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Adega de Borba Garrafeira Tinto 2009

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Texto João Barbosa

As adegas cooperativas quando surgiram trouxeram preocupações com a qualidade que, à época, eram inéditas em Portugal. Por outro lado, permitiram aos agricultores obter rendimentos acima dos obtidos com as vendas a empresas de grande dimensão, muitas delas apenas armazéns onde tudo se misturava a eito.

Na década de 80, do século XX, as adegas cooperativas do Alentejo viram além e chamaram técnicos de enologia, o que lhes permitiu ter vinhos de patamar superior. João Portugal Ramos, hoje produtor independente e negócio em várias regiões, foi o primeiro (!) leading wine maker português – detesto estrangeirismos, mas aqui não encontrei melhor.

Porém, na década seguinte foram aparecendo vitivinicultores. Acreditaram na qualidade do seu vinho e que mereciam rendimentos superiores aos permitidos com as vendas a cooperativas e grandes operadores de mercado de vinho a granel, ou quase.

Tiveram a coragem de pôr a cabeça no cepo, arriscando dinheiro, trabalhando furiosamente para o sucesso, que ninguém poderia fazer por si. Alguns ficaram pelo caminho, mas muitos mais sobreviveram e o seu número sendo engordado.

O mercado – essa criatura informe que veste qualquer roupa – deslumbrou-se e castigou as adegas cooperativas. Umas vezes com justiça e outras sem razão. Penso que todas elas sofreram com o rótulo depreciativo que o «mercado» lhe colou.

Não sei toda a história da Adega Cooperativa de Borba, mas não deve ter escapado a dissabores. Não importa aqui o passado, mas o presente. Hoje esse bicho chamado «consumidor» reconhece-lhe a qualidade e marimba-se para a palavra «cooperativa».

O sucesso desta empresa não é alheio à competência de quem toma conta do campo dos associados, de quem faz os lotes na adega e de quem gere de forma moderna e competente. Tudo somado resulta numa enorme ajuda a quem tem de vender o vinho.

Há um mito – que tem muita razão de ser – que os vinhos alentejanos não têm longevidade. Há dois ou três anos provei o vinho Adega de Borba Rótulo de Cortiça 1964 (tinto – não havia branco) e estava esmigalhador.

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Vinhas in adegaborba.pt

A 24 de Abril de 1955 deu-se a fundação da Adega Cooperativa de Borba. Eram 13 os associados e hoje são cerca de 300. A terra toda somada representa cerca 2.000 hectares de vinha, sendo 70% de castas tintas.

O «consumidor» português tem teimosias – que como todas hão-de passar – e exige vinhos fresquinhos a saltar, como o peixe acabado de pescar. Isto cria situações injustas para o vinho, por conseguinte para o produtor, e para o consumidor, que não bebe vinhos que merecem tempo no momento da sua maturidade. Ouve-se, com frequência, a expressão «pedofilia vínica».

A tesouraria dos vitivinicultores e a oportunidade de despachar produto são os pretextos para que juvenis se apresentem nas prateleiras e nas cartas de vinhos. Uma casa grande, como a Adega de Borba, tem aqui uma vantagem, desde que seja bem gerida.

Criar um «garrafeira» e pô-lo à venda cinco anos depois da colheita é quase um luxo.A Adega de Borba lançou o Adega de Borba Garrafeira Tinto 2009, com denominação de origem controlada Alentejo – embora pudesse colocar a sub-região de Borba.

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Adega de Borba Garrafeira red 2009 in adegaborba.pt

Este vinho fez-se com uvas das castas alicante bouschet, aragonês e trincadeira, todas elas com raízes fincadas em solos argilo-calcários. O lote esteve um ano em barricas de carvalhos americano e francês, posteriormente dormiu por 30 meses em garrafa.

Abrir já não é «pedofilia vínica», mas penso que merece ser guardado mais um tempo. Quanto tempo? Isso é já lotaria, pois há sempre surpresas – boas ou más – com vinho arrecadado durante muitos anos. Não me comprometo, cito o conselho do enólogo: «até dez anos».

Quando me perguntam acerca da relação entre a qualidade e o preço dum vinho – ou de qualquer outra coisa – respondo que não sei. É que a importância que se dá ao dinheiro, o nível de exigência para um vinho, a disponibilidade financeira, o momento e a finalidade formam uma equação que só o próprio poderá resolver.

Por mim – esta opinião é apenas minha e de modo nenhum responde à questão da relação entre a qualidade e o preço – os vinhos da Adega de Borba são vendidos a preços cordatos e apresentam qualidade acima e valor abaixo doutros do mesmo patamar.

Os Adega de Borba Branco, Adega de Borba Branco Rosé e Adega de Borba Tinto vendem-se 2,89 euros, valor recomendado pelo produtor. Neste nível é fácil de opinar, pois o preço é mais do que acessível. Quando o visado é Adega de Borba Garrafeira Tinto 2009… é comparar com oficiais da mesma patente e escolher, de preferência com o auxílio dum responsável de garrafeira. O produtor vende-o 15,75 euros.

Contactos
LARGO GAGO COUTINHO E SACADURA CABRAL 25, APARTADO 20
7151-913 BORBA, PORTUGAL
Tel: (+351) 268 891 660
Fax: (+351) 268 891 664
Website: www.adegaborba.pt

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