeira pouco presente e estágios prolongados em garrafa. Brilhantes à mesa, apreciadores de uma boa conversa, claramente marcados pela alma da região num cunho muito próprio que João trata de aprimorar colheita após colheita

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Foto de João Pedro de Carvalho | Todos os Direitos Reservados

Em conversa ficamos a saber que o João tem um carinho muito especial pela Jaén que considera de enorme potencial, juntando também a Tinta Pinheira e a Touriga Nacional. À Quinta da Lomba (Gouveia) foi buscar as uvas de onde produzia os seus brancos à base de Encruzado, Cercial e Síria. Entretanto as vinhas foram vendidas, pelo que teremos de esperar, quem sabe até 2015 para termos um novo Torre de Tavares branco.

Numa visita recente à Quinta da Boavista, aproveitei o seu fantástico enoturismo para me deliciar com a excelente gastronomia regional que João Tavares de Pina nos prepara a acompanhar os seus vinhos. Tive pena de não ter levado os calções de banho para dar um mergulho na fantástica piscina, mas fica para outra altura.

Começando pelos brancos ainda disponíveis no mercado:

Torre de Tavares Síria 2009 (Regional Beiras)
Aroma a mostrar notas de muito boa evolução, intensidade média, flores, fruta (tangerina, maçã verde) com muita frescura e mineralidade de fundo. Boca com estrutura coesa, saboroso, com notas de fruta madura, num final fresco e bastante mineral.

Torre de Tavares Encruzado 2008 (DOC Dão)
Encruzado que não foi filtrado, mostra aroma evoluído com complexidade, cheio de detalhes, fruta madura, flores amarelas com toranja e marmelo, palha, sensação de untuosidade com boa mineralidade. Boca envolvente, fruta em calda, frescura com mineralidade em fundo.

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João Tavares Pina – Foto de João Pedro de Carvalho | Todos os Direitos Reservados

Nos tintos os destaques são:

Rufia 2012 (DOC Dão)
O Rufia nasceu na colheita 2009 como um 100% Rufete (Tinta Pinheira). Agora na nova edição juntou-se com a Touriga Nacional e a Jaén. O resultado é um vinho atrevido e cheiroso, pouco consensual devido à componente vegetal (rama de tomate) que está em evidência, embora a fruta esteja presente com muito boa qualidade e quase que se trinca. O vinho é mais sério do que se pode imaginar, um verdadeiro rebelde que alia compotas e balsâmico, sustentado por uma bela estrutura, com taninos presentes em final saboroso.

Torre de Tavares Jaén 2008 (DOC Dão)
Será posto à venda nos próximos meses. Apesar dos seis anos que já tem, está ainda muito novo mas cheio de encantos e recantos tão característicos do Dão. Está limpo e fresco, cheio de energia, muito fruto silvestre, balsâmico, pinheiro, cacau, madeira integrada com boa frescura. Explosão de sabor no palato, frescura com taninos a pedir comida por perto. O final deste belíssimo Jaén é longo e persistente.

Torre de Tavares Jaén 2007 (DOC Dão)
Vinho que desperta um sorriso, muito limpo e rico de aromas, coeso e envolvente a mostrar o grande vinho que é. Aromas característicos do Dão bem vincados, mato, pinheiro, frutos silvestres, muita frescura sempre presente, cacau e mineral em fundo. Boca a condizer, grande estrutura de apoio, muito boa frescura com a fruta sumarenta a marcar presença, taninos firmes com final especiado e longo.

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Terras de Tavares Reserva 1997 – Foto de João Pedro de Carvalho | Todos os Direitos Reservados

Torre de Tavares Touriga Nacional 2008 (DOC Dão)
Uma Touriga Nacional mais contida e delicada, com aroma limpo, sedutor e fresco. Notas de  alfazema, mato, vegetal e fruta madura bem integrada. Boca bem estruturada a mostrar fruta (cereja) bem casada com a madeira, balsâmico e mineral em fundo com taninos ainda por polir. Final longo e persistente.

Terras de Tavares 2006 (DOC Dão)
Resulta do blend Touriga Nacional e Jaén, com estágio de 3 anos em barrica e posterior estágio em garrafa. O vinho mostra-se ainda muito novo, cheio de vigor e a pedir tempo. Floral, com fruto negro e mineralidade em fundo. Na boca mostra muita força, taninos presentes, fruta gorda e frescura. É vincadamente terroso e possuí um grande final.

Terras de Tavares Reserva 1997 (DOC Dão)
Blend de Jaén e Touriga Nacional com domínio da primeira sobre a segunda. Complexo e delicado, limpo e perfumado, exibe notas de resina, floral, cacau, fruta vermelha gulosa (mirtilo e cereja), complementados com toques terrosos e especiados. Na boca é suave mas firme, longo, e com taninos domados. Muito elegante e com travos de um Dão clássico, precisa de tempo no copo. Final longo e persistente, num vinho que enaltece a sua região.

Contactos
Quinta da Boavista – Castelo de Penalva
3550-058 Penalva do Castelo, Portugal
Tel: (+351) 91 985 83 40 (João Tavares de Pina)
Email: jtp@quintadaboavista.eu
Site: www.quintadaboavista.eu

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João Portugal Ramos Loureiro 2013, os prazeres acessíveis do Vinho Verde

Texto João Pedro de Carvalho

A aventura de João Portugal Ramos no mundo do vinho começou em 1980. Chegou a andar pelo Dão, Lisboa e Setúbal, mas nos dias de hoje apenas conta com presença nas regiões do Alentejo, Tejo, Beiras e Douro.

Os canais internacionais de distribuição pediram-lhe um Vinho Verde e foi isso que o fez lançar em 2011 o seu primeiro vinho daquela região, o Lima Loureiro em exclusivo para o mercado Americano.

Consolidado o projecto sediado em Monção, investimento que rondou 1 milhão de euros, lançou com sucesso na colheita de 2012 o João Portugal Ramos Alvarinho (Portugal, UK e USA).

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João Portugal Ramos Loureiro 2013 – Foto de João Pedro de Carvalho | Todos os Direitos Reservados

Chega agora a vez de lançar no mercado Português e com igual sucesso o João Portugal Ramos Loureiro 2013 (3,79€ PVP). Um vinho de aroma fresco e elegante, citrinos, erva-príncipe, ervas de cheiro combinadas com mineralidade de fundo. No palato mostra boa acidez e sabor refrescante com bom final de boca. Sob a influência marítima, a região dos Vinhos Verdes tem nos seus vinhos um verdadeiro símbolo de boas vindas ao verão, resultando numa harmonia perfeita com marisco, ceviche ou simplesmente como vinho de esplanada.

Contactos
João Portugal Ramos Vinhos S.A.
Vila Santa
7100-149 Estremoz
Portugal
Tel.: (00 351) 268 339 910
Fax.: (00 351) 268 339 918
www.jportugalramos.com

Porto Colheitas de Excelência

Texto João Pedro de Carvalho

A Quinta do Noval é uma das grandes casas de Vinho do Porto, que não só produz o mais famoso Vinho do Porto Vintage, o lendário “Nacional”, como é também a única casa cujos vinhos são exclusivamente single vineyard (i.e., “Quinta”).

A história da Quinta do Noval remonta a 1715, altura em que o seu nome surge pela primeira vez nos registos. A área total de cento e quarenta e cinco hectares, que domina o Vale do Pinhão (Cima Corgo), constitui a essência e a alma da Quinta do Noval. Em 1894 (após a devastação causada pela filoxera) a Quinta foi comprada pelo ilustre comerciante António José da Silva. Da Silva deu uma nova vida à Quinta do Noval, com a replantação dos cento e quarenta e cinco hectares de vinha (classificada com letra A), com porta-enxertos americanos. Em 1925, uma muito pequena parte de vinha no coração da Noval (dois hectares) foi selecionada para a tentativa de manter a vinha indígena Portuguesa em porta-enxerto Português (Nacional) como um experimento. O primeiro vinho a ser produzido e vendido resultante destas jovens vinhas foi o Quinta do Noval Nacional Vintage 1931, considerado o mais sensacional Porto do século XX.

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Quinta do Noval © Blend All About Wine, Lda

O trabalho de António José da Silva foi continuado pelo seu genro, Luiz Vasconcelos Porto, que geriu a empresa durante 30 anos, tendo-se aposentado em 1963. Autor de um vasto programa de inovações, transformou os antigos socalcos estreitos em socalcos mais largos, característica distintiva da Noval, com as suas escadas caiadas de branco.
O estêncil nas garrafas foi pela primeira vez introduzido pela Noval em 1920, tendo sido também pioneira no conceito de Tawnies com indicação de idade (10, 20 e 40 anos) e a primeira casa a lançar um late-bottled vintage: 1954 Quinta do Noval LBV.

Em anos excecionais, determinados lotes de vinho com grande potencial de envelhecimento são postos de lado e colocados em barricas. Apenas em determinado momento a Noval decide engarrafar parte dessas Colheitas. O resto é mantido em barricas onde o vinho irá ganhar toda uma nova dimensão em fases posteriores do seu envelhecimento. Os Porto Colheita da Noval são verdadeiras raridades, combinam requinte e elegância, sendo a expressão máxima dos Tawnies com idade e tal como um Porto Vintage assumem as características específicas do respetivo ano de colheita. A legislação exige um estágio mínimo de sete anos em casco, embora na Quinta do Noval apenas sejam comercializadas após 10 a 12 anos de envelhecimento.

António Agrellos, o diretor técnico da Quinta do Noval desde 1994 e um dos grandes “Wine Blenders” do vinho do Porto, conduziu-nos num fantástico passeio pelos Colheitas da Quinta do Noval.

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Quinta do Noval Colheita 2000 © Blend All About Wine, Lda

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Quinta do Noval Colheita 1995 © Blend All About Wine, Lda

Quinta do Noval Colheita 2000

Mostra toda a classe de um Tawny jovem e cheio de vida, com espírito adolescente, que nos conquista pela energia e presença. Exibe uma boa complexidade, com um bouquet intenso e bem definido, fruta cristalizada, nozes e tabaco, num conjunto jovem, fresco e revigorante. Complexo e doce no palato, fresco e preciso, revela uma estrutura elegante e um final harmonioso e persistente.

Quinta do Noval Colheita 1995

Um tawny a caminho da fase adulta, numa nova dimensão com aromas mais evoluídos e de maior complexidade e profundidade. Bem definido nos aromas, mostra uma bonita complexidade, caramelo, frutos secos (nozes e avelãs), especiaria doce, fruta cristalizada (laranja, limão, damasco). Corpo médio, elegante, untuosidade e boa acidez, tudo num final longo e persistente.

Blend-All-About-Wine-Quinta-do-Noval-Colheita-1976

Quinta do Noval Colheita 1976 © Blend All About Wine, Lda

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Quinta do Noval Colheita 1971 © Blend All About Wine, Lda

Quinta do Noval Colheita 1976

Um vinho temperamental que nasceu na era do Punk Rock. Envolto em rebeldia, é certamente o vinho mais exótico da prova ao melhor estilo Ramones. Hey! Ho! Let’s go! – The Anthology. Muito boa complexidade, caixa de charutos, resina, frutas secas e caramelo. Medianamente encorpado e persistente na boca, suave como seda, apresenta nuances de especiarias num longo final.

Quinta do Noval Colheita 1971

A saudade exprime um sentimento muito próprio quando sentimos falta de algo de que gostamos. Este é um daqueles vinhos que deixa saudade. Pura sedução, dominado por uma encantadora complexidade, especiarias, caramelo, passa de uva e frutas cristalizadas. No palato é de uma enorme riqueza e elegância, tem uma frescura fantástica que o envolve com notas de especiarias num final longo e persistente. Um vinho fantástico.

Blend-All-About-Wine-Quinta-do-Noval-Colheita-1964

Quinta do Noval Colheita 1964 © Blend All About Wine, Lda

Blend-All-About-Wine-Quinta-do-Noval-Colheita-1937

Quinta do Noval Colheita 1937 © Blend All About Wine, Lda

Quinta do Noval Colheita 1964
Tal como em 1964 as admiradoras de bandas como Beatles ou The Rolling Stones saltavam e gritavam de entusiasmo, ao provar este vinho apeteceu-me fazer exatamente o mesmo. Intrigante e ao mesmo tempo conquistador, mostra-se dominado por uma refinada complexidade, aroma delicado e pleno de harmonia, com notas de nozes, passa de uva e da madeira velha onde estagiou. Apeteceu-me ficar toda a tarde a cheirar este vinho. Boca de grande nível, quase veludo, cheio e saboroso, com enorme frescura para a idade que tem e com um final muito longo. Espectacular.

Quinta do Noval Colheita 1937

O ano de 1937 foi marcado pela coroação do Rei George VI de Inglaterra, data em que a ponte Golden Gate (São Francisco) foi também inaugurada e J. R. R. Tolkien publica ‘The Hobbit’. Apenas um vinho como este poderia estar à altura de tamanhos acontecimentos. Estrondoso tawny velho a mostrar uma fantástica complexidade, fruto seco, grande definição, especiarias, marmelada, caixa de tabaco e madeira velha. Palato luxuoso, com uma belíssima acidez. Tudo muito equilibrado com camadas de sabor que nos guiam num final interminável e sedutor.

Contactos
Quinta do Noval Vinhos, SA
AV. DIOGO LEITE, 256
4400 – 111 VILA NOVA DE GAIA
Portugal
Tel: (+351) 223 770 270
Fax: (+351) 223 750 365
Email: noval@quintadonoval.pt
Website: www.quintadonoval.com

Morgadio da Calçada, de Provesende para o mundo

Texto João Pedro de Carvalho

Na pacatez da pitoresca Vila de Provesende reina um ambiente acolhedor e pleno de tradição. Pela manhã o ar fresco e puro é tomado pelo cheiro a pão cozido que percorre as ruelas e guia-nos a uma visita obrigatória à padaria.

Um dos mais antigos solares daquela vila é a Casa da Calçada, um imponente solar duriense cuja fundação remonta ao séc XVI pertença do Morgado da Calçada, mandado construir no final do século XVII pelo desembargador Jerónimo da Cunha Pimentel, mantendo-se na família até aos dias de hoje.

É Manuel Villas-Boas quem nos abre o portão que dá passagem para um conjunto de antigos edifícios agrícolas, alvos recentes de uma profunda e cuidada reabilitação, que deram origem a uma bonita unidade de enoturismo. No total são oito quartos e piscina, onde o bom gosto se alia à tradição com um ligeiro e necessário toque de modernidade. Se aliarmos tudo isto à arte de bem receber de Manuel Villas-Boas, apenas faltará abordar os belíssimos vinhos que ali são produzidos.

Casa da Calçada – Foto de João Pedro de Carvalho | Todos os Direitos Reservados

Na verdade, o vinho sempre fez parte da história daquela casa e a visita à antiga adega apenas o confirma com a presença de imponentes e históricos tonéis de madeira. Os cerca de 4,5 hectares de vinhas moram lado a lado com a casa e reconversão das mesmas teve início no ano de 1980, terminando por volta dos anos 90. A vinha divide-se em três parcelas: a mais velha com mais de 100 anos, uma só de castas brancas de cerca de 2,5 hectares com idade a rondar os 20 anos e outra de castas tintas com idade aproximada de 30 anos. Foi nessa altura que se criou a parceria Casa da Calçada – Niepoort com o surgimento da marca Morgadio da Calçada, sendo todo o processo de vinificação tratado na Quinta de Nápoles (Niepoort). Também aqui os detalhes não foram deixados ao acaso e no desenho dos rótulos surge a assinatura do Arq. Siza Vieira para os vinhos tranquilos e do Arq. Michel Toussaint para os vinhos do Porto. Dirk Niepoort é um confesso admirador das vinhas de Provesende, criando ali vinhos de grande frescura e elegância, para o que muito contribuem os 600 metros de altitude e as grandes amplitudes térmicas. Em prova, nenhum dos vinhos se revelou marcado pela madeira e todos mostraram uma enorme apetência gastronómica.

Morgadio da Calçada Branco 2012, Douro – Foto de João Pedro de Carvalho | Todos os Direitos Reservados

Morgadio da Calçada Branco 2012, Douro

Fruto de um grande ano, reina aqui a limpeza e frescura da fruta madura (citrinos, ameixa branca, pera) de grande qualidade. Apenas 60% do lote passou por madeira num conjunto muito novo e cheio de energia, dominado em fundo por austeridade mineral. Prova de boca elegante, fruta presente com harmonia, alguma tosta da madeira com frescura a envolver todo o conjunto.

Morgadio da Calçada Branco Reserva 2010, Douro

Um vinho que cresce com tempo no copo, beneficia se for decantado, a mostrar um requintado bouquet com fruta presente (citrinos, ameixa branca), complexo, elegante e convidativo. Da passagem a 100% por madeira, ganhou algum peso num perfil mais estruturado e profundo, complexo e sério que o irmão mais novo. Na boca, muito boa presença com leve cremosidade, fruta cheia de sabor, num final especiado, mineral e persistente.

Morgadio da Calçada Tinto 2004, Douro – Foto de João Pedro de Carvalho | Todos os Direitos Reservados

Morgadio da Calçada Tinto 2011, Douro

Estagiou em barricas usadas, madeira discreta ampara um conjunto dominado pela frescura de fruta vermelha/negra (bagas, framboesa,) gulosa com leve doçura, toque de fumo, cacau. Todo ele elegante, com boa estrutura, palato cheio de frescura e fruta, envolvente a terminar com ligeira secura.

Morgadio da Calçada Tinto 2004, Douro

Foi o primeiro tinto Morgadio da Calçada, simplesmente delicioso, cativa no imediato. A fruta limpa, madura e muito bem definida mostra-se banhada numa capa de leve doçura, envolto em frescura e complexidade, especiarias, esteva, cacau, profundo e conversador. Boca cheia de sabor e frescura, macio no palato, muito requinte, leve traço vegetal e especiaria em final longo e persistente. Muito bom.

Morgadio da Calçada Tinto Reserva 2007, Douro

Da selecção das melhores uvas das vinhas mais velhas nasce o Reserva, sério e complexo, sente-se uma ligeira austeridade tão característica dos tintos do Douro, a pedir tempo de copo. Fruta expressiva (cereja, amoras) com notas de esteva, especiaria, nota de licor, mineral, elegante e macio no palato. Saboroso com rica textura, frescura e profundidade, num tinto de gabarito e classe.

Contactos
Largo da Calçada | Provesende
5060-251 Sabrosa (Portugal)
Tel: (+351) 254 732 218
Telemóvel: (+ 351) 915 347 555
E-mail: mvb@morgadiodacalcada.com
Website: www.morgadiodacalcada.com