Posts By : José Silva

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Jantar da Rota das Estrelas

Texto José Silva

Foi o primeiro de vários jantares inseridos na “Rota das Estrelas”, que este ano começou na ilha da Madeira, tendo como anfitriões o complexo turístico Cliff Bay, o seu restaurante “Il Gallo d´Oro” e o chefe Benoît Sinthon, detentor duma estrela Michelin. Mas nesta edição foi decidido inovar, o que é sempre muito interessante, sobretudo vindo de quem vem, pois normalmente são coisas com muita qualidade.

E foi assim que foi anunciado o primeiro jantar desta rota para as caves Blandy, servido no seu Lodge. Dia 19 de Março rumamos ao Convento de S. Francisco, o Lodge da Madeira Wine Company, para participar num evento fantástico.

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Foto de Henrique Seruca-PortoBay – Todos os Direitos Reservados

Na beleza das caves, aproveitando todos os recantos e salas, muito bem decoradas e iluminadas, espalhavam-se mesas e banquinhas, com camilhas e atoalhados, ocupadas pelos chefes residentes e convidados e as suas equipas, numa panóplia de cores e imagens de extrema elegância e beleza. O pessoal de sala fazia o acompanhamento, recolhendo pratos e copos e substituindo tudo de imediato. Em cada um dos locais as equipas, lideradas pelos chefes, preparavam ao vivo petiscos deliciosos, muitos deles mesmo servidos quentes, cujos aromas se espalhavam pelo ar, dando um ambiente de grande restaurante àquele local fantástico.

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Foto de Henrique Seruca-PortoBay – Todos os Direitos Reservados

E assim todos podiam passear à vontade, parando em cada banca para apreciar a comida que ia sendo servida, para trocar impressões com os chefes e tirar umas fotografias, num ambiente descontraído e informal, em que o mais importante era a comida. Mas também os vinhos, que neste evento serviram de suporte aos imensos petiscos e que tiveram a presença das “Portugal Wine Ladies”, um conjunto de mulheres ligadas à produção e comercialização de vinhos portugueses, que deram um toque feminino precioso para que as harmonias fossem bem conseguidas. O que foi completamente conseguido, um sucesso, e por isso também elas estão de parabéns. Os seus vinhos fizeram belas ligações com os petiscos de cada chefe e elas puderam explicar os vinhos e espalhar a sua simpatia por todo o lado.

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Foto de Henrique Seruca-PortoBay – Todos os Direitos Reservados

Os chefes presentes, alguns deles bem conhecidos e mesmo detentores das afamadas estrelas do guia Michelin, estiveram no seu melhor, preparando e explicando a quem quis os pratos e as suas confecções. Alguns dos chefes cozinharam mesmo ao vivo, fazendo as delícias dos participantes. O anfitrião Benoît Sinthon, foi acompanhado por Ricardo Costa, do “Yeatman”, Vitor Matos, do “Largo do Paço”, Vincent Farges, da “Fortaleza do Guincho”, Miguel Lafan, do “L´And”, Paulo Morais, do “Umai”, Olivier Barbarin, do “Châteux d’Audrieu”, Sebastien Broda e Pascal Picasse, do “Le Park 45”, Henrique Sá Pessoa, do “Alma”, Joe Barza, chefe consultor no Líbano, Adam Simmonds, do “Danesfield House”, Fernando Agrasar de “As Garzas”, José António Campoviejo, do “El Corral del Indianu” e José António González do “El Nuevo Molino”.

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Foto de Henrique Seruca-PortoBay – Todos os Direitos Reservados

Havia pratos de peixe e marisco confeccionados, ostras frescas com champanhe e caviar, havia sushi e sashimi, havia foie gras, havia carnes de borrego e de vitela, havia petiscos sofisticados de pequenas dimensões e pratos mais elaborados em quantidades maiores. E havia doçaria imensa, da mais tradicional à mais requintada. Havia uma mesa com muitas variedades de pão e havia uma enorme quantidade de queijos deliciosos. Junto aos chocolates estavam os vinhos Madeira, da Madeira Wine Company, que estiveram em muito boa companhia. E houve música tocada ao vivo, dando uma nota quase burlesca ao ambiente daquele espaço fantástico com mais de duzentos anos.

Naquela primeira noite da “Rota das Estrelas”, todos foram estrelas…

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Almoço nas Casas do Côro

Texto José Silva

A visitar vinhas, apreciar a paisagem arrebatadora do rio Douro e a provar vinhos pelo Douro Superior, era chegada a hora de repousar e de nos sentarmos à mesa. Foi o que fizemos na magnífica sala de jantar das Casas do Côro, depois duma interessante visita guiada ao complexo turístico. A sala está muito bem decorada, bom gosto por todo o lado, sóbria, muito acolhedora, até a luz é delicada, um local “cozy”. Mesa muito bem posta, com tudo o que é necessário para uma refeição tranquila e de qualidade.

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Casas do Côro Reserva © Blend All About Wine, Lda

E como as Casas do Côro também têm os seus próprios vinhos, foram eles que acompanharam toda a refeição. E fomos guiados pelos dois proprietários da casa: a Cármen foi descrevendo os pratos, o Paulo explicou-nos os vinhos. Tudo com um serviço de sala impecável, quer a servir a comida, quer a tratar e servir os vinhos. Vinhos que são elaborados por dois amigos da casa, Dirk Niepoort, que faz os vinhos Douro Rosado e Branco Reserva, e Rui Madeira que trata os vinhos Beira Interior Branco, Tinto e Tinto Reserva e vinhos Douro Tinto Grande Reserva. As Casas do Côro situam-se na linha de separação destas duas regiões.

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Casas do Côro © Blend All About Wine, Lda

E foi com um branco da Beira Interior que começamos, o Casas do Coro Branco, já de 2013, um vinho feito com castas menos conhecidas, ainda assim bem interessantes, sobretudo na frescura que transmitem ao vinho. Dum amarelo citrino muito claro, cristalino, apresenta aromas de flores do monte, muito suave e elegante. Na boca é bastante sedoso, com uma acidez muito equilibrada, alguma fruta branca, pêra, ameixa, notas de citrinos intensas e alguma mineralidade a deixar um belo final.

Entretanto o pão veio para a mesa, da região, saboroso, e apreciou-se uma deliciosa bola de azeitona com azeite virgem e orégãos, muito bem elaborada, crocante mas fofa por dentro, muito boa.

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Casas do Côro © Blend All About Wine, Lda

Do Douro veio um rosé da autoria de Dirk Niepoort, o Casas do Côro Rosado 2013, dum rosa pálido, com notas secas e elegantes no nariz, alguns frutos vermelhos, na boca apresentando uma boa acidez e muita elegância, volumoso, aveludado, envolvente e fresco.

Como entrada veio à mesa um rolo de bacalhau com puré tosco de verduras na cocote, muito quente, uma boa ligação entre o bacalhau e as verduras, um conjunto cremoso, e por cima um crocante delicioso a fazer o contraste, excelente. E não faltou a sopa, um creme de legumes da horta, olorosa e muito saborosa.

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Casas do Côro © Blend All About Wine, Lda

Provou-se ainda um outro vinho branco, este do Douro, o Casas do Côro Branco Reserva 2012, onde Dirk Niepoort deu largas ao seu reconhecido bom gosto, com toque precioso de madeira, muito bem casada, aromas ligeiramente florais e fragrância suave de baunilha, belo volume de boca, muito envolvente, um casamento perfeito entre acidez e frescura, um vinho algo exótico com final longo e sedoso.

O prato principal foi um delicioso cabrito de leite assado no forno, que se apresentou desossado, em lascas pequenas, na companhia de batatas assadas no forno, tostadinhas, e um rolo de verduras muito saboroso.

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Casas do Côro © Blend All About Wine, Lda

Provou-se então o tinto Casas do Côro Beira Interior Reserva 2011, um ano que está a dar grandes vinhos tintos. Boa fruta no nariz, algumas notas de barrica e um delicioso toque mineral a dar-lhe grande elegância. Na boca tem persistência, lembra frutos silvestres, algum chocolate preto, ligeiramente especiado e com notas de fumo a par de alguma frescura, num vinho muito equilibrado.

Enquanto se apreciava este vinho tinto veio à mesa alguma doçaria de confecção própria e o queijo curado com umas tostinhas crocantes a dar o final à refeição.

Depois, já era hora de partir, Douro abaixo…

Contactos
Marialvamed – Turismo Histórico e Lazer, Lda
Largo do Côro
6430-081 Marialva – Portugal
Tel: (+351) 917 552 020
Fax: (+351) 279 850 021
E-mail: info@casasdocoro.pt ou reservas@casasdocoro.pt
Website: www.casasdocoro.pt

Almoço – Restaurante Palco

Texto José Silva

No primeiro encontro do painel de provadores da Blend, fomos recebidos no Restaurante Palco, do Hotel Teatro, num ambiente requintado e tranquilo, para um almoço em que se pretendia provar grandes vinhos portugueses da actualidade, em harmonia com uma culinária moderna baseada em bons produtos portugueses.

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Feitas as apresentações e com a presença de Paulo Costa, Director do Hotel, que nos fez companhia, começou uma refeição que se viria a revelar de enorme qualidade, ajudada também pelo trabalho excelente dos profissionais de mesa do restaurante, quer no serviço e apresentação de cada prato, quer num serviço de vinhos impecável, entre copos, temperaturas e quantidades servidas.

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Os vinhos, provados dois a dois, estiveram à altura da ementa e fizeram como que um bailado entre si e um diálogo sério com a comida, dando-nos imensos momentos de prazer. Começou-se com um espumante da Bairrada, o Encontro Special Cuvée 2010, que apresentou bolha muito fina com mousse persistente, aromas secos e tostados, na boca tem elegância, notas de palha, excelente acidez, seco, com grande final.

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Fizemos então uma viagem deliciosa por um menu de degustação que começou com uma tapenade de tomate seco bem apresentada, bem ligada, com textura suave e elegante, para barrar no pão, e que veio à mesa numa pedra redonda de belo efeito. Seguiu-se um corneto de azeitona com barandade de bacalhau, que vinha espetado num recipiente repleto de sementes tostadas, num contraste visual muito bem conseguido: a massa crocante e o recheio do pequeno corneto muito bem ligados, a desfazer-se na boca, o contraste bacalhau/azeitona a percorrer o palato e deixar boa memória.

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O Rosé Principal Tête de Cuvée 2010 que veio a seguir estava surpreendente, de uma cor salmão pálido muito requintada, aromas exóticos, com notas secas de fumo, suaves fragrâncias de frutos vermelhos e um volume de boca soberbo, com notas de framboesas e mirtilos muito sedosas, acidez muito equilibrada, alguma frescura, final muito longo.

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Ainda ao nível das entradas, surpreenderam o torricado de pão saloio com cavala fumada e creme de cebola tostada, em que o pão, muito bom, tostadinho, serviu de base ao exotismo da cavala fumada, encimada pela cebola tostada e ladeada por duas salicórnias em tempura. Uma explosão de mar e fumo na boca.

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Continuando nas entradas, com a viagem cada vez mais intensa, o chefe presenteou-nos com aquilo a que chamou “uma versão diferente de bife tártaro e batata frita com mostarda Savora”, assim mesmo: a tosta muito fina e crocante dobrada a formar um tubo, recheada pelo tártaro preparado com rigor, muito saboroso, a ligar de forma inusitada com o paladar forte da mostarda que recheava duas batatinhas fritas às rodelas.

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Depois veio um vinho branco do Dão, da Quinta da Passarela, o Vila Oliveira branco 2012, Casa da Passarela, um vinho extraordinário, com aromas complexos de fruta e plantas do monte, grande estrutura na boca, alguma mineralidade, com uma óptima acidez e um final longo e sedoso..

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Para fechar o ciclo das entradas, um prato que mais parecia uma paleta de cores, mas que na boca revelou uma enorme frescura e uma ligação muito interessante entre ingredientes tão diversos como as vieiras, cannelloni de abacate com sapateira, puré de raiz de aipo fumada com cítrico e camarinhas, aqueles camarões de rio minúsculos de aroma e sabor intensos, que faziam a ligação de todo o prato, excelente.

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Passamos depois a dois vinhos Alvarinho de Melgaço com perfis muito diferentes entre si, ambos muito bons. Primeiro o Curtimenta 2011 de Anselmo Mendes, que se apresentou muito suave no nariz, muito elegante, notas de frescura e de frutos tropicais bem maduros, na boca é envolvente, tem óptima estrutura e grande mineralidade, acidez intensa mas bem equilibrada, um vinho complexo mas exuberante.

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Nos pratos de peixe, começou-se com robalo com caldo de Bulhão Pato, mexilhão, lingueirão e esférico de batata, muito requintado quer no paladar, quer na textura, caldo aveludado, batata cremosa, textura do peixe de mar correctíssima, o mexilhão e o lingueirão a reforçar o paladar a mar, tudo muito suave na textura.

O segundo prato peixe foi o salmonete no seu caldo, gnochis de batata, o peixe de textura acertada, rijinho, saboroso, o caldo cremoso e muito sedoso, o gnochi de batata apaladado, num conjunto algo exótico, muito bom.

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E veio outro grande Alvarinho, o Soalheiro Reserva 2011, com aromas de madeira, tostado, com alguma mineralidade, na boca é intenso, belo volume, fresco e com óptima acidez, notas ligeiras de baunilha, a deixar grande final.

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Sendo o terceiro peixe o bacalhau de meia cura com caldo de cebola tostado, cebolinhas caramelizadas e cebolete, e cannelloni de lombarda com bochechas de bacalhau. Muito complexo na sua harmonização, revelou-se incrivelmente simples no paladar e na textura, tudo a ligar bem e a tomar conta do nosso palato, óptimo.

Seguiu-se o M.O.B. tinto 2011, que apresentou aromas florais cheios de elegância, alguma frescura, exótico, na boca com bela acidez, taninos muito redondos, bem construído, seguro e elegante, notas de frutos vermelhos maduros, aveludado, um vinho para ir descobrindo. Depois foi o Quinta da Casa Amarela Grande Reserva tinto 2011, concentrado, elegante, aromas intensos de frutos vermelhos, notas de fumo e madeira, na boca tem rusticidade, é especiado e elegante, tem volume, os frutos vermelhos bem maduros, um vinho gastronómico.

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Passando às carnes, começou-se com um produto extraordinário, o rabo de vitela maronesa com cremoso de batata trufado e foie gras. Várias texturas a ligar bem entre si, o foie por cima e o cremoso de batata por baixo da carne a transmitir-lhe um toque do trufado ligeiro, a carne a desfazer-se, de paladar intenso mas delicioso.

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Então apresentaram-se dois grandes vinhos de duas grandes regiões. O tinto do Dão, Vinha do Contador 2008, é um clássico daquela região, cheio de elegância, com aromas sofisticados de flores, de plantas silvestres, com um volume de boca incrível, bem estruturado, boa acidez e alguma frescura, frutos vermelhos maduros, algum fumo e um grande final.

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O Quinta do Crasto – Vinha Maria Teresa tinto 2011 representa a excelência do Douro, muito elegante no nariz, aveludado, notas florais de esteva e de urze. Na boca tem excelente volume, é cremoso, sofisticado, taninos soberbos, bem casados, longo, com um final imenso. Os dois vinhos fizeram companhia a todo o requinte e elegância da carne de veado no seu lombinho, beterraba, maçã reineta e cantarelos, paladares secos da terra e de húmus, a carne aveludada e saborosa, o molho a ligar o conjunto, num patamar culinário já muito alto.

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Antes da sobremesa e para limpar o palato, apreciou-se um Amontillado de Jerez, seco, com acidez incrível e com notas adocicadas a contrastar. A sobremesa dizia-se ser “o limão e as nozes em texturas”. E assim foi, várias texturas, das nozes e do crocante de várias folhas tostadas, o limão entre uma esfera, um creme e uma tosta. Resultado retumbante.

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Para as sobremesas apreciou-se um Porto Barros branco velho que esteve muito elegante, aromas intensos de frutos secos, ligeiras notas fumadas, alguma complexidade na boca, com alguma frescura e muito boa acidez a equilibrar o conjunto. E o Moscatel de Setúbal da Casa Horácio Simões que esteve muito bem, nariz intenso, com notas de citrinos, caramelo, fresco. Na boca é envolvente, aveludado, com óptima acidez, toque de casca de tangerina, notas ligeiras de frutos secos e algumas especiarias.

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Acabou-se com uma proposta com nome cheio de humor, mas ainda assim muito bem conseguida: “o bosque visto da baixa do Porto”. Muito bom.

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Fecharam-se os trabalhos com um espumante muito especial, o Quinta dos Abibes Grande Reserva Brut Nature 2009, pleno de elegância, bolha finíssima e cordão com alguma persistência. Nariz encantador, aromas a passar pela fruta branca, algumas nozes, palha, cheio de frescura e vigor. Na boca tem um volume seguro, acidez vibrante e aromas exuberantes, seco, fumado, cremoso, final longo e sedoso.

Um belo final!

Cheers!